31.12.10

Que seja leve

and make me smile
Esse ano vou quebrar minhas regras, não quero metas, não quero promessas, não quero fazer uma lista idealista jurando que vou cumprir todos os ítens até o próximo dezembro. Sei bem o que preciso fazer para ter um ano bom e produtivo e só quero me comprometer a não procrastinar - fora do nível saudável. Abri meus olhos para isso ao ler esse post sobre viver sem pendências. Não quero deixar nada pra depois, nem trabalhos da faculdade, nem a carteira de motorista, nem contas a pagar, nem e-mails. Só faço questão de um ano tranquilo, resolvendo meus compromissos assim que aparecerem. Que seja leve. E, de preferência, com meu primeiro carnaval de verdade, meu primeiro show internacional, minha primeira Oktober, muita leitura e sorrisos lindos.

30.12.10

Adorno nunca mais

Meu lado nerd fica contente de dizer que sim, eu fui uma aluna aplicada esse ano. Apesar de toda a procrastinação e os feriados me lamentando porque estava sozinha em Florianópolis, consegui cumprir todos meus compromissos com a faculdade, descobri que adoro diagramar, fiz uma revista que me dá orgulho, amadureci como estudante de jornalismo, mas ainda tenho tanto pra aprender. Assim que é bom, né? De quebra ainda voltei a estudar inglês, tava precisando. Também li mais, principalmente no primeiro semestre, e até parei de chegar atrasada em tantas aulas. Não fiz dança de salão, desisti logo no começo do ano, não consegui parar de tomar refrigerante, eu juro que tentei. Não conheci Floripa como eu queria, mas foi consequência de ter ficado trancada em casa escrevendo 19 páginas sobre democratização da comunicação ou lendo Adorno, Benjamin, Foucault... Mantive sim mais contato com a família, mas quanto a amigos, me parece que não tenho mais uma vida aqui em São Luís. Por fim, considerando que me matriculei na autoescola essa semana, dei o primeiro passo para aprender a dirigir e tirar minha carteira de motorista. As metas completas que fiz no início desse ano você encontra aqui.

Foi bom perceber que até cumpri o que tinha previsto pra 2010, é bom esquecer um pouco das partes ruins desses últimos meses. E, caramba, eu conheci Miami, Nova Iorque, voltei à Jamaica e agora conheci São Paulo num momento completamente Sheep na cidade grande. Andei de metrô e ônibus sozinha em Sampa, não sei como, já que em NYC só me virei com a ajuda da irmã mais velha. Arranjei meu primeiro estágio, que não foi uma grande oportunidade, mas a experiência tá valendo alguma coisa. Tive um professor maravilhoso daqueles que inspiram um mundo acadêmico. E agora moro com pessoas legais, são meus amigos. Na verdade, o ano começou muito, muito bem. Parei e pensei que era a vida que eu queria, só tinha gente que eu gostava ao meu redor. Daí tudo desabou e desabou e desabou. Só foi começar a melhorar no último segundo. 2010 foi um ano pesado.

29 de dezembro

Hoje tinha tudo pra ser um dia especial. Mas o que aconteceu foi que eu quase me decidi a mudar de vez o nome pra Luiza com zê mesmo porque sinceramente não aguento mais que errem a grafia. Fui cadastrada errada no sistema do Detran, atrasando a foto e os exames médicos, apesar de já estar assistindo às aulas teóricas torturantes. Já odeio aquele instrutor mais a que todos os professores que já odiei na vida, inclusive aquele que não me inscreveu no Enem ou o professor da revista e do jornal-mural na faculdade.

Aproveito para registrar meu novo mantra: ‎"Recentemente, o homem descobriu que a Terra é um grande ecossistema, e que aterações ambientais produzidas em um local, podem afetar todo o Planeta." Tirado da minha apostila genial da autoescola. E, honestamente, fico feliz de meu dia ter se resumido a isso hoje.

27.12.10

They are just kids

O melhor jeito de ganhar livros é quando você sabe que a pessoa entrou na livraria sem nenhum título em mente e foi passeando pelas estantes, lendo orelhas, contracapas ou páginas aleatórias até que encontrasse o certo. Uma história contada por uma poeta, cantora, artista de mil faces e até jornalista sobre a relação que teve com um fotógrafo homessexual. Ela, Patti Smith. Ele, Robert Mapplethorpe. O cenário? Nova Iorque no final dos anos 60 e início dos 70.

A leitura foi quase um lembrete da minha irmã "Não esqueça que você quer morar lá um dia!" junto com as lembrancinhas nova-iorquinas que mamãe trouxe - a mudança dela chegou lá por setembro, mas tinha que vir à São Luís receber minhas coisas.

Tanto Patti quanto Robert foram bem loucos para NYC porque queriam ser artistas. Patti vinha de uma família pobre, passou um tempo dormindo na rua e tentando arranjar algum emprego. Robert era de uma família católica bem estabelecida e foi pra lá estudar design gráfico numa boa faculdade, mas abandonou porque queria ser pintor e ponto. Assim que se conheceram, trataram de morar juntos e a longa relação deles começou. Uma relação que não pode ser simplificada como meramente romântica. Li numa crítica da Folha que nesse livro Patti declarava seu amor por Robert, isso é um absurdo. Eles se complementavam muito mais como artistas e como pessoas do que tinham essa relação amorosa forte.

Realmente nunca tinha ouvido falar de nenhum dos dois antes de ler Só garotos. Vai dizer que a tradução de Just kids não ficou pobre? Pois é, Robert Mapplethorpe foi um fotógrafo de tema homossexual e erótico, sem querer chocar o público, apenas queria transformar aquilo em arte. Gostei que ele começou com uma polaroid e se manteve nas instantâneas porque não tinha paciência pro processo de revelação. Patti Smith foi reconhecida pelas poesias, mas deu certo mesmo como cantora. Ela é uma mulher inteligente, viciada em Rimbaud, fixada em Brian Jones, que tinha certa atração por Jim Morrison do The Doors e que valorizava demais o trabalho de Robert.

O livro acaba por retratar uma época quando uma passagem de metrô em NYC custava apenas vinte centavos e que a luta em ser reconhecido como artista era muito forte. Ainda mostra personagens como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Salvador Dalí (que falou à Patti que ela parecia um corvo gótico, no hall do Hotel  Chelsea) e Andy Warhol.


Só garotos chama atenção por três aspectos: a riqueza da narrativa de Patti, mostrando cada detalhe, explicando como cada acontecimento tinha levado a outro na vida dos dois, contando histórias por trás das músicas e poemas que ela escreveu, das fotos que Robert tirou. As fotos belíssimas que estão ali no meio das páginas, às vezes ocupando uma página inteira com legenda e um espaço grande em branco, outras no meio do texto, sem explicação alguma. Isso mostra como imagens podem deixar um livro mais gracioso mesmo que ele não seja ilustrado propriamente dito. A diagramação fica muito melhor assim, ainda mais num livro de memórias. Em várias biografias, o que a gente vê são páginas num papel melhor com fotos de festa, sem graça, todas reunidas. A minha preferida foi essa da pena, acho que tirada pela irmã de Patti, Linda, numa viagem que fizeram à Paris. Por último, Só garotos impressiona pelo próprio estilo da autora. Logo nas primeiras páginas, dá pra reconhecer o talento dela em te envolver na história, te fazer amar Robert junto com ela e viver todo o clima artístico de Nova Iorque nos anos 70, principalmente.

26.12.10

Tique nervoso

Em dois anos você pode mudar de gosto musical, fazer um curso técnico, aprender uma nova língua, virar ruiva. Não fiz nada disso, mas durante os últimos dois anos eu não vi uma vez sequer uma grande amiga que foi tão próxima que nos chamávamos de grude e que me passou a minha maior mania: ficar puxando fios de cabelo um por um, isso sem arrancá-los, claro!

Ela se mudou pra Goiânia realmente do nada. Fui prestar o vestibular em Floripa e quando voltei, cadê? O que você faz quando leva o título de eleitor em vez da identidade no dia da prova mais importante da sua vida? Se muda pra capital do Goiás, onde tem família, para fazer cursinho lá. Tão óbvio. Acontece que nesse meio tempo ela já é uma futura arquiteta e nossas férias maranhenses nunca tinha coincidido. Até hoje.

O sotaque eu já percebia pelo telefone, mas o que é esse erre goiano? Inclusive o tom de voz parece que mudou, mas fica por aí. Como a futura turismóloga filosofou, de longe parecemos ter uma vida tão interessante, parecemos tão cheias de si. Quando nos reencontramos, vemos que somos as mesmas, continuamos praticamente iguais às garotas que usavam uma farda verde e repartiam club social em 2008, 2007, 2006... 2003.

Temos amigas novas, novas decepções com o sexo masculino, roupas diferentes, mas eu pelo menos continuo com a franja. Arquitetura continua assim meio castanha meio loira. Turismo ainda faz luzes. Como é estudar na PUC e morar em Goiânia? Como é a vida em Floripa? A UFMA a gente conhece... Uma vez um amigo falou que quando revia os amigos da cidade natal, só ficavam relembrando de episódios que viveram quando moravam todos no mesmo lugar. Fico feliz que depois de cinco meses, um ou dois anos, posso reencontrar amigas e ignorar se já nos apaixonamos pelo mesmo cara ou se éramos muito feias dos 13 aos 16 anos. A gente quer saber o que uma faz sem a outra.

Mentira, queria mesmo era saber se a arquiteta continuava com nosso tique nervoso. Tudo isso porque na sexta série era obrigada a sentar atrás dela todos os dias, reclamava que ela puxando os cabelos me impedia de ver o quadro e acabei com a mania também. Hoje ela deu um nome que eu nem me lembro pro nosso hábito e explicou que teve origem num trauma, de infância provavelmente. Se tive uma infância traumática eu não sei, mas a osmose fez seu trabalho muito bem.

25.12.10

O relógio da parede de vovó

Minha família tem essência feminina. Vovó teve oito netas e já tem duas bisnetas. Nossas reuniões sempre foram idênticas: brincadeiras das netas num canto, conversa das tias no outro e a presença masculina, quando tinha, era o marido de alguém. Crescemos, a maioria entrou na faculdade, as cariocas continuaram não vindo para as confraternizações de fim de ano porque era muito longe e por aqui paramos de organizar concurso de canto (na última edição, apresentei Aquarela de Toquinho) ou apresentação de dança com o bambolê do Tchan. Num certo Natal, todas ganhamos aquele bambolê colorido e desmontável do Créu dos anos 90. O que continua é a oração. Ah, a oração.

Tia Luda era católica, virou evangélica, algumas opiniões mudaram, mas a tradição é a mesma. Hoje depois da troca de presentes do amigo invisível, começou o burburinho. Será que vamos ter que segurar a fome por muito tempo? Vamos derreter na cozinha esse ano? "Olha, só vou fazer a oração porque vocês insistiram!". Leitura de uma passagem, foram dois versículos da bíblia essa vez, e sempre, sempre um discurso sobre o que estamos celebrando na data e as tendências pagãs que a festa ganhou com o tempo. Pior que ela nunca se repete, dá um jeito de passar uma mensagem diferente, mas talvez pela falta de assunto hoje ela falou pouco se comparado com martírios que já vivi, de passar trinta minutos olhando pro peru, pra farofa, pra salada e pra lasanha especial de mamãe enquanto titia fala e fala e fala.

O relógio cantante é outro que continua pendurado naquele bairro antigo da cidade. De hora em hora, canta uma música diferente e, em seguida, imita as badaladas de um relógio antigo para nos informar o tempo sem que tenhamos que olhar para ele. Com a baladinha mecânica, lembrei das tardes quentes brincando de barbie com as primas. Já meu padrasto e meu cunhado se assustaram, no meio da oração, com aquele barulho que parecia inaudível para os outros.

Temos a oração, o relógio, mas a família estava menor. A parte macapaense estava no seu devido lugar, o meio do mundo. Em compensação, batemos record de testosterona naquela cozinha. Quatro rapazes! ... e as nove mulheres. Feliz natal!

22.12.10

Amigo secreto blogueiro

Decidi participar do amigo secreto organizado pela Amanda porque ela me convenceu por twitter muita gente legal que eu já conhecia estava participando e seria legal ter a oportunidade de conhecer um pouco dos outros participantes. 

Veio o sorteio e o meu amigo invisível... bem, eu nunca tinha o visto na vida! Tentei fuçar um pouco e o blog dele não era lá muito pessoal. Fica fácil adivinhar considerando que só dois homens participaram do amigo secreto, mas tudo bem! O que eu soube dele é que era carioca, gostava de tecnologia e humor. Ou seja, nada a ver comigo. Tanto que na hora de mandar bilhetinho anônimo perguntando se ele preferia o presente X ou Y da lista que ele fez, respondeu que preferia o Z, hehe. Acabei comprando um dvd do Monty Python (who?). 



Realmente não sei quem é esse cara, o Yuri bem que podia fazer uma resenha depois para eu conhecer um pouco! ;)

Bem, quem acompanha pelo twitter sabe que eu viajei a São Paulo (post em breve!) no dia 15 e, até lá, não tinha recebido presente nenhum. Estou de falar com meus roommates se eu recebi alguma coisa, mas tá difícil encontrá-los nesse início de férias, quando souber se ganhei, o que ganhei e quem me tirou, aviso!

21.12.10

Faltou O amor que choveu

Ler meu primeiro Antonio Prata não foi algo assim espetacular porque, afinal, são várias crônicas reunidas e o que muda é que estão reunidas no papel. Hoje em dia só leio os textos dele no blog, mas já conhecia a maioria dos que foram publicados em Meio intelectual, meio de esquerda. Crônicas espetaculares, me acostumei com o estilo da escrita dele enquando lia embalada na rede na varanda do apartamento, recebendo o vento forte que indica uma chuva forte daqui a pouco e observando as nuvens não-diagramadas passando pelo céu. Fico só me perguntando se a crônica surge com a ideia ou depois de ter as conexões que surgem com a ideia inicial, como a relação da morte com ornitorrincos. Grifos feitos na Starbucks de São Paulo, todos no começo do livro:

"São sete bilhões de narradores em primeira pessoa, soltos por aí, crentes de que, se Deus existe, é conosco que virá puxar papo, qualquer dia desses. Sete bilhões de mundinhos." (Os outros)

"Eu estava calmo. O amor é calmo."
"Nós inflacionamos a felicidade."
"A única felicidade possível, acredito, é a promessa de felicidade." (Promessa)

"Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo americano e, se tiver porção de carne de sol, uma lágrima imediatamente desponta em nossos olhos, meio de canto, meio escondida."
"A cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobres estão todos de chinelo Rider e a Vejinha sempre alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e difundir o petit gateau pelos quatro cantos do globo." (Bar ruim é lindo, bicho)

"Tudo o que sabemos agora é que eu te quero, você me quer e temos todo o tempo e o espaço diante de nossos narizes para fazer disso o melhor que pudermos."
"Não temos como saber se vai dar certo - o verdadeiro encontro só se dá ao tirarmos os pés do chão -, mas a vida não tem nenhum sentido se não for para dar o salto." (O salto)

"[...] nossa visão de cidadania não é a de Rousseau - obedecer as leis que nós mesmos ajudamos a criar -, mas a de Scooby-Doo: se fizermos tudo direitinho, ganhamos um biscoito no final." (All Disney)

20.12.10

Amor sem gelo

"Olá, pessoa que eu não conheço!". Que outra frase esperar da Liliane Prata depois de chamá-la no meio do Shopping Paulista?

Fomos parar naquele shopping sem programar antes e quando estava procurando mamãe numa loja, eis que passa na minha frente Bruno Motta, humorista e muito amigo da Liliane. Ele é baixinho e parece demais com meu amigo cuiabano do Jornalismo (cuiabá é quente, mas é boa, oôoô). Foi rápido, pensei se ela não estaria com ele e me perguntei se falaria com ele se estivesse sozinho. Daí a Lili passa bem na minha frente. Bem na minha frente. O que você faz? Eu falei pausadamente - e não muito alto, porque minha voz é um pouco fraca - Li-liane Pra-ta". A mulher (vai que não era ela!) parou de costas, pensou por 5 segundos ("Será que ouvi meu nome mesmo?"), se virou, me olhou ("Quem é essa?") e falou a frase que começa esse post.

Tava nervosa e me apresentei como uma fã das antigas, da Capricho, esqueci de falar que já tinha lido livro dela, tudo bem. Conversamos sobre a gravidez dela (ela é uma gestante muito linda), que eu era uma fã de longe, sobre o irmão dela morando em Floripa e que ela tinha acabado de voltar pra lá. A Liliane foi uma querida que agradeceu por ter ido falar com ela. Sei lá, eu ficaria feliz com uma aleatória maranhense vindo falar comigo, mostra que nos confins do Brasil ela é lida também. Afinal, o livro dela (O Diário de Débora, há muitos anos), li em Macapá, era da minha prima. O auge da simpatia foi ela dizendo que era uma pena que o marido dela - o famoso Marcos dos tweets e textos do blog - não estava ali naquele momento para eu conhecê-lo. No fim, não consegui pensar em tirar a câmera da bolsa e pedir uma foto, quando vi estávamos nos despedindo. E fiquei dando voltas naquela parte do shopping até digerir mentalmente o que tinha acontecido. Imagino o Bruno Motta e quem mais estivesse com ela fazendo brincadeirinhas sobre a Liliane ser famosinha e ter das fãs que abordam.

Um outro livro dela é uma boa pedida pra ganhar de Natal agora que conheço ao vivo a voz dela! Uma bebida e um amor sem gelo, por favor?

18.12.10

Fugir pra Vila Madalena

Além de viver inúmeras experiências antropológicas aqui, Sampa está me deixando uma mulher independente e autossuficiente. Anteontem conversava com a Anna, pedindo sugestões do que fazer aqui para complementar meu itinerário já imaginado. Papo vai, papo vem, é claro que o assunto acabou caindo no nosso estimado Antonio Prata. Já que ficar aleatória em Perdizes esperando um nerd de óculos aparecer é stalker demais até pra mim, resolvi conhecer a Mercearia São Pedro, bar, restaurante, locadora, sebo e loja de conveniência, frequentada por caras meio intelectuais, meio de esquerda e que inspirou uma crônica antiga do Antonio que não é Bar ruim é lindo. Se duvidar é da época que a Capricho tinha aquele projeto gráfico super colorido, com frases de efeito (algumas delas) e colunas do Marcon Mion e Dinho Ouro Preto.

Santo google maps. Saí do Parque Ibirapuera (Qual meu problema com parques? Sempre me perco neles) de ônibus, peguei metrô e caí na Vila Madalena. Direita na Heitor Penteado, passar pela praça Baronesa Bocaína, direita na João Moura, direita na Luminárias, esquerda na Paulistânia, direita na Iperó (baita ladeira), passar peça praça Haroldo Valadão e, tcharãm, Mercearia. Considerando que não sou um meio intelectual meio de esquerda, nem uma universitária gostosa e nem pobre que usa chinelo de couro, era uma estranha naquele lugar. Vestido florido, meia-calça preta num calor que não deveria ter me afetado tanto e guarda-chuva na bolsa (trauma de Floripa fica pra sempre). Na estante/locadora, só reparei em Guerra em Paz e Closer. Todos os livros do sebo eram caros. Vi um Chabadabadá, um Vida de Gato, vários Gay Talese, nenhum Antonio Prata. Sentei, tirei o moleskine da bolsa e descrevia o lugar enquanto tomava uma Bohemia e ouvia a conversa da mesa ao lado. 

A Mercearia é o bar ruim autêntico do Antonio. Depois de ficar famosinho por causa do público intelectual esquerdinha e das universitárias gostosas (não que eu tenha visto alguma por lá), deve ter aumentado preços e as melhorias de estrutura foram mínimas. A loja de conveniência é uma bagunça, praticamente só vi uns miojos jogados ao lado dos livros. Mas aposto que os tampos das mesas de antigamente não eram inspirados na pop arte e faziam referências a Pulp Fiction, O Iluminado, Darth Vader, Bombril, papel higiênio Neve. 

Depois da Bohemia (mesmo sendo apenas uma long neck), paguei minha conta (uau) e tive coragem de perguntar sobre o livro com crônicas inspiradas na Mercearia. Tem texto do Antonio, do Xico, da Clarah e de aleatórios, mas não tem mais nenhum exemplar à venda lá. Que vergonha. A pessoa sai do Maranhão disposta a pagar 20 pila num livro sobre um bar que visitou apenas uma vez e nem consegue. 

13.12.10

Sentimental heart

Demorei pra assistir Harry Potter and the Deathly Hallows porque aparentemente fiz amigos que não curtem o Dan Radcliffe com uma cicatriz torta na testa e decidi que veria hoje, provavelmente pra fugir do pseudo-temporal que caía em Floripa. Sabia que meu guarda-chuva de nove reais não chegaria vivo em casa com todo aquele vento. Foi meu segundo momento da vida sozinha no cinema (o primeiro foi em Jean Charles) e essa experiência só fica melhor. Ri alto, quase chorei milhares de vezes e passei várias cenas com as mãos tapando a boca bem desesperada. Melhor estar sozinha mesmo. Era eu e meus amigos de infância Harry, Ron e Hermione. Eu e J. K. Rowling, a primeira das muitas mulheres que admirei na vida, conversando através de seus livros.


Desculpa Dan Radcliffe (mesmo com barba por fazer em várias cenas e tirando a roupa pra mergulhar no lago congelado), Gui Weasley (que finalmente deu as caras para as fãs e, amigo, vem cá que a Fleur/namoradinha santa do Chuck Bass não tem graça nenhuma perto desse charme nordestino) e Gêmeos, mas o queridinho do filme é o Dobby. Foi com ele que eu dei as risadas mais gostosas e que eu cheguei mais perto de chorar. O bom de assistir ao filme depois de tanto tempo depois de ler o livro é que eu me esqueço de vários detalhes da história (Dobby salva todo mundo e morre em seguida? Mesmo? Maldita Belatrix, as always), mas ela tá ali na minha memória e vai se soltando no meu cérebro aos poucos. É bom também ficar revivendo as histórias passadas, lembrando do medo de aranha do Ron antes dele destruir aquela horcrux, reparando nos sapatos do Dobby para lembrar de quando ele virou um elfo livre, saber a maioria dos feitiços, sem contar aquele pomo de ouro que fica me fazendo voltar ao começo da história o tempo inteiro. 

A dancinha do Harry com a Hermione ganhou meu coração. Foi o momento mais sentimental heart. Já fui convencida pela própria J.K. que Mione e Ron formam o par perfeito (e a Gina estar mais mulher nesse filme nos faz deixá-la ficar com o Harry), mas meu sonho sempre, sempre foi ver o casal Harry/Hermione. Aquela dança bastou pelo menos pra mim, tive meu desejo realizado pelo menos por uns 40 segundos. 

O filme terminou num momento bem propício porque deixou a morte do Dobby com o peso que merecia e não deixou nada tão mal-resolvido assim. Desci as escadas rápido incentivada pelos companheiros de fileira e fiquei completamente perdida. Corri pra Saraiva, não achei os Harry Potter na seção infanto-juvenil (where the hell eles estão? Percebi também que Mario Vargas Llosa já voltou pra estante de baixo) e tive que recorrer ao livro 7 em inglês que eu sempre vejo na seção dos estrangeiros. Li umas frases aleatórias até me acalmar, coisa que só aconteceu aqui perto de casa, ouvindo Bob Dylan ou Regina Spektor. Tenso foi subir as escadas de casa ouvindo Hero. Faltou só se materializar uma tela mostrando my expectations e my reality. Não adianta, nem depois de um filme que mexeu comigo como esse Harry Potter eu esqueço de 500 days.

11.12.10

Mil vezes a mesma música

Mixtapes começaram a ficar próximas de mim com a Irena, mas eu nem me arriscava a pensar em fazer uma porque minha cultura musical é bem, bem restrita e eu acabaria colocando sempre as mesmas músicas em mixtapes com temas diferentes. Mas aí veio a Anna com sua mixtape realmente aleatória e eu percebi que era a minha deixa para fazer a mixtape que eu sempre quis fazer com as músicas que vivem no repeat aqui no meu media player.




Tentei organizar as músicas numa certa ordem cronológica, mas a minha memória nunca ia me ajudar a saber se eu cantarolava às cinco e meia da manhã (e eu vou sair, talvez te encontrar) antes de me intitular uma pagu indignada no palanque (nem toda feiticeira é corcunda, nem toda brasileira é bunda). As nacionais acabaram separadas das internacionais. O resultado dessa mixtape é um resumo tão objetivo de mim que eu me sinto expondo toda minha personalidade, mas, felizmente, os arquivos não carregam minhas memórias. 

Curiosidades
1. Descobri que simplesmente não tinha mais All star no meu notebook. Não sei como isso foi acontecer.
2. French navy é o meu despertador há, sei lá, um mês e eu ainda amo a música. Defina loucura. Ah, ouvi essa música pela primeira vez na mixtape #1 da Irena
3. Cachaça é o meu toque de celular e, mesmo escutando essa mixtape, acho que tem alguém me ligando.

Espero que as referências que tentei colocar na capa e contracapa não tenham ficado bregas ou bizarras. São bem fáceis pra quem conhece essas músicas.

10.12.10

Summer bitch

"What always happens... life."
Ontem assisti mais uma vez a 500 days of summer (quanto mais eu gosto de um filme, mais uso o ttítulo original). Coincidiu que o meu dia foi meio Summer, não que eu tenha dado o fora num arquiteto fracassado/tentando ser promissor quando rejeitava relacionamentos fortes e logo depois aceitar casar com um loiro aguado que não tem cara de quem se interessaria de verdade se a garota estava lendo Dorian Gray ou não. E depois de ouvir uns três "você não precisa sentir peso na consciência", me pergunto se a Summer ao menos se sentiu mal com o que fez com o Tom. Sabe, ele não tem culpa de se apaixonar por uma mulher bonita e interessante. E, infelizmente, nosso mocinho não sabia da maldição de The Graduate (assista com o namorado e perca o amado em XXX dias).

Por mais que eu sempre entenda esse filme de uma maneira diferente, isso acontece porque obviamente o uso para tentar entender minha própria vida, continua um dos meus favoritos. Já estou assistindo sem legenda, decorando falas e sorrisos.

Só não peço para saber o que acontece com a Summer e o noivo porque só ficaria revoltada. Ele nunca estaria à altura. O que ele faz da vida? Mas, as perguntas mais pertinentes são: Por que raios a Summer convidou o Tom para aquela festa? Bitch! Por que ela não contou que estava noiva? Bitch! Covarde! Por que ela roubou o lugar preferido dele? Bitch! E, por último, por que raios falou a pior frase do mundo para um cara que te amou demais num lugar especial para ele?

- I just woke up one day and I knew.
- Knew what?
- What I was never sure of with you" BITCH!

Claro que eu assisto a esse filme pensando em The Graduate, mas vai dizer que esse enquadramento não te lembra Benjamin e Mrs. Robinson?
E, depois de todas as lágrimas que, não, não derramo assistindo a esse filme, vale assistir ao remake de uma cena de Sid & Nancy com dose de 500 days.



I'm still your best friend, though.

8.12.10

Hiperatividade

Cinema polonês, ou melhor, um sobrenome polonês. Várias amizades que foram ficando pelo caminho. Hoje eu percebi que aquela retrospectiva feliz que eu tava planejando escrever não tem sentido. O ano teve uns pontos bons bem fortes, mas nada que justifique esquecer todo o lado ruim. Daí o download de 500 days of summer terminou e eu vi algumas cenas. Não achei aquela parte que cita The Graduate na narração, só quando o casal assiste ao filme no cinema (meu sonho), a Summer sai chorando e acontece tudo aquilo. Minha noite começou a ficar tensa com isso, fiquei hiperativa e toda a minha turma está surtada com o jornal-laboratório que ia pra gráfica hoje, mas descobrimos que 1/4 dele estava diagramado no tamanho de página errado. Contei minha vida em 10 minutos pra melhor amiga maranhense e a daqui me disse que eu tava parecendo bêbada. Só me resta ler um pouco de Isabel Allende pra tentar assentar as ideias.

7.12.10

Disturbing the sound of silence

And in naked light I saw
two thousand people, maybe more.
People talking without speaking,
people hearing without listening.
People writing songs that voices neve share.

Semestre acabou (ignoremos o infográfico que vou apresentar amanhã e provavelmente terei várias correções para fazer) e só hoje vim mudar a cara do blog e voltar a dar as caras.

Meu início de férias se resume a alguns flashs. Chegar em casa e não saber o que fazer. Ir na BU pegar livros de literatura e sair de lá com De amor e de sombra da Isabel Allende (romance entre jornalistas é o que eu quero ler agora) e um aleatório com fotos bonitas do Maranhão. Isso depois de ler - de verdade - a minha primeira poesia de Ferreira Gullar, shame on me. Balada na sexta-feira tocando não só Lisztomania, como Bring me to life (???), sendo que Evanescence era minha banda preferida aos catorze anos, e Superafim, lá pelos dezesseis eu escutava Cansei de Ser Sexy. Festa do curso, churrasco de aniversário, ops, não parei o final de semana em casa. "Acha que tá na hora de tirar minha barba?".

Isso porque constatei na última semana que minha música preferida da trilha sonora de The Graduate é The Sound of Silence e não Mrs. Robinson, apesar de ser a personagem que mais gosto. Daí o filme volta a ser tema do blog e eu prometo que nessas férias assisto pela terceira vez. Sozinha dessa vez, sabe como é.


p.s.: Como eu nunca tinha achado essa imagem antes?