28.5.11

Um dia ela vai sair de cena

Nina Lemos, jornalista da revista TPM, veio para a 9ª Semana do Jornalismo no ano passado. Antes disso, não conhecia os textos dela. Não curti muito o 02 Neurônio, mas fui babysitter dela no evento. Ela era muito fechada e o máximo que fizemos juntas foi procurar o blackberry dela na padaria perto do hotel. Hoje me surpreendi com uma reportagem da revista e só depois vi que era da Nina. E aí eu entendi porque ela é tão reconhecida.

"Não grita comigo!" fala sobre agressões que as mulheres se acostumam a sofrer nos relacionamentos. Não só apanhar, sabe. Mas tolerar gritos, vozes mais altas, xingamentos, falta de educação. A parte que fala sobre a razão das mulheres não caírem fora faz muito sentido. A gente continua para testar nossos limites, às vezes responde na mesma moeda e testa os limites deles também. Esse é o tipo de texto que toda mulher tem que ficar lembrando quando começa a estabilizar um relacionamento. Por mais que eu ache que a gente só se toque sobre esse tipo de coisa depois de passar pela experiência. E, uma vez sendo tratada mal, desmerecida e todo o resto, é para nunca mais.

24.5.11

E os olhos cheios de mágoa então

Para ouvir: http://www.youtube.com/watch?v=rYEDA3JcQqw&feature=player_embedded#at=101

Atordoada ela se foi. Gritos no banheiro de um pub baladado. Gritos que disputavam com o volume excessivamente alto da banda que tocava há pouco tempo. Uma frase, não, a frase que ela não queria escutar. Desistiu de tentar mais uma vez. Tirou forças não sabe de onde, deu um esbarrão. De propósito, também não sabe o porquê. Saiu apressada desviando das mesas, lugar apertado. Só queria sair dali. Tentam impedí-la, ela só tem vontade de gritar. Gritar a angústia, tira essa amargura do meu peito, gritar para a rua inteira ouvir, gritar para sua voz chegar doutro lado da ponte. Não grita, apenas fala alto. Quer sair dali a qualquer custo, me solta, me deixa ir. Fica livre. Não da amargura, nem da angústia. Encontra a noite, um princípio de vento sul adiantando que o outono acaba em breve. Celular na mão. Não ia ser estúpida de quebrar outro celular por raiva. A coincidência é que a mesma pessoa causaria o incidente. E fazer o que agora? Dá alguns passos cambaleantes, nem estava bêbada. Lembrou que estava de salto alto, um scarpin coral que pouco correspondia com o que estava sentindo. Tirou os sapatos, ainda sem entender o que estava fazendo. Quando deu por si, corria. Corria como não o fazia há bons anos, talvez desde a época que brincava de pega-pega. E, talvez, fosse normal encontrá-la correndo, ali na Beira-mar, se não fosse o scarpin na mão, a maquiagem pesada e a saia de cintura alta. Noite. Beira-mar quase deserta. Atravessou três ou quatros ruas transversais sem olhar para os lados, sem se preocupar se o sinal estava fechado ou não. Acreditava no semáforo. Desistiu de atravessar a própria Beira-mar e suas quatro pistas em cada sentido com a mesma rapidez que desistiu de jogar o celular no chão. Adrenalina, se perguntava o que os porteiros dos prédios caréssimos estariam pensando, foda-se, continuava. Nunca se sentiu tão viva, nunca sentiu tanto. Tanto que o peito começou a arfar. Não era cansaço. Apesar do sedentarismo. Era o choro descendo pela primeira vez na noite. Era o choro engolido há quase uma semana. Chegou no ponto de ônibus e sentou. Chorou. Chorou sozinha. Não conseguiu xingar os idiotas e possivelmente bêbados que passaram de carro fazendo gracinha. Gritou no meio da rua, esperniou, chorou até molhar a blusa branca. Nunca tinha passado por uma crise nervosa.

23.5.11

16 semanas


Faltam exatas 16 semanas para começar a 10ª Semana do Jornalismo, evento criado em 2000 pelos estudantes de Jornalismo da UFSC e que deixou de acontecer em dois anos por causa de greves. Tradicionalmente é o pessoal da quinta fase que guia a organização do evento e vocês lembram quem está cursando esse período, né? Ano passado já tinha me envolvido, fazendo contato com os ministrantes dos minicursos e tomando conta dessa parte da infraestrutura. Agora esse envolvimento é muito maior, tem que coordenar, pensar no patrocínio, na programação, nos convidados, bem tranquilo pra quem não tem uma minutinho livre no horário comercial. 

Ainda não temos nenhum convidado confirmado. Já fizemos uma webconferência com o Marcelo Tas, que atingiu mais de 1500 visualizações. O Tas veio na 7ª Semana do Jor em 2008, ainda era vestibulanda e era o primeiro ano do CQC. Queremos fazer mais webs com convidados legais que já participaram das outras semanas, uma das maneiras que pensamos para reinventar o evento e comemorar a décima edição. 

O que você(eu) faz(faço) quando está organizando uma semana acadêmica:

1) Tentar projetar a voz para que as pessoas te escutem nas reuniões semanais e ainda ter que fazer a ata.

2) Pensar em temas interessantes e procurar possíveis convidados que possam encher o auditório.

3) Ajudar na elaboração da identidade visual sem entender bulhufas de design.

4) Pensar em 1001 maneiras de arrecadar dinheiro e implorar patrocínios.

5) Numerar rifas de madrugada.

6) Dançar com uma máscara de Patrícia Poeta/Bonner/Fátima/Tiago Leifert/Cacau Menezes na fila do Restaurante Universitário para divulgar a festa Boa Noite!, também para arrecadar dinheiro...

7) Mandar um e-mail super querido pro Antonio Prata, convidando-o para uma palestra, e receber um não porque ele até hoje não terminou o livro da coleção Amores Expressos e precisa se dedicar a dois projetos.

8) Passar boa parte do domingo editando um vídeo de divulgação da mesma festa Boa Noite! e ele não ficar como você queria.

9) Trocar uns dez e-mails por dia sobre o assunto, imagina quando chegar mais perto do evento.

10) Delegar tarefas, a pior parte. Dá vontade de fazer tudo sozinha, mas né?!

14.5.11

Praia da Joaquina 23/04

 











Learning to live

Ou o que aprendi morando sozinha em Floripa

1) Faxina não tem hora para ser feita. Acabei de limpar as áreas comuns de um apê de três quartos e minha suíte às 1h38. Um adendo: Visita dos pais é um bom incentivo para fazer uma limpeza caprichada.

2) Lasanha congelada realmente engorda.

3) Cozinhar macarrão com molho bolonhesa de blusa branca não é uma boa ideia.

4) Lavar banheiro tem seu lado bom, enquanto limpar sapatos é só desgastante. Lavar louça continua sendo legal quando não está frio.

5) Strogonoff semi-pronto é bem digerível.

6) Steak de frango + queijo + molho de tomate = frango à parmeggiana.

7) Máquina de lavar é deus. Isso você entende depois de passar um mês lavando suas roupas todas na mão.

8) NUNCA deixe o fio do ferro de passar no seu caminho. Já tropecei e ele caiu - ainda quente - no meu braço. Não foi interessante.

9) Não passar roupa com sono. Queimei meu dedo outro dia...

10) O Habib's não entrega no meu bairro, mas o Ragazzo sim e oferece bibsfiha's, beirutes e quibes.

13.5.11

Aprochegue-se

Be cool. Algumas pessoas de Floripa têm a mania de dizer isso. E eu tenho pensado: be cool, Luisa, vai ficar tudo bem... Quer dizer, tudo está bem. Esse é o semestre com as disciplinas mais legais que você já teve, você consegue olhar para trás e perceber o quanto evoluiu nesses dois anos de faculdade, você gosta do seu curso, você tem amigos de verdade, sua mãe vem te visitar nesse final de semana. Sua aula de Redação V, apelidada carinhosamente de “cinco” pelo professor, foi sobre crônica. O Antonio Prata foi citado durante a manhã inteira como maior representante dos cronistas contemporâneos. Seu trabalho final dessa disciplina consiste numa crítica sobre o livro De amor e de sombra da Isabel Allende e você ainda está participando da concepção do projeto gráfico a ser utilizado na revista-laboratório. No mais, podia completar sobre como estou finalmente aprendendo o que é telejornalismo depois que meus preconceitos caíram. Ou como teoria da comunicação continua sendo um desafio bom. Ou ainda que tenho caminhado para entender economia. Só que chega o momento que você se rende. Vem cá, melancolia, me dá um abraço. Vamos conversar...

7.5.11

Hey, Dustin Hoffman, are you trying to seduce me?

