31.12.10

Que seja leve

and make me smile
Esse ano vou quebrar minhas regras, não quero metas, não quero promessas, não quero fazer uma lista idealista jurando que vou cumprir todos os ítens até o próximo dezembro. Sei bem o que preciso fazer para ter um ano bom e produtivo e só quero me comprometer a não procrastinar - fora do nível saudável. Abri meus olhos para isso ao ler esse post sobre viver sem pendências. Não quero deixar nada pra depois, nem trabalhos da faculdade, nem a carteira de motorista, nem contas a pagar, nem e-mails. Só faço questão de um ano tranquilo, resolvendo meus compromissos assim que aparecerem. Que seja leve. E, de preferência, com meu primeiro carnaval de verdade, meu primeiro show internacional, minha primeira Oktober, muita leitura e sorrisos lindos.

30.12.10

Adorno nunca mais

Meu lado nerd fica contente de dizer que sim, eu fui uma aluna aplicada esse ano. Apesar de toda a procrastinação e os feriados me lamentando porque estava sozinha em Florianópolis, consegui cumprir todos meus compromissos com a faculdade, descobri que adoro diagramar, fiz uma revista que me dá orgulho, amadureci como estudante de jornalismo, mas ainda tenho tanto pra aprender. Assim que é bom, né? De quebra ainda voltei a estudar inglês, tava precisando. Também li mais, principalmente no primeiro semestre, e até parei de chegar atrasada em tantas aulas. Não fiz dança de salão, desisti logo no começo do ano, não consegui parar de tomar refrigerante, eu juro que tentei. Não conheci Floripa como eu queria, mas foi consequência de ter ficado trancada em casa escrevendo 19 páginas sobre democratização da comunicação ou lendo Adorno, Benjamin, Foucault... Mantive sim mais contato com a família, mas quanto a amigos, me parece que não tenho mais uma vida aqui em São Luís. Por fim, considerando que me matriculei na autoescola essa semana, dei o primeiro passo para aprender a dirigir e tirar minha carteira de motorista. As metas completas que fiz no início desse ano você encontra aqui.

Foi bom perceber que até cumpri o que tinha previsto pra 2010, é bom esquecer um pouco das partes ruins desses últimos meses. E, caramba, eu conheci Miami, Nova Iorque, voltei à Jamaica e agora conheci São Paulo num momento completamente Sheep na cidade grande. Andei de metrô e ônibus sozinha em Sampa, não sei como, já que em NYC só me virei com a ajuda da irmã mais velha. Arranjei meu primeiro estágio, que não foi uma grande oportunidade, mas a experiência tá valendo alguma coisa. Tive um professor maravilhoso daqueles que inspiram um mundo acadêmico. E agora moro com pessoas legais, são meus amigos. Na verdade, o ano começou muito, muito bem. Parei e pensei que era a vida que eu queria, só tinha gente que eu gostava ao meu redor. Daí tudo desabou e desabou e desabou. Só foi começar a melhorar no último segundo. 2010 foi um ano pesado.

29 de dezembro

Hoje tinha tudo pra ser um dia especial. Mas o que aconteceu foi que eu quase me decidi a mudar de vez o nome pra Luiza com zê mesmo porque sinceramente não aguento mais que errem a grafia. Fui cadastrada errada no sistema do Detran, atrasando a foto e os exames médicos, apesar de já estar assistindo às aulas teóricas torturantes. Já odeio aquele instrutor mais a que todos os professores que já odiei na vida, inclusive aquele que não me inscreveu no Enem ou o professor da revista e do jornal-mural na faculdade.

Aproveito para registrar meu novo mantra: ‎"Recentemente, o homem descobriu que a Terra é um grande ecossistema, e que aterações ambientais produzidas em um local, podem afetar todo o Planeta." Tirado da minha apostila genial da autoescola. E, honestamente, fico feliz de meu dia ter se resumido a isso hoje.

27.12.10

They are just kids

O melhor jeito de ganhar livros é quando você sabe que a pessoa entrou na livraria sem nenhum título em mente e foi passeando pelas estantes, lendo orelhas, contracapas ou páginas aleatórias até que encontrasse o certo. Uma história contada por uma poeta, cantora, artista de mil faces e até jornalista sobre a relação que teve com um fotógrafo homessexual. Ela, Patti Smith. Ele, Robert Mapplethorpe. O cenário? Nova Iorque no final dos anos 60 e início dos 70.

A leitura foi quase um lembrete da minha irmã "Não esqueça que você quer morar lá um dia!" junto com as lembrancinhas nova-iorquinas que mamãe trouxe - a mudança dela chegou lá por setembro, mas tinha que vir à São Luís receber minhas coisas.

Tanto Patti quanto Robert foram bem loucos para NYC porque queriam ser artistas. Patti vinha de uma família pobre, passou um tempo dormindo na rua e tentando arranjar algum emprego. Robert era de uma família católica bem estabelecida e foi pra lá estudar design gráfico numa boa faculdade, mas abandonou porque queria ser pintor e ponto. Assim que se conheceram, trataram de morar juntos e a longa relação deles começou. Uma relação que não pode ser simplificada como meramente romântica. Li numa crítica da Folha que nesse livro Patti declarava seu amor por Robert, isso é um absurdo. Eles se complementavam muito mais como artistas e como pessoas do que tinham essa relação amorosa forte.

Realmente nunca tinha ouvido falar de nenhum dos dois antes de ler Só garotos. Vai dizer que a tradução de Just kids não ficou pobre? Pois é, Robert Mapplethorpe foi um fotógrafo de tema homossexual e erótico, sem querer chocar o público, apenas queria transformar aquilo em arte. Gostei que ele começou com uma polaroid e se manteve nas instantâneas porque não tinha paciência pro processo de revelação. Patti Smith foi reconhecida pelas poesias, mas deu certo mesmo como cantora. Ela é uma mulher inteligente, viciada em Rimbaud, fixada em Brian Jones, que tinha certa atração por Jim Morrison do The Doors e que valorizava demais o trabalho de Robert.

O livro acaba por retratar uma época quando uma passagem de metrô em NYC custava apenas vinte centavos e que a luta em ser reconhecido como artista era muito forte. Ainda mostra personagens como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Salvador Dalí (que falou à Patti que ela parecia um corvo gótico, no hall do Hotel  Chelsea) e Andy Warhol.


Só garotos chama atenção por três aspectos: a riqueza da narrativa de Patti, mostrando cada detalhe, explicando como cada acontecimento tinha levado a outro na vida dos dois, contando histórias por trás das músicas e poemas que ela escreveu, das fotos que Robert tirou. As fotos belíssimas que estão ali no meio das páginas, às vezes ocupando uma página inteira com legenda e um espaço grande em branco, outras no meio do texto, sem explicação alguma. Isso mostra como imagens podem deixar um livro mais gracioso mesmo que ele não seja ilustrado propriamente dito. A diagramação fica muito melhor assim, ainda mais num livro de memórias. Em várias biografias, o que a gente vê são páginas num papel melhor com fotos de festa, sem graça, todas reunidas. A minha preferida foi essa da pena, acho que tirada pela irmã de Patti, Linda, numa viagem que fizeram à Paris. Por último, Só garotos impressiona pelo próprio estilo da autora. Logo nas primeiras páginas, dá pra reconhecer o talento dela em te envolver na história, te fazer amar Robert junto com ela e viver todo o clima artístico de Nova Iorque nos anos 70, principalmente.

26.12.10

Tique nervoso

Em dois anos você pode mudar de gosto musical, fazer um curso técnico, aprender uma nova língua, virar ruiva. Não fiz nada disso, mas durante os últimos dois anos eu não vi uma vez sequer uma grande amiga que foi tão próxima que nos chamávamos de grude e que me passou a minha maior mania: ficar puxando fios de cabelo um por um, isso sem arrancá-los, claro!

Ela se mudou pra Goiânia realmente do nada. Fui prestar o vestibular em Floripa e quando voltei, cadê? O que você faz quando leva o título de eleitor em vez da identidade no dia da prova mais importante da sua vida? Se muda pra capital do Goiás, onde tem família, para fazer cursinho lá. Tão óbvio. Acontece que nesse meio tempo ela já é uma futura arquiteta e nossas férias maranhenses nunca tinha coincidido. Até hoje.

O sotaque eu já percebia pelo telefone, mas o que é esse erre goiano? Inclusive o tom de voz parece que mudou, mas fica por aí. Como a futura turismóloga filosofou, de longe parecemos ter uma vida tão interessante, parecemos tão cheias de si. Quando nos reencontramos, vemos que somos as mesmas, continuamos praticamente iguais às garotas que usavam uma farda verde e repartiam club social em 2008, 2007, 2006... 2003.

Temos amigas novas, novas decepções com o sexo masculino, roupas diferentes, mas eu pelo menos continuo com a franja. Arquitetura continua assim meio castanha meio loira. Turismo ainda faz luzes. Como é estudar na PUC e morar em Goiânia? Como é a vida em Floripa? A UFMA a gente conhece... Uma vez um amigo falou que quando revia os amigos da cidade natal, só ficavam relembrando de episódios que viveram quando moravam todos no mesmo lugar. Fico feliz que depois de cinco meses, um ou dois anos, posso reencontrar amigas e ignorar se já nos apaixonamos pelo mesmo cara ou se éramos muito feias dos 13 aos 16 anos. A gente quer saber o que uma faz sem a outra.

Mentira, queria mesmo era saber se a arquiteta continuava com nosso tique nervoso. Tudo isso porque na sexta série era obrigada a sentar atrás dela todos os dias, reclamava que ela puxando os cabelos me impedia de ver o quadro e acabei com a mania também. Hoje ela deu um nome que eu nem me lembro pro nosso hábito e explicou que teve origem num trauma, de infância provavelmente. Se tive uma infância traumática eu não sei, mas a osmose fez seu trabalho muito bem.

25.12.10

O relógio da parede de vovó

Minha família tem essência feminina. Vovó teve oito netas e já tem duas bisnetas. Nossas reuniões sempre foram idênticas: brincadeiras das netas num canto, conversa das tias no outro e a presença masculina, quando tinha, era o marido de alguém. Crescemos, a maioria entrou na faculdade, as cariocas continuaram não vindo para as confraternizações de fim de ano porque era muito longe e por aqui paramos de organizar concurso de canto (na última edição, apresentei Aquarela de Toquinho) ou apresentação de dança com o bambolê do Tchan. Num certo Natal, todas ganhamos aquele bambolê colorido e desmontável do Créu dos anos 90. O que continua é a oração. Ah, a oração.

Tia Luda era católica, virou evangélica, algumas opiniões mudaram, mas a tradição é a mesma. Hoje depois da troca de presentes do amigo invisível, começou o burburinho. Será que vamos ter que segurar a fome por muito tempo? Vamos derreter na cozinha esse ano? "Olha, só vou fazer a oração porque vocês insistiram!". Leitura de uma passagem, foram dois versículos da bíblia essa vez, e sempre, sempre um discurso sobre o que estamos celebrando na data e as tendências pagãs que a festa ganhou com o tempo. Pior que ela nunca se repete, dá um jeito de passar uma mensagem diferente, mas talvez pela falta de assunto hoje ela falou pouco se comparado com martírios que já vivi, de passar trinta minutos olhando pro peru, pra farofa, pra salada e pra lasanha especial de mamãe enquanto titia fala e fala e fala.

O relógio cantante é outro que continua pendurado naquele bairro antigo da cidade. De hora em hora, canta uma música diferente e, em seguida, imita as badaladas de um relógio antigo para nos informar o tempo sem que tenhamos que olhar para ele. Com a baladinha mecânica, lembrei das tardes quentes brincando de barbie com as primas. Já meu padrasto e meu cunhado se assustaram, no meio da oração, com aquele barulho que parecia inaudível para os outros.

Temos a oração, o relógio, mas a família estava menor. A parte macapaense estava no seu devido lugar, o meio do mundo. Em compensação, batemos record de testosterona naquela cozinha. Quatro rapazes! ... e as nove mulheres. Feliz natal!

22.12.10

Amigo secreto blogueiro

Decidi participar do amigo secreto organizado pela Amanda porque ela me convenceu por twitter muita gente legal que eu já conhecia estava participando e seria legal ter a oportunidade de conhecer um pouco dos outros participantes. 

Veio o sorteio e o meu amigo invisível... bem, eu nunca tinha o visto na vida! Tentei fuçar um pouco e o blog dele não era lá muito pessoal. Fica fácil adivinhar considerando que só dois homens participaram do amigo secreto, mas tudo bem! O que eu soube dele é que era carioca, gostava de tecnologia e humor. Ou seja, nada a ver comigo. Tanto que na hora de mandar bilhetinho anônimo perguntando se ele preferia o presente X ou Y da lista que ele fez, respondeu que preferia o Z, hehe. Acabei comprando um dvd do Monty Python (who?). 



Realmente não sei quem é esse cara, o Yuri bem que podia fazer uma resenha depois para eu conhecer um pouco! ;)

Bem, quem acompanha pelo twitter sabe que eu viajei a São Paulo (post em breve!) no dia 15 e, até lá, não tinha recebido presente nenhum. Estou de falar com meus roommates se eu recebi alguma coisa, mas tá difícil encontrá-los nesse início de férias, quando souber se ganhei, o que ganhei e quem me tirou, aviso!

21.12.10

Faltou O amor que choveu

Ler meu primeiro Antonio Prata não foi algo assim espetacular porque, afinal, são várias crônicas reunidas e o que muda é que estão reunidas no papel. Hoje em dia só leio os textos dele no blog, mas já conhecia a maioria dos que foram publicados em Meio intelectual, meio de esquerda. Crônicas espetaculares, me acostumei com o estilo da escrita dele enquando lia embalada na rede na varanda do apartamento, recebendo o vento forte que indica uma chuva forte daqui a pouco e observando as nuvens não-diagramadas passando pelo céu. Fico só me perguntando se a crônica surge com a ideia ou depois de ter as conexões que surgem com a ideia inicial, como a relação da morte com ornitorrincos. Grifos feitos na Starbucks de São Paulo, todos no começo do livro:

"São sete bilhões de narradores em primeira pessoa, soltos por aí, crentes de que, se Deus existe, é conosco que virá puxar papo, qualquer dia desses. Sete bilhões de mundinhos." (Os outros)

"Eu estava calmo. O amor é calmo."
"Nós inflacionamos a felicidade."
"A única felicidade possível, acredito, é a promessa de felicidade." (Promessa)

"Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo americano e, se tiver porção de carne de sol, uma lágrima imediatamente desponta em nossos olhos, meio de canto, meio escondida."
"A cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobres estão todos de chinelo Rider e a Vejinha sempre alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e difundir o petit gateau pelos quatro cantos do globo." (Bar ruim é lindo, bicho)

"Tudo o que sabemos agora é que eu te quero, você me quer e temos todo o tempo e o espaço diante de nossos narizes para fazer disso o melhor que pudermos."
"Não temos como saber se vai dar certo - o verdadeiro encontro só se dá ao tirarmos os pés do chão -, mas a vida não tem nenhum sentido se não for para dar o salto." (O salto)

"[...] nossa visão de cidadania não é a de Rousseau - obedecer as leis que nós mesmos ajudamos a criar -, mas a de Scooby-Doo: se fizermos tudo direitinho, ganhamos um biscoito no final." (All Disney)

20.12.10

Amor sem gelo

"Olá, pessoa que eu não conheço!". Que outra frase esperar da Liliane Prata depois de chamá-la no meio do Shopping Paulista?

Fomos parar naquele shopping sem programar antes e quando estava procurando mamãe numa loja, eis que passa na minha frente Bruno Motta, humorista e muito amigo da Liliane. Ele é baixinho e parece demais com meu amigo cuiabano do Jornalismo (cuiabá é quente, mas é boa, oôoô). Foi rápido, pensei se ela não estaria com ele e me perguntei se falaria com ele se estivesse sozinho. Daí a Lili passa bem na minha frente. Bem na minha frente. O que você faz? Eu falei pausadamente - e não muito alto, porque minha voz é um pouco fraca - Li-liane Pra-ta". A mulher (vai que não era ela!) parou de costas, pensou por 5 segundos ("Será que ouvi meu nome mesmo?"), se virou, me olhou ("Quem é essa?") e falou a frase que começa esse post.

Tava nervosa e me apresentei como uma fã das antigas, da Capricho, esqueci de falar que já tinha lido livro dela, tudo bem. Conversamos sobre a gravidez dela (ela é uma gestante muito linda), que eu era uma fã de longe, sobre o irmão dela morando em Floripa e que ela tinha acabado de voltar pra lá. A Liliane foi uma querida que agradeceu por ter ido falar com ela. Sei lá, eu ficaria feliz com uma aleatória maranhense vindo falar comigo, mostra que nos confins do Brasil ela é lida também. Afinal, o livro dela (O Diário de Débora, há muitos anos), li em Macapá, era da minha prima. O auge da simpatia foi ela dizendo que era uma pena que o marido dela - o famoso Marcos dos tweets e textos do blog - não estava ali naquele momento para eu conhecê-lo. No fim, não consegui pensar em tirar a câmera da bolsa e pedir uma foto, quando vi estávamos nos despedindo. E fiquei dando voltas naquela parte do shopping até digerir mentalmente o que tinha acontecido. Imagino o Bruno Motta e quem mais estivesse com ela fazendo brincadeirinhas sobre a Liliane ser famosinha e ter das fãs que abordam.

Um outro livro dela é uma boa pedida pra ganhar de Natal agora que conheço ao vivo a voz dela! Uma bebida e um amor sem gelo, por favor?

18.12.10

Fugir pra Vila Madalena

Além de viver inúmeras experiências antropológicas aqui, Sampa está me deixando uma mulher independente e autossuficiente. Anteontem conversava com a Anna, pedindo sugestões do que fazer aqui para complementar meu itinerário já imaginado. Papo vai, papo vem, é claro que o assunto acabou caindo no nosso estimado Antonio Prata. Já que ficar aleatória em Perdizes esperando um nerd de óculos aparecer é stalker demais até pra mim, resolvi conhecer a Mercearia São Pedro, bar, restaurante, locadora, sebo e loja de conveniência, frequentada por caras meio intelectuais, meio de esquerda e que inspirou uma crônica antiga do Antonio que não é Bar ruim é lindo. Se duvidar é da época que a Capricho tinha aquele projeto gráfico super colorido, com frases de efeito (algumas delas) e colunas do Marcon Mion e Dinho Ouro Preto.

Santo google maps. Saí do Parque Ibirapuera (Qual meu problema com parques? Sempre me perco neles) de ônibus, peguei metrô e caí na Vila Madalena. Direita na Heitor Penteado, passar pela praça Baronesa Bocaína, direita na João Moura, direita na Luminárias, esquerda na Paulistânia, direita na Iperó (baita ladeira), passar peça praça Haroldo Valadão e, tcharãm, Mercearia. Considerando que não sou um meio intelectual meio de esquerda, nem uma universitária gostosa e nem pobre que usa chinelo de couro, era uma estranha naquele lugar. Vestido florido, meia-calça preta num calor que não deveria ter me afetado tanto e guarda-chuva na bolsa (trauma de Floripa fica pra sempre). Na estante/locadora, só reparei em Guerra em Paz e Closer. Todos os livros do sebo eram caros. Vi um Chabadabadá, um Vida de Gato, vários Gay Talese, nenhum Antonio Prata. Sentei, tirei o moleskine da bolsa e descrevia o lugar enquanto tomava uma Bohemia e ouvia a conversa da mesa ao lado. 

A Mercearia é o bar ruim autêntico do Antonio. Depois de ficar famosinho por causa do público intelectual esquerdinha e das universitárias gostosas (não que eu tenha visto alguma por lá), deve ter aumentado preços e as melhorias de estrutura foram mínimas. A loja de conveniência é uma bagunça, praticamente só vi uns miojos jogados ao lado dos livros. Mas aposto que os tampos das mesas de antigamente não eram inspirados na pop arte e faziam referências a Pulp Fiction, O Iluminado, Darth Vader, Bombril, papel higiênio Neve. 

Depois da Bohemia (mesmo sendo apenas uma long neck), paguei minha conta (uau) e tive coragem de perguntar sobre o livro com crônicas inspiradas na Mercearia. Tem texto do Antonio, do Xico, da Clarah e de aleatórios, mas não tem mais nenhum exemplar à venda lá. Que vergonha. A pessoa sai do Maranhão disposta a pagar 20 pila num livro sobre um bar que visitou apenas uma vez e nem consegue. 

13.12.10

Sentimental heart

Demorei pra assistir Harry Potter and the Deathly Hallows porque aparentemente fiz amigos que não curtem o Dan Radcliffe com uma cicatriz torta na testa e decidi que veria hoje, provavelmente pra fugir do pseudo-temporal que caía em Floripa. Sabia que meu guarda-chuva de nove reais não chegaria vivo em casa com todo aquele vento. Foi meu segundo momento da vida sozinha no cinema (o primeiro foi em Jean Charles) e essa experiência só fica melhor. Ri alto, quase chorei milhares de vezes e passei várias cenas com as mãos tapando a boca bem desesperada. Melhor estar sozinha mesmo. Era eu e meus amigos de infância Harry, Ron e Hermione. Eu e J. K. Rowling, a primeira das muitas mulheres que admirei na vida, conversando através de seus livros.


Desculpa Dan Radcliffe (mesmo com barba por fazer em várias cenas e tirando a roupa pra mergulhar no lago congelado), Gui Weasley (que finalmente deu as caras para as fãs e, amigo, vem cá que a Fleur/namoradinha santa do Chuck Bass não tem graça nenhuma perto desse charme nordestino) e Gêmeos, mas o queridinho do filme é o Dobby. Foi com ele que eu dei as risadas mais gostosas e que eu cheguei mais perto de chorar. O bom de assistir ao filme depois de tanto tempo depois de ler o livro é que eu me esqueço de vários detalhes da história (Dobby salva todo mundo e morre em seguida? Mesmo? Maldita Belatrix, as always), mas ela tá ali na minha memória e vai se soltando no meu cérebro aos poucos. É bom também ficar revivendo as histórias passadas, lembrando do medo de aranha do Ron antes dele destruir aquela horcrux, reparando nos sapatos do Dobby para lembrar de quando ele virou um elfo livre, saber a maioria dos feitiços, sem contar aquele pomo de ouro que fica me fazendo voltar ao começo da história o tempo inteiro. 

A dancinha do Harry com a Hermione ganhou meu coração. Foi o momento mais sentimental heart. Já fui convencida pela própria J.K. que Mione e Ron formam o par perfeito (e a Gina estar mais mulher nesse filme nos faz deixá-la ficar com o Harry), mas meu sonho sempre, sempre foi ver o casal Harry/Hermione. Aquela dança bastou pelo menos pra mim, tive meu desejo realizado pelo menos por uns 40 segundos. 

O filme terminou num momento bem propício porque deixou a morte do Dobby com o peso que merecia e não deixou nada tão mal-resolvido assim. Desci as escadas rápido incentivada pelos companheiros de fileira e fiquei completamente perdida. Corri pra Saraiva, não achei os Harry Potter na seção infanto-juvenil (where the hell eles estão? Percebi também que Mario Vargas Llosa já voltou pra estante de baixo) e tive que recorrer ao livro 7 em inglês que eu sempre vejo na seção dos estrangeiros. Li umas frases aleatórias até me acalmar, coisa que só aconteceu aqui perto de casa, ouvindo Bob Dylan ou Regina Spektor. Tenso foi subir as escadas de casa ouvindo Hero. Faltou só se materializar uma tela mostrando my expectations e my reality. Não adianta, nem depois de um filme que mexeu comigo como esse Harry Potter eu esqueço de 500 days.

11.12.10

Mil vezes a mesma música

Mixtapes começaram a ficar próximas de mim com a Irena, mas eu nem me arriscava a pensar em fazer uma porque minha cultura musical é bem, bem restrita e eu acabaria colocando sempre as mesmas músicas em mixtapes com temas diferentes. Mas aí veio a Anna com sua mixtape realmente aleatória e eu percebi que era a minha deixa para fazer a mixtape que eu sempre quis fazer com as músicas que vivem no repeat aqui no meu media player.




Tentei organizar as músicas numa certa ordem cronológica, mas a minha memória nunca ia me ajudar a saber se eu cantarolava às cinco e meia da manhã (e eu vou sair, talvez te encontrar) antes de me intitular uma pagu indignada no palanque (nem toda feiticeira é corcunda, nem toda brasileira é bunda). As nacionais acabaram separadas das internacionais. O resultado dessa mixtape é um resumo tão objetivo de mim que eu me sinto expondo toda minha personalidade, mas, felizmente, os arquivos não carregam minhas memórias. 

Curiosidades
1. Descobri que simplesmente não tinha mais All star no meu notebook. Não sei como isso foi acontecer.
2. French navy é o meu despertador há, sei lá, um mês e eu ainda amo a música. Defina loucura. Ah, ouvi essa música pela primeira vez na mixtape #1 da Irena
3. Cachaça é o meu toque de celular e, mesmo escutando essa mixtape, acho que tem alguém me ligando.

Espero que as referências que tentei colocar na capa e contracapa não tenham ficado bregas ou bizarras. São bem fáceis pra quem conhece essas músicas.

10.12.10

Summer bitch

"What always happens... life."
Ontem assisti mais uma vez a 500 days of summer (quanto mais eu gosto de um filme, mais uso o ttítulo original). Coincidiu que o meu dia foi meio Summer, não que eu tenha dado o fora num arquiteto fracassado/tentando ser promissor quando rejeitava relacionamentos fortes e logo depois aceitar casar com um loiro aguado que não tem cara de quem se interessaria de verdade se a garota estava lendo Dorian Gray ou não. E depois de ouvir uns três "você não precisa sentir peso na consciência", me pergunto se a Summer ao menos se sentiu mal com o que fez com o Tom. Sabe, ele não tem culpa de se apaixonar por uma mulher bonita e interessante. E, infelizmente, nosso mocinho não sabia da maldição de The Graduate (assista com o namorado e perca o amado em XXX dias).

Por mais que eu sempre entenda esse filme de uma maneira diferente, isso acontece porque obviamente o uso para tentar entender minha própria vida, continua um dos meus favoritos. Já estou assistindo sem legenda, decorando falas e sorrisos.

Só não peço para saber o que acontece com a Summer e o noivo porque só ficaria revoltada. Ele nunca estaria à altura. O que ele faz da vida? Mas, as perguntas mais pertinentes são: Por que raios a Summer convidou o Tom para aquela festa? Bitch! Por que ela não contou que estava noiva? Bitch! Covarde! Por que ela roubou o lugar preferido dele? Bitch! E, por último, por que raios falou a pior frase do mundo para um cara que te amou demais num lugar especial para ele?

- I just woke up one day and I knew.
- Knew what?
- What I was never sure of with you" BITCH!

Claro que eu assisto a esse filme pensando em The Graduate, mas vai dizer que esse enquadramento não te lembra Benjamin e Mrs. Robinson?
E, depois de todas as lágrimas que, não, não derramo assistindo a esse filme, vale assistir ao remake de uma cena de Sid & Nancy com dose de 500 days.



I'm still your best friend, though.

8.12.10

Hiperatividade

Cinema polonês, ou melhor, um sobrenome polonês. Várias amizades que foram ficando pelo caminho. Hoje eu percebi que aquela retrospectiva feliz que eu tava planejando escrever não tem sentido. O ano teve uns pontos bons bem fortes, mas nada que justifique esquecer todo o lado ruim. Daí o download de 500 days of summer terminou e eu vi algumas cenas. Não achei aquela parte que cita The Graduate na narração, só quando o casal assiste ao filme no cinema (meu sonho), a Summer sai chorando e acontece tudo aquilo. Minha noite começou a ficar tensa com isso, fiquei hiperativa e toda a minha turma está surtada com o jornal-laboratório que ia pra gráfica hoje, mas descobrimos que 1/4 dele estava diagramado no tamanho de página errado. Contei minha vida em 10 minutos pra melhor amiga maranhense e a daqui me disse que eu tava parecendo bêbada. Só me resta ler um pouco de Isabel Allende pra tentar assentar as ideias.

7.12.10

Disturbing the sound of silence

And in naked light I saw
two thousand people, maybe more.
People talking without speaking,
people hearing without listening.
People writing songs that voices neve share.

Semestre acabou (ignoremos o infográfico que vou apresentar amanhã e provavelmente terei várias correções para fazer) e só hoje vim mudar a cara do blog e voltar a dar as caras.

Meu início de férias se resume a alguns flashs. Chegar em casa e não saber o que fazer. Ir na BU pegar livros de literatura e sair de lá com De amor e de sombra da Isabel Allende (romance entre jornalistas é o que eu quero ler agora) e um aleatório com fotos bonitas do Maranhão. Isso depois de ler - de verdade - a minha primeira poesia de Ferreira Gullar, shame on me. Balada na sexta-feira tocando não só Lisztomania, como Bring me to life (???), sendo que Evanescence era minha banda preferida aos catorze anos, e Superafim, lá pelos dezesseis eu escutava Cansei de Ser Sexy. Festa do curso, churrasco de aniversário, ops, não parei o final de semana em casa. "Acha que tá na hora de tirar minha barba?".

Isso porque constatei na última semana que minha música preferida da trilha sonora de The Graduate é The Sound of Silence e não Mrs. Robinson, apesar de ser a personagem que mais gosto. Daí o filme volta a ser tema do blog e eu prometo que nessas férias assisto pela terceira vez. Sozinha dessa vez, sabe como é.


p.s.: Como eu nunca tinha achado essa imagem antes?

24.11.10

Atrás de uma grade, no berçário

Bastidores sobre minha reportagem que fala de gravidez no presídio, num relato mais objetivo, para o blog do Quatro, jornal-laboratório produzido em Redação IV:

"Apesar de todas as piadinhas feitas pelos colegas, pelo professor e até pelas agentes prisionais para cuidarmos de não ficarmos presas e ficarmos o final de semana com as detentas, passar aquela tarde com aquelas mães foi no mínimo curioso. Não sei se dá para falar de uma situação agradável num presídio. No final, parecíamos todas amigas conversando sobre vários assuntos ao mesmo tempo (difícil era anotar as informações importantes que apareciam). Até a agente prisional, que entrava no berçário para ver como estava a conversa e depois saía para 'deixar as presas falarem o que queriam'." Continue lendo.

Os outros bastidores também estão ótimos, leiam >> Blog do 4.

Moleskine online

Gosto de comparar o mamãe e meu padrasto com meu último relacionamento. Depois dessa briga de ontem, minha irmã, que mora/morava com eles, ficou fragilizada e mamãe se mostra sem perspectivas de uma volta. Eu, fico na mesma posição de sempre. Queria respostas. Queria saber logo o que que vai acontecer. Que quadro vou encontrar quando chegar em casa lá pelo dia 20 de dezembro (é, minha passagem ainda não foi comprada). O que muito me faltou nessa vida foi paciência. Palavrinha que não existe na minha cabeça. Por isso sou tão ansiosa, tenho tanta pressa e acabo ficando perdida.

Nos últimos (vinte) dias, eu realmente me sinto mais leve, pareço um pouco mais calma, mais consciente. E enxergo a beleza/felicidade em momentos como o de escutar a máquina de lavar trabalhando (lavar jeans na mão nunca mais) e estender as roupas nos varais improvisados de quem mora num apartamento sem varanda e precisa aproveitar o vento e o sol que entra pelas janelas.

Devia organizar meus pensamentos no moleskine que eu comprei e está quase em branco, mas odeio minha letra cursiva.

15.11.10

Jornalismo galã

Contém spoilers.
O quarto poder. Mad City. 1997. Dustin Hoffman <3 é um repórter de TV que vai cobrir uma pauta fraca no Museu de História Natural da Califórnia e acaba testemunhando o ex-segurança, John Travolta, pedir o emprego de volta, ameaçando sua ex-chefe e atirando acidentalmente no outro segurança do lugar. O filme pretende discutir o papel da mídia numa situação em que o jornalista tenta manipular as ações de um homem que acaba fazendo um grupo de crianças, que visitavam o museu, reféns. E, sabe, seria uma boa crítica se O quarto poder não fosse carregado de esteriótipos. Os elementos do jornalismo precisavam aparecer de maneira mais sutil, parece tudo muito forçado. Desde Hoffman pedindo que sua assistente seja mais sensacionalista, a repórter foca fazendo de tudo para agradar o figurão de TV nacional que chega para acompanhar a história até o final quando Hoffman, cercado com milhares de jornalistas, microfones e câmeras grita "We killed him" até a imagem congelar e os créditos subirem.

Outros filmes que vi sobre jornalismo recentemente foram Cidadão Kane e Todos os homens do presidente. Citizen Kane valeu à pena por ser um clássico, mas chega a ser irritante de tão lento. Preferia que o filme contasse mais sobre o jornal Inquirer do que a vida do seu dono, que nem foi tão interessante assim. E se todos os filmes tivessem smartphones?

All the president's men, filme onipresente na minha vida por causa do Dustin Hoffman e pelo pôster pendurado na parede da escada que eu subo todo dia pra ir ao estágio, é melhor. Hoffman está sem graça e com um cabelo que o deixa parecendo um salsicha (o cachorro mesmo), mas a aula de jornalismo é válida. O filme conta a investigação do caso Watergate, que derrubou Nixon.

Frisbee em novembro

Minha amiga galêga e eu estávamos atravessando apressadas o campus da UFSC no final de tarde ensolarado de quarta-feira para pegarmos a gráfica ainda aberta e imprimirmos nossos jornais-murais. Todo aquele bom humor de quem havia passado a tarde inteira revisando o trabalho e terminando os últimos detalhes para descobrirmos vários errinhos na primeira impressão.

Acontece é que no gramado ao lado do Templo Ecumênico, perto das duas únicas araucárias da universidade, tinha um pessoal jogando frisbee. Frisbee. No Brasil. Numa quarta-feira. Num novembro. Num final de semestre.

Eles tinham cara de engenheiros. Só podiam ser engenheiros. Raça que fica de bobeira na fila do RU assando linguiças para fazer propaganda da festa Linguição da Automação e ainda tem a coragem de falar que estudantes de jornalismo não fazem nada (um aspira a engenheiro mecânico me disse isso na balada, teria pisado nele com salto se não tivesse deixado a sandália que queria usar naquele dia em São Luís).

E agora que o download do filme The virgin suicides completou, sabe o que eu vou fazer? Terminar minha parte da monografia em grupo sobre democratização da comunicação. Daniel Hertz, um dos fundadores do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e também do curso de Jornalismo da UFSC (ele é muito onipresente), mandou um beijo!

14.11.10

Defina solidão

Não digo que desistiria do projeto Floripa se tivesse parado pra pensar em como seriam meus feriados antes, mas ficaria bem balançada. Finais de semana com três ou quatro dias são a oportunidade dos meus amigos viajarem pra casa e eu aqui, parando de tomar coca-cola pra melhorar do refluxo e piorar tudo de novo quando beber guaraná jesus nas férias. Essas folgas são ótimas no final do semestre pra conseguir fazer todos os trabalhos - que seriam impossíveis em semanas normais -, mas quem disse que eu faço alguma coisa útil? Assisto a um ou outro filme aleatório e penso demais na vida. Por que não me mudei pra um lugar mais perto? Por que escolhi isso? Meu discurso amo-Florianópolis é inútil numa hora dessas quando eu olho no espelho e ele grita pra mim: defina solidão. Pra melhorar a minha vida, odiei meu corte de cabelo. Fios na altura do ombro, onde eu tava com a cabeça? Mais uma ação precipitada das últimas semanas.

Para ouvir: Away with murder-- Camera Obscura.

10.11.10

O Parcial

Eis que eu começo a ver a luz no final do semestre, talvez até tenha férias algum dia. Terminei hoje - e já imprimi, afinal, é pra amanhã - o meu jornal-mural, trabalho final para a disciplina Edição. É para o mesmo professor que pediu a revista que eu diagramei semestre passado.

Temos que fazer esse jornal-mural, de duas folhas A3, sobre um livro. Escolhi o meu antes mesmo dele passar a lista - a maioria de jornalismo investigativo - porque não ia perder a oportunidade de finalmente ler Honoráveis bandidos e fazer algumas matérias sobre minha terra onde cantam os sabiás. Planejava fazer uma página a mais para fazer as pautas que o professor queria e as que eu não poderia deixar de lado. Acabei procrastinando e cortei um monte de coisa, inclusive deixei de usar algumas entrevistas e saiu isso!


A matéria principal é obrigatoriamente a resenha do livro escolhido e as outras funcionam como correlatas. Falei sobre as eleições para governador do Maranhão esse ano, um exemplo de como é a política no interior do estado (São Domingos do Azeitão, where?), a ação de Fernando Sarney que estabelece a censura no Estadão (há 467 dias), a entrevista com Palmério Dória (impossível editar e ainda ficou gigante!) e um panorama da mídia maranhense.

O logo foi a primeira ideia que eu tive em todo o jornal-mural. Achei meio absurda, mas amigos me convenceram a seguir com ela. O que salvou meu projeto gráfico foi a forma do Congresso Nacional para me livrar logo dos dois box obrigatórios que deveríamos usar.

O nome faz uma brincadeira com o nome de um dos jornais de São Luís (O Imparcial, que nem é da família Sarney, mas tudo bem). Sem contar que o Palmério sempre fala em entrevistas, menos na que fiz com ele, que ele queria abrir um jornal O Parcial para poder dar seu ponto de vista livremente. Além disso, a parcialidade brinca muito com o fato do livro contar falcatruas de todo o Brasil e 99,9% das minhas pautas serem sobre o Maranhão, mas eu tinha que puxar sardinha.

Fico triste porque não consegui entrevista com um Sarney - meus contatos são fracos -, mas entrevistei Flávio Dino, segundo colocado na disputa para governador do Maranhão com quase 30% dos votos. Falei com o deputado federal por intermédio da madrinha da minha irmã, nada mais maranhense!

p.s.: Acha que acabou? Agora só tenho que diagramar o jornal-laboratório Quatro, feito por toda a turma, uma reportagem infográfica, uma monografia em grupo e um site, que otimista!

6.11.10

Nunca participei de um clube do livro

Jane Austen é definitivamente um nome que falta na minha lista de leituras. Ela parece ser a Isabel Allende inglesa. Já assisti a umas duas adaptações de livros dela e recentemente vi The Jane Austen Book Clube. Nesse filme, criei uma simpatia com Emily Blunt, atriz chata em The Young Victoria e aleatória em O Diabo Veste Prada.


Uma cena que me marcou não foi da trama professorinha de francês que nunca foi a Paris, mas da jovem lésbica. O motivo que a leva a terminar o relacionamento com a escritora de cabelos enrolados é que a literata andava escrevendo contos sobre a vida da namorada. Oi? Nunca entendi esse tipo de problema. Já é clichê de filme com personagens escritores. O escritor(a) anda sem inspiração, conhece alguém incrível e inspirador, daí pronto. Escreve algo, esconde e o amante dá um jeito de descobrir. Quer escrever sobre mim, amigo? Vai lá, seja feliz. Não precisa esconder, se eu for interessante, pode botar tudo no papel, eu não ficaria chateada. A vida ainda seria minha, aquele passado seria meu. De qualquer forma, ainda ia ter algum detalhe que eu teria omitido, uma sensação que vai ficar só pra mim. Ainda é minha história, única. Também pensei no relacionamento de repórter e fonte. Se todas as fontes resolvessem reclamar de serem expostas pelos jornalistas... Não faz sentido. Tudo bem que, quando conversamos com entrevistados, eles têm noção de que aquilo vai a público. Jornalista é sempre jornalista. Escritor é sempre escritor. 

Pelo que eu lembro, a trilha sonora é descoladinha, mas fui uma música que eu já conhecia que chamou minha atenção. Tenho uns três cds de Feist aqui, mas os escuto aleatoriamente. Tanto que eu demorei umas duas semanas pra reconhecer a música do filme aqui no notebook, já que não quis quebrar a magia buscando no google. E foi num dia certo, mas um pouco atrasado, que a música tocou no aleatório do media player. 

"I'm sorry, two words. I always think after you're gone. When I realize that I was acting all wrong. So selfish, two words that could describe old actions of mine when patience is in short suply. We don't need to say goodbye. We don't need to fight e cry. Oh we, we could hold each other tight. Tonight."

A música me encontrou num momento em que ela descrevia tudo o que eu sentia, mas que, baby, it's too late, too late, too late for love. Quando consegui chorar, foi ao som de Feist. E lembrei da Emily Blunt que também chorava o casamento infeliz. Nossas histórias acabaram diferentes.

Para ouvir: So sorry - Feist.

Like a riot

Ana Cristina tem 20 anos. Sobrancelha bem feita e unhas cor-de-rosa. Grávida de quatro meses de um menino e presa há quase o mesmo tempo. Tráfico de drogas. O marido continua com ela. Não se falam pelo telefone, mas toda quinta ele vai ao Presídio Feminino de Florianópolis visitá-la. Ai dele se faltar uma visita. Ele troca o turno da manhã pelo da tarde de 15 em 15 dias quando o casal têm direito à visita íntima. Ana Cristina prefere não pensar no que o marido faz no mundo. Ele não vai à praia, fica em casa vendo novela. No fundo, sabe que ele não é assim comportado, mas ignora.

20 anos. Mais nova que algumas amigas minhas, que a minha própria irmã. E tá lá, grávida e presa, falando com maturidade sobre relacionamentos. E tem gente aqui fora, um ano mais nova, sem nunca ter engravidado (ainda bem) e que não sabe o que fazer com um relacionamento de 1 ano e 2 meses.

Visitei o presídio feminino para uma reportagem do jornal-laboratório Quatro, projeto final da disciplina de Redação IV. O tema do jornal é "sexo" (odiei a "palavra-chave", porque a maioria das pautas são chatas e clichês) e minha matéria ficou sobre mães e grávidas no presídio. Depois de uma semana negociando pelo telefone com a chefe de segurança, ofícios e tudo mais, eu e a fotógrafa entramos lá e entrevistamos as 2 mães e três grávidas. Foram umas duas horas de conversa, elas perderam a timidez (eu também) e no final já estavam posando para as fotos. Foda foi que não me deixaram entrar com gravador (não pergunte, já que conseguimos entrar com câmera) e vai ser difícil fazer essa matéria de uns 6 mil caracteres só com minhas anotações e a memória "ajudando".

Para ouvir: Lisztomania - Phoenix.

31.10.10

Dilma presidenta

Ainda não entendi toda aquele vai-e-volta sobre o termo presidenta. Erro de marketing? Desencontro de opiniões? Divulgaram isso e depois a própria Dilma afirmou que não queria ser chamada assim caso fosse eleita.

Não votei na Dilma (tenho meus motivos), mas também não fico puta por ela ter ganhado a eleição. Não que eu não soubesse que isso ia acontecer, né. Ela ganhou e eu meio que a admiro, mas não consigo ter aquele sentimento "uau-temos-uma-presidente!". Roseana Sarney foi eleita a primeira governadora mulher do Brasil. Voltou agora pro Palácio dos Leões por causa de mais ou menos 4 mil votos (eu quase poderia ter feito a diferença). Sendo que fraudou algumas urnas eletrônicas, comprou outros votos, tudo uma beleza. Hoje deveria ter tido segundo turno lá em casa. A notícia boa? Capiberibe ganhou no Amapá. Pra onde o vô Sarney vai agora?

O mito da oficina de texto

Tudo o que eu não queria era entitular um post com "mito" depois de passar umas três noites dessa semana com um texto sobre mitologia do Roland Barthes pra teoria da comunicação. Ok...
Quando você entra na faculdade de jornalismo e percebe que existe uma disciplina de redação para cada semestre, você acha que vai aprender a escrever direito. O professor do primeiro semestre tinha acabado de voltar do doutorado e se espantou como os alunos estavam mais burros (a metáfora das orelhas é famosa: somos tão burros que as orelhas arrastam no chão) e acabou pegando leve com a gente. O segundo só queria saber de um jornalzinho-laboratório. Foi aí que comecei a aprender a diagramar. O terceiro ficava falando sobre como brasileiro não lê manual de instrução (mas eu - na verdade, ele falava em terceira pessoa -, eu leio, tchê). O atual era a nossa promessa e última chance de aprender pelo menos o básico já que a partir da quinta fase a gente já começa a ver jornalismo pra revista e nada. O semestre passou voando e já estamos planejando o jornal-laboratório Quatro.

Por esses dias caiu a imagem que eu tinha da faculdade como oficina de texto. A utopia de escrever vários notícias por semana e lapidar a escrita é só utopia mesmo. Já entendi que vou sempre aprender como melhorar meu texto, mas rola aquele medo de achar que estou fazendo tudo muito errado. Anyway, continuo tentando.

24.10.10

Blá blá blá experiência perfeita

Esse tal de Felipe Memória (who?) só pode se achar o maior engraçadinho dessa vida. Era o que eu pensava no começo do livro Design para internet: projetando a experiência perfeita (2006). O autor soltava umas piadinhas infames a cada parágrafo e eu morrendo de medo de ser mais uma leitura inútil. Felizmente não foi e, quando comecei a me envolver com o conteúdo, ele disse que ia parar com as brincadeiras. Ufa!

É preciso ser sincera. Os capítulos realmente interessantes são o segundo e o terceiro, quando ele fala do conceito e da prática de usabilidade, navegação, convenções de formatação de conteúdo e testes de usabilidade. A leitura é muito rápida já que o livro é didático e tem vários exemplos com fotos - principalmente do Globo.com, onde ele trabalhava. 

O resto do livro fala sobre as fases da criação de um projeto, uma experiência fluida e a tal experiência perfeita - que ele praticamente ignora até chegar ao último capítulo. Resumindo, ele se apóia nos argumentos de um pesquisador em psicologia para falar de uma experiência ideal, na qual o usuário fica feliz porque tem controle sobre o que está fazendo para alcançar a felicidade. Oi? Prefiro guardar o que Memória fala sobre as tabs de navegação, menus horizontais e verticais, breadcrumb trail (todo mundo conhece, mas não sabe o nome. É aquele caminho do orkut Início < Fulano de Tal < Scrapbook) e todas aquelas questões sobre teste de usabilidade. Vou fazer um com vocês, ok? Mentira.

***
Essa é uma tentativa de aprender algo sobre webdesign já que a disciplina da faculdade não ajuda em nada e no final vamos ter que construir um site. Voltei a frequentar essa aula depois de um combo de feriadão (amo aulas na segunda-feira), Semana do Jornalismo, duas faltas que eu tinha direito, mais feriado e tal. 

15.10.10

BBB no BK

Resolvi dar uma segunda chance ao Burger King brasileiro - sinto falta do bacon que New York me apresentou - e fui jantar lá hoje antes da aula de inglês. Completamente vazio. E estranho. Porque a outra vez que eu tinha ido foi na semana de inauguração e Floripa não conhecia BK antes disso.

Uma moça registrou meu pedido num iPhone versão fast-food. Só tinha uma pessoa no caixa e logo fui atendida. Recebi uma senha, fui esperar meu lanche ou a eternidade desfilar na Sapucaí. Todo o conceito de comida rápida que eu conheço desde a época que Mc Lanche Feliz era vendido a quatro reais desmoronou na minha frente. Só uma pessoa colocava os lanches na bandeja. Isso com a mesma velocidade que eu subo escada, ou seja, melhor nem comentar.

O namorado da mulher na minha frente já estava com a sua bandeja recheada e ela bafejando. A funcionária passava horas olhando para os sanduíches prontos e... não fazia mais nada. Logo identifiquei uma fiscal do trabalho. Provavelmente eram todos trainees. Nós clientes éramos cobaias e a fiscal de roupa social e rede no cabelo era um Pedro Bial silencioso. Não dizia que talvez íamos casar ou talvez não, olhava tudo e ia decidir quem seria eliminado. Porque se dependesse dos clientes na fila não restaria um empregado sequer. Quando a loira montada no salto recebeu seu lanche, experimentou a batata e descobriu que ela não estava frita. Sensacional. Fritaram novas batatas, a loira foi embora e ainda demorei uns minutos para receber meu pedido. Tanta demora e eles sequer servem nosso refrigerante. Enquanto isso, a Bial caminhava lentamente e apenas levantou a sobrancelha com o episódio das batatas.

De bizarro ainda vi uma trainee escovando os dentes no banheiro de todo mundo logo depois de tê-lo limpado. E, sinceramente, tenho um medo de conhecer - de verdade - alguém que trabalhe numa dessas redes. Não sei o que pensar.

11.10.10

Ufscães também podem, então

Fui com o namorado hoje ao Iguatemi tomar sorvete e ficamos olhando algumas vitrines. Assim que subimos ao segundo andar e passamos pela Kopenhagen, eu vi um poodle. Pretinho assim, um poodle. No colo de uma madame com idade para ser a minha mãe.

- Amor, pode cachorro no shopping?
- Acho que não. Por que?
- Oi? Tinha um na nossa frente?
- Ih, vamos falar para o segurança?

Andamos por vários corredores do segundo andar, descemos de volta e os únicos seguranças que encontramos foi de lojas tipo Renner e do supermercado. A questão é: ONDE foram parar os seguranças que corriam atrás de moleques que aprontavam no shopping? Não deveriam estar de olho nessa geração Restart? Não dá pra confiar neles só porque trocaram camiseta de banda de metal por tênis coloridos. E o triste é que perdi a chance de chegar como quem não quer nada e...

- Moço, cachorro pode entrar no shopping?

Decadência com glamour e universidade bêbada

Na aula de Redação dessa semana, em algum momento aleatório o professor falou que os americanos têm o hábito de dizer que as cidades e os habitantes possuem um certo clima, enquanto no Brasil a gente se preocupa em descrever os fatores geográficos. Como tudo o que eu não conheço de Floripa é a geografia - afinal, nunca fui a uma praia sequer -, me limito a dizer que são dois mundos diferentes. E pelas pessoas.

Em São Luís, nunca convivi com as jovens Sarney, Murad, Duailibe. Não era das escolas mais caras e muito menos ia a baladas. As pessoas que conheço, os amigos da minha irmã, os novos amigos que meus amigos fizeram depois que vim embora, todos poderiam ser classificados em duas palavras: glamour decadente. Essa expressão surgiu um dia na minha cabeça e nunca mais foi embora. E fica ecoando, reverberando, martelando no meu cérebro quando minhas amigas me levam para os lugares típicos das pessoas que curtem rock, insistem em formar bandas que eles próprios não levam à frente e que usam roupas na maioria das vezes impróprias para o nosso calor.

O glamour decadente encontraria sua chance aqui em Floripa no Ufstock, evento anual organizado pelo Diretório Central dos Estudantes. Ainda assim, a maioria das nossas festas são: Trote Integrado do CTC (Centro Tecnológico), Tourada da Mecânica, Linguição da Automação, Insanitária, Cervejada da Saúde e Happy Hours infinitos, com predominância dos realizados no Centro Sócio-Econômico. Nos arredores da UFSC, vivem os universitários bêbados que aproveitam qualquer festa com Sol barata, colecionam canecas de cervejadas e vivem o auge da bebedeira nas festas com 3 Heineken por 5 pila - essas só acontecem duas vezes ao ano. Convenhamos que as pessoas se vestem um tanto melhor por aqui, mas temos que conviver com os engenheiros que sempre fazem xixi na parede do CA do Jornalismo - um dos primeiros do corredor de centro acadêmico -, além de ter que aceitar o banho de cerveja. Esse sim é inevitável.

2.10.10

Ping-pong

Escolhi o livro para o meu jornal-mural (trabalho para a disciplina de Edição) ainda no semestre passado. E como Palmério Dória, autor de Honoráveis Bandidos, foi convidado para a Semana do Jornalismo fiquei ainda mais empolgada porque poderia entrevistá-lo pessoalmente. Entrei em contato com Palmério previamente por e-mail e marcamos nossa entrevista para a quinta (16) no caminho para o aeroporto.

Conheci o jornalista e escritor antes da palestra dele começar na quarta à noite. A baby-sitter (chamamos assim quem acompanha os convidados da Semana) nos apresentou e conversamos um pouco. Quase explodi de timidez. A palestra foi boa, mas nem tanto porque ele repete em todo lugar coisas do tipo "todo jornalismo é jornalismo investigativo", as vezes que ele viu Sarney na vida, sobre a candidatura que virou picolé - quando Roseana foi candidata a presidente.

No dia seguinte, acordei cedo e me meti no carro de quem o levaria para o aeroporto. Fomos conversando sobre assuntos banais até que, ops, a entrevista começou sem eu perceber, liguei o gravador e fiz mais umas tantas perguntas. Só não fiquei tão nervosa na hora porque já tinha falado com ele outras vezes e porque ele é simpáticos demais, demais.

Gostei de duas perguntas que fiz a ele. Uma foi ainda na palestra. "Na hora de reclamar do Sarney, você fala  mal de São Luís, do Vale Festejar, do estado inteiro... O que tem de bom no Maranhão?". O auditório inteiro riu porque, por mais que a pergunta nem fosse assinada, não havia dúvidas de quem tinha feito. E obviamente ele falou dos lençóis maranhenses e do povo. E no carro, na minha entrevista, ele falava sobre a velha história de Sarney ter "expulsado" os maranhenses do estado pela vida precária e falta de oportunidade. Rebati: "E eu, sou vítima do Sarney?". Essa resposta você pode escutar:

Isso tudo porque o Palmério me segue e aparentemente leu alguns tweets meus. No livro, ele escreve "O Maranhão se tornou o maior exportador de gente do país. Você encontraria maranhenses nos lugares mais improváveis... até em Florianópolis - que jamais havia visto um maranhense ao vivo, salvo turista". Eu completei: vai dizer que Honoráveis Bandidos não foi escrito pra mim?

Só hoje eu consegui transcrever a entrevista completa. O trabalho é pro começo de novembro, medo!

27.9.10

Quero ser frila

A foto do prof. Pimentel no currículo lattes já assusta. Atrás do rosto dele, podemos ler "Mercosul" e, descendo um pouco mais a página, descrubro que ele é um árbitro do Tribunal arbitral ad Hoc, seja lá o que isso signifique. Ele trabalha num escritório em casa, único cômodo do segundo andar. Obviamente planejado, é branquinho, com as paredes preenchidas com todo tipo de livro, janelas largas e um aparelho de som potente como nunca vi antes. O que ele escuta? Consigo imaginar o professor quebrando aquele silêncio dos passarinhos com música clássica, mas nem sei. E o silêncio é um dos motivos que ele prefere trabalhar em casa. Ele também foge daquelas salas apertadas da UFSC todas trabalhadas em divisórias de compensado.

Don Quixote de Pablo Picasso
E olha que reclamei um monte de ter que sair da universidade e andar até onde ele mora, ou seja, quase ao lado da minha casa. Pior foi que cheguei ao mesmo tempo de uma provável aluna dele de pós-doutorado, mas o tempo em que eles conversavam serviu para eu perder o nervoso que sempre me ataca e reconhecer o local. O único livro da estante que reconheci era O povo brasileiro.

A entrevista foi ótima, o cara é super inteligente e não fala do mesmo jeito que os formados em direito geralmente falam. No final, ele fez questão de mostrar o andar de uma das estantes apenas com livros escritos por ele. Perguntou se eu conhecia alguns professores do Jor, entre eles minha chefa (orientadora de um tcc avaliado por ele). Desceu as escadas comigo e ainda contou a história do Don Quixote que tem na parede.

Home offices para se inspirar


Queria Lucky embolado nessa cesta pra cachorro

Queria ser designer / ilustradora / talentosa, mas né

Para os casais que não se desgrudam

Quem se estressaria num lugar desses?

Colocaria alguma cor aí, mas esse janelão me conquista

26.9.10

What's happening?

Na falta de um twitteiro oficial, assumi o arroba @semanadojor para fazer a cobertura das mesas de discussão e palestras. E eu me perguntava: quem não ia até o auditório ou não assistia à transmissão online queria mesmo saber o que eu twittava?

Mas relatei às respostas dinâmicas e objetivas da ombudsman da Folha, o discurso mais ou menos ensaiado do Palmério Dória e as opiniões dos convidados da mesa de discussão que mais gostei, sobre jornalismo popular. Teve um dia que recebi elogios (sem tais pessoas saberem que era eu por trás do arroba) pela objetividade e informação, mas logo no outro dia fui criticada pela repetição de palavras. Hum. Só ficava pensando que deveríamos aprender a twittar em alguma aula. Daí na aula seguinte de redação IV, o professor passou um exercício para reduzirmos notícias em 110 caracteres e eu... faltei.

Suzana Singer, ombudsman da Folha
 

Palmério Dória, o papai noel
 


Mesa de discussão sobre jornalismo popular


 Mesa de discussão sobre jornalismo segmentado

E fica a discussão: quando devemos fazer essa cobertura pelo twitter? A Semana tem gente que acompanha pelo microblog porque às vezes até é aluno do curso, mas tem que trabalhar, por exemplo. Mas e as coberturas de eventos pelos veículos de comunicação, como ficam? Agora acontece o penúltimo debate entre os presidenciáveis e eu gosto de acompanhar os tweets do Noblat, por exemplo, com a opinião dele. Se ainda tivesse sem tevê, a cobertura objetiva do Congresso em Foco também seria útil. Não sei. Uma vez a minha chefa e professora comentou sobre a possibilidade de se criar uma conta para cada cobertura. Realmente nem sei o que pensar, ainda mais agora que o Manuel Castells (grande teórico de jornalismo online que eu deveria ler) tá dando uma de Lula e falando que o twitter é uma marola.

! Luisa adverte: sim, isso foi uma tentativa de lutar contra a instantaneidade do twitter e guardar algumas lembranças dessas coberturas.

23.9.10

Foca de cabeça branca

O Centro de Comunicação e Expressão (letras, cênicas, jornalismo, teatro, cinema e secretariado) tem uma nova Mari Moon. Particularmente, não vou com a cara de pessoas que pintam o cabelo inteiro de cores aleatórias depois dos 15 anos. E pra pintar aquela parte de baixo do cabelo, tem que ter um baita estilo pra sustentar a "atitude". Não quero falar mal de ninguém, a questão é que eu morro só de pensar em alguém pintando o cabelo com tanta frequência por vontade. É inveja da minha parte. Isso porque já tenho mais cabelos brancos que o Bonner e ainda estou no segundo ano da faculdade de jornalismo. Sem contar que meus fios albinos nem formam uma mecha sexy, estão em toda parte.

Os cabelos brancos começaram tímidos do lado direito do couro cabeludo, era fácil escondê-los. Claro que não ouvi minha mãe, as amigas e receitas de internet, ia arrancando todos. Agora estão espalhados, é impossível não exibí-los por aí e nem minha franja é completamente castanha agora. Desculpa, mas não consigo argumentar que cabelos brancos são meu charme ou demonstram minha experiência (qual?). Vivo em crise porque não quero ser obrigada a pintar o cabelo tão nova, sugestão das pessoas mais metidas e do namorado. Minha mãe começou a virar loira aos trinta anos e não quero mesmo ficar refém de químicas e salões de beleza aos dezenove anos.

A pior parte é que o dermatologista, minha última saída, disse que não tinha o que fazer. Não era falta de vitaminas, como uma amiga de ensino médio alardeou, estresse (culpado de tudo nessa vida) e não existem remédios. É sentar, esperar e chorar. Ou torcer para que meu organismo dê um tempo de descolorir meus fios castanhos escuros nos próximos dez anos para que eu comece a pintar as madeixas numa idade aceitável.

p.s.: Isso foi uma tentativa de texto sobre o universo feminino. Talvez o blog me acostumou a escrever só sobre mim. A gente vai continuar tentando.

22.9.10

E Nina Lemos me odeia


Xico Sá veio aqui em Florianópolis, deu uma volta na lagoa, a 9ª Semana do Jornalismo acabou, ele voou de volta para São Paulo e eu nem vim postar nada. Foi uma semana inteira de correria, resolvendo questões do evento, e alguns professores ainda queriam dar aula e cobrar exercícios. Resultado: falei às aulas e entreguei com mais de 24h de atraso o meu texto sobre a mesa de discussão de sexta-feira (sobre jornalismo segmentado). Acabei desestimulada com a vida porque o professor não aceitou o texto fora do prazo. Acontece.

A Semana começou com a loucura que é o credenciamento para os minicursos (na hora, muitas muitas vagas sobraram. Se eu pudesse, teria participado de todos, mas não tive tempo nem de fazer o que eu queria: Produção de perfis) e com nosso saldo mais que negativo. Muitos convidados quiseram mudar o horário de voo e estávamos devendo quem nos emprestou dinheiro. Já conseguíamos enxergar a falência quando lucramos muito com um Happy Hour pós-lançamento do documentário Impasse, sobre as manifestações contra o aumento da tarifa do ônibus, e na festa de encerramento no 1007 Boite Chik que acabou bombando. Quem sabe até perdemos a fama de curso com festas ruins. Quanto aos minicursos, acabaram bem na quinta-feira, mas ainda não sei como os participantes vão receber os certificados. Vamos ver se alguém resolve esse pepino.

6.9.10

First time I saw you

Quando eu fui à Macapá (AP) em 2006, a minha prima mais parecida comigo – que na época estava na sua fase mais indie - me viciou numa banda completamente desconhecida pra mim. Passava a madrugada na internet (à rádio, porque lá não tinha banda larga normal e nem sei se já tem) ouvindo a mesma música com ela. Pouco tempo depois vi outra música virar single na MTV. Uma música pra quem acredita, como o próprio Hélio Flandres descreveu no show que eu fui na semana passada. A música era Semáforo e a banda, Vanguart.

Soube desse show com dois dias de antecedência apenas pelo meu amigo de Cuiabá, cidade natal da própria banda. Apesar de estar no meio da mudança e sem dormir direito há alguns dias, lá fui eu pra Lagoa da Conceição. Da série: um show que eu nunca assistiria caso continuasse morando em São Luís.


Nem lembro mais qual foi a primeira música que o Flandres, mas minha intuição sussurra que foi Para abrir os olhos. O que é a dor? Eu não entendo, mas sinto apertar de leve o meu peito nas madrugadas quando estou a navegar. Dancei, cantarolei, errei metade das letras – é triste nunca decorar músicas inteiras, mas não consigo. Triste mesmo é que o sabor da Cachaça não é o mesmo ao vivo, ainda prefiro na madrugada ouvindo no repeat por no mínimo quatro horas e com o coração bem apertado. Você sorri movendo quase nada e antecipa a velha longa estrada e os teus galhos vão me arborizando nu. Essa música é meu toque de celular e foi a que minha prima de Macapá usou pra me apresentar a banda.

A notícia boa é que a energia de Semáforo aumenta exponencialmente no show, todo mundo se diverte. Só acredito no semáforo, só acredito no avião, eu acredito no relógio, acredito no coração. Não, não, não... Em Cosmonautas, lembrei da Anna, que me falou pouco antes que adorava essa música. Como um Rio sem Janeiro, meu fevereiro sem carnaval... Eles ainda tocaram Just to see your blue eyes see, Miss Universe, Los Chicos de Ayer, Enquanto isso na lanchonete, Antes que eu me esqueça, Beloved, uma música nova em espanhol e alguns coves.


Um dos pontos bons do show foi ficar reparando no quanto o Hélio Flandres (vocal), o guitarrista David Dafré e o baixista Reginaldo Lincoln são diferentes. O Flandres bem indie, vibrando com seu violão como se estivesse fazendo um solo na guitarra e insistindo em conversar com o público mesmo com pedidos pra ele voltar a cantar logo. Foi numa dessas que ele falou “Não vale à pena não, viu” sobre trabalhar na Mc Donald’s. O guitarrista era meio Wagner Moura, só que mais sujo e com cara de abusado, mas não daqueles podres. Ele tem uma voz bem legal, descobri que ele que canta músicas aleatórias tipo Miss Universe. O baixista é na dele, o Flandres ficou enchendo dizendo que ele era muito tímido, mas ele se revelou cantando um couver de Beatles.

Não fiquei tão triste quanto o resto dos fãs por não terem cantado The last time I saw you. Mas engraçado que o Flandres justificou a recusa do pedido do público falando que naquela altura do campeonato era difícil lembrar a letra. Eu que nunca consegui decorar nem Cachaça, só posso perdoar.

29.8.10

Todos aqui o amamos muito

"Olá, Luisa! Aos que estão lendo HONORÁVEIS BANDIDOS meu protesto como maranhense. O Maranhão e o Brasil devem muito ao Sarney. Eu posso dizer que todos aqui o amamos muito. Eu creio na honestidade, seriedade,honradez,dignidade e amor ao povo que ele tem. Se a família dele é bilionária eu tenho certeza que se deve ao senso de economia e poupança que eles têm. Obrigado! Ah! a propósito, ainda ontem me disseram que havia um saci-pererê em meu quintal. Pena que não cheguei a tempo de vê-lo. Eu acredito também em curupira, boi-tatá, mula sem cabeça, marcianinhos verdes e de antenas,papai noel...ahhh! o natal tá chegando e tenho que escrever minha cartinha....Abraço! Martin"

Para provar que no skoob os recados de spam podem te deixar no mínimo perplexa, sem saber o que achar disso tudo. No final, eu ri.

Obs.: Ainda estou bem no comecinho do livro, mas não estou gostando muito da narrativa. E queria deixar claro que nunca tinha ouvido alguém se referir a Roseana como "princesinha do calhau" antes dessa leitura.

25.8.10

Semana do Jornalismo



Gostei dessa reportagem exibida no último Fantástico sobre as queimadas no país e, principalmente, a da Ilha do Bananal - TO. A sequência de imagens te prende e você fica péssima com toda aquela vegetação sendo destruída junto com a repórter Sônia Bridi. Na verdade, melhor ainda foi ouvir da boca pra própria Sônia todo o esforço da Rede Globo para conseguir acesso à ilha fluvial - o Ibama não queria colaborar - e ainda os bastidores da viagem de helicóptero, balsa, carro velho que a equipe de reportagem teve que fazer às pressas pra conseguir fazer a cobertura.

Sônia Bridi é repórter especial da Globo, já foi correspondente em Paris, Nova Iorque e China e é formada em Jornalismo pela UFSC. A repórter veio à Florianópolis essa segunda-feira (23 de agosto) para dar uma palestra no lançamento da Semana Revista, produzida, escrita, diagramada e editada pelos alunos do curso. A publicação tem o objetivo de divulgar a Semana do Jornalismo, também organizada pelos estudantes. A nona edição acontece de 13 a 17 de setembro e adivinhem quem quem está no meio disso. Na revista, escrevi uma matéria sobre machismo nas revistas femininas e estou fazendo os contatos para os minicursos que são oferecidos durante o evento. Consegui hoje fechar a lista das oficinas e são as seguintes: Jornalismo de Humor, Jornalismo Investigativo, Produção de Perfis, Fotorreportagem, Rádiodocumentário, Videoclipe, Jornalismo de Moda e (Adobe) Premiere Avançado.

A Semana já recebeu o pessoal do CQC e o do Profissão Repórter. Esse ano, vão vir Xico Sá, Eliane Brum, Palmério Dória e muitos outros jornalistas bacanudos. Esperem só!

Começa o semestre

Título com três semanas de atraso, mas a minha desculpa da vez é que a minha internet provisória é a cabo e eu não me sinto inspirada pra vir aqui sem wireless, aham.

Meu quarto período na faculdade começou dia 9 de agosto e até parece que estou começando o curso agora. Não só porque minha empolgação com a futura profissão está bem maior, mas porque as disciplinas que estou cursando parecem que vão me ensinar alguma coisa nessa vida. São as seguintes (pela ordem de aulas na semana):

Webdesign aplicado ao jornalismo
É triste começar a semana e essa lista com a única disciplina ruim do semestre. O professor não é lá dos mais entendidos no assunto e as aulas... Nas duas primeiras lemos textos minúsculos e fingimos que fizemos seminários. Na dessa segunda, ele queria brincar com a gente no photoshop. Mais triste ainda é ver a minha oportunidade de aprender alguma coisa sobre html descendo os morros dessa cidade.

Infografia
É a única optativa (alguns chamam de eletiva) que estou fazendo. A professora é muito boa (ok, admito que ela é a minha chefa) e as aulas estão ótimas até agora. Vai ser bem naquele esquema de teoria + prática ao longo do semestre. Estou bem empolgada e agorinha mesmo paguei 12 reais na xérox de um livro da disciplina. É...

Redação IV
Primeira aula de verdade para me ensinar a escrever. Além de discussões sobre o texto jornalístico, temos bastante prática e no final do semestre vamos produzir um jornal laboratório inteiro em apenas 1 semana. Espero que meu texto evolua bastante, porque ainda acho que texto bom ainda está bem longe do meu alcance. É a disciplina que mais me empolga porque, né, quero aprender a escrever!

Edição
Com aquele mesmo professor de Planejamento Gráfico, a disciplina da revista que eu diagramei semestre passado. É no mesmo esquema de aulas teóricas chatas, exercícios práticos necessários e que geram muito aprendizado e um trabalho final interessante. Nessa matéria, vamos produzir um jornal-mural de duas folhas A3 sobre um determinado livro. Já escolhi o meu e é Honoráveis Bandidos do Palmério Dória.

Teoria da comunicação
Finalmente vou voltar a pensar na vida. A disciplina promete porque o professor e o método dele são muito bons, acho que vou aprender bastante. Apesar de ter que fichar um ou dois textos difíceis por semana...

Políticas de comunicação
É uma disciplina obrigatória da quinta fase que estou adiantando e o professor é o mesmo de Teoria. Digamos que na primeira semana o professor estava viajando e na segunda, eu faltei. Ops.

18.8.10

Quero ser Leonardo da Vinci

A invenção do relógio de pulso foi impulsionada por Santos Dumont que precisava marcar o tempo de voo e considerava perigoso ter que tirar o objeto do bolso. Uma mulher de 33 anos, formada em jornalismo e em gastronomia, ganha 3 milhões ao ano vendendo brigadeiros mais chiques que ela criou. O modelo Starbucks foi sugerido por um empregado criativo rejeitado e que depois acabou liderando toda a rede de cafeterias. O bufê de sorvete que eu tanto amo foi um reaproveitamