25.9.11

Em tempo, aniversariando

No dia 10 de setembro o And make me smile completou o seu quarto aniversário. Muita coisa aconteceu durante esse tempo. Descobriram o pré-sal no Brasil; Michael Jackson morreu; a dupla Sandy e Junior se separou; Romário se igualou a Pelé e fez 1000 gols; o Orkut deixou de mainstream e perdeu lugar para o Facebook; o primeiro presidente negro foi eleito nos EUA; a primeira presidente mulher foi eleita no Brasil; Amy Winehouse morreu; Gripe Suína assolou o mundo; Tiririca foi o deputado federal mais votado do país; Steve Jobs deixou a presidência da Apple; Bill Gates não é mais o homem mais rico do mundo; ocorreu terremoto no Haiti; outro terremoto aconteceu no Japão; STF aprovou a união homoafetiva; STF dispensou o diploma para exercer a profissão de jornalista; Osama Bin Laden foi morto; José Saramago morreu e o Oscar Niemayer ainda está vivo.

Durante esse tempo, eu passei de estudante pré-vestibulanda, neurótica com os estudos, para estudante de Jornalismo. Olhando para trás, eu não apenas amadureci a minha escrita, mas minhas ideias. Da despretensão dos textos dos velhos tempos, para um compromisso maior com a escrita. Compromisso também pode ser lido e interpretado como um manejo melhor com as palavras. Não sei se adquiri isso com a vida, com as leituras que fiz ou com a faculdade. É bem provável que tem sido com essas três opções. Os textos antigos têm uma nostalgia com cadência tão fofa e tão menina-com-trancinhas. Não, eu nem usava trancinhas. Os textos mais recentes têm um tom mais independente e sabor saudades Guaraná Jesus.

Conheci Zooey Deschanel e me tornei sua fã, apesar de ouvir frequentemente das pessoas a minha a volta que ela é do tipo blasé e sem sal. Li mais livros da Isabel Allende, o que tornou o meu interesse pela América Latina cada vez maior. Perdi mais voos de avião e descobri que esse dom é genético. Não gostei da Reforma Ortográfica, embora tenha me rendido a ela. Afinal, serei jornalista, não posso desprezar a minha matéria-prima. Pela primeira vez, participei do Horário de Verão.

Foram temas dos meus textos: palestras que assisti, livros que li, filmes que vi, o meu cotidiano na faculdade, as minhas impressões do mundo a minha a volta, alguns momentos de pura arrilia, Maranhão, encanto e desilusão com o meu curso, alguns micos... O blog, além de ser o registro disso tudo, foi a fonte de novas amizades. Algumas eu conheci pessoalmente. Mas todas elas fazem parte diretamente da minha vida. Ora, eu me vejo lembrando de textos de vocês, ora me recordo da atenção que você me dão e dos comentários que deixam aqui. Com vocês têm mais graça comemorar aniversário e fazer essa retrospectiva.

8.9.11

Gregor

Há três anos, era obrigada a levantar cedo, colocar um uniforme verde e assistir aulas sobre platelmintos. Hoje tenho Kafka como leitura obrigatória. Isso sim é subir na vida.


Fico me perguntando se só eu imaginava que um dia Gregor acordava como um inseto e vivia como se nada tivesse mudado. Afinal, é assim que o livro começa:

"Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregor Samsa deu por si na cama transformado num gigantesco inseto"

Não é o que acontece. Ele nem consegue se levantar, porque deixou de ser bípede e agora tem inúmeras perninhas. Também é óbvio que não continua a ir trabalhar.

Talvez seja meio trapaceira por ter terminado o livro depois da aula sobre Kafka, mas me identifico profundamente com o Gregor. Quem nunca acordou depois do horário e ficou se julgando pelo atraso, se martirizando ao mesmo tempo em que não sentia a menor vontade de levantar e começar o dia dali? Quem não a mesma dificuldade de Gregor para ficar de pé (ele acordou como um inseto emborcado), mas não era uma dificuldade física e sim psicológica? Quem nunca cansou da vida que estava levando e desejou acordar como um besouro gigante para ter razão em ficar em casa?

Kafka faz descrições geniais e fico me perguntando quantos besouros, baratas e afins ele observou para escrever esse livro. Nunca gostei tanto de um inseto.

5.9.11

Aqui não é casa dos espíritos

Enrolada nos meus cobertores quentinhos, dormia virada para parede quando senti um braço me empurrando e ouvi um sonoro "PSIU". Abri os olhos e vi alguém no banheiro, que fica em frente a minha cama. Pisquei e não tinha mais ninguém. Já sonhei com morcegos cortantes na Litorânea, em São Luís e que o Hélio Flandres era convidado da Semana do Jornalismo, mas esse pesadelo me deixou impressionada. E outra: era pesadelo?

Já li Zíbia Gasparetto, já fui numa sessão espírita, mas não me sinto muito bem falando sobre isso. Inclusive tenho medo de escrever esse texto antes de dormir. Os livros de Isabel Allende são recheados de mulheres que podem prever o futuro, entortar colheres e fazer dançar o açucareiro. Sem contar os espíritos que aparecem em sonhos (!). A clarividência dá um charme para A Casa dos Espíritos, Paula, De amor e de sombra e outras obras da chilena. Gosto de ler essas histórias. Não gosto de sentir presenças ou aparições-relâmpago no meu banheiro. Não quero ter nada de Clara, Evangelina ou da própria Isabel. Pode ser?