Tiro duas conclusões toda vez que visito a Saraiva do Iguatemi: sou pobre e burra. Ainda assim, continuo frequentando, não tem lugar mais confortável que uma livraria. É claro que gosto de conhecer livros novos, dar uma olhada naquelas edições estrangeiras, inclusive já percebi que as herdadas da Siciliano são as mais bonitas e interessantes. Mas o que mais gosto de fazer é ali dentro é buscar meus autores favoritos. A Isabel Allende está sempre no mesmo lugar, mas os volumes mudam. Hoje A Casa dos Espíritos estava em destaque como se fosse um lançamento, sendo que é o primeiro livro da autora. No lugar reservado da chilena, Zorro e uma coleção sobrenatural que nunca me interessou muito. García Marquez mudou de casa, mas as Putas Tristes estavam ali, perto de uma capa muito charmosinha de Cem anos de solidão. Não consigo lembrar se já tinha visto algum Prata na casa. Tirando aquele dia do lançamento de Os viúvos, quando ganhei minha dedicatória. Primeiro achei Meio intelectual, meio de esquerda. No susto, encontrei um do Prata pai: Diário de um magro. Aí sim pude conhecer coisas novas e fiquei bem interessada pelo livro 3.096, sobre a austríaca Natascha Kampusch que foi mantida em cativeiro por oito anos. Essa história sempre me abalou demais.

Magia das coisas

Quando quero muito muito uma obra, ela cria uma áurea em torno de si que só Walter Benjamin explica. Então eu fico automaticamente proibida de comprá-la pela internet ou chegar numa livraria poderosa e perguntar se ela está a venda ali. Por isso eu nunca comprei o dvd A primeira noite de um homem. Pode ser besteira, mas faz sentido. Sem contar o frisson positivo de ficar procurando a tal obra alucinadamente e ao não achá-la, pensar que não era o dia em vez de ficar decepcionada. Foi por isso que a Luiza Terpins que perguntou para mim se tinha A primeira noite de um homem na Livraria Cultura "Culturona" de São Paulo. O destino não me deixou trapacear, lá tinha acabado.


Mas a minha maior busca foi com o livro Malu de bicicleta. Eu não queria ler, eu QUERIA ler. Vocês não têm ideia da quantidade de livrarias que eu entrei e procurei o livro. Inclusive em Sampa. Nadinha. Fui obrigada a perguntar aos atendentes na maioria das vezes - disfarçando com "Quais livros do Rubens Paiva vocês têm?" -, mas era impossível. Sempre esgotado. Acabou sendo a primeira e única vez que comprei na Estante Virtual.

Seu lindo, posso te atropelar também?
Adivinhem qual livro achei hoje na Saraiva antes mesmo de encontrar os Prata? Fui atropelada pela Malu, pelo destino, sei lá. Ele estava ali. Tudo bem que o filme passou no cinema outro dia, mas nem entrou no circuito comercial de Floripa, tive que ir ao cinema pseudocult daqui (filme terrível, só vale pelo Marcelo Serrado). E, bem, se eu tinha achado a Malu, por que Mrs. Robinson se esconderia de mim? Corri pros dvds clássicos, nada. Drama/romance: também não. E aí eu achei Kramer vs Kramer. Filme antiguinho que não só tem o Dustin Hoffman e a Meryl Streep no elenco, mas eles são um casal! 17 reais. Um porém... Como eu ia sair dali sem ao menos saber se o Ben tava me olhando de soslaio, ali na esquina da estante?! Ou dentro de seu conversível vermelho, como fez quando E(ca)laine estava voltando para Berkeley?! Perguntei pro vendedor. Torci para que estivesse esgotado, queria manter a magia. Não estava. Não achei na estante, ia desistir, ele veio me ajudar, recorreu à gaveta de estoque. Lá estava ele. Meu dvd de A primeira noite de um homem. Levei os dois. Por essa eu não esperava no final de uma semana tão cansativa.

1.5.11

Creative commons: não se aplica

Minha cintura não é de domínio público. Poderia postar só essa frase, mas vou explicar.

Sou chata e reclamona. No meio de alguma festa, sempre vivo aquele momento parem de me apertar, preciso de espaço! parem de ficar passeando pela balada! você aí que vem de salto só pra pisar nos pés alheios, te odeio!. Mas quem pagou e está ali pra se divertir, facilmente releva. O que não dá pra aguentar são os caras que acham que vão ficar com você porque enlaçaram sua cintura. Do tipo: UAU, ele me abraçou, nem olhei na cara dele, mas vou pegar! No dia que isso funcionar para você e 1) não for no carnaval 2) a guria não estiver caindo de bêbada, me avisa que vou estudar o caso antropologicamente.

Não sei se estão ensinando esse método para os garotos na escola (vai que eles assistem a alguma aula secreta) ou se é simplesmente um cartaz mentiroso no banheiro masculino aconselhando que isso funciona. Só sei que esse contato físico é dispensável e que não é porque estou dançando e feliz que minha cintura é de domínio público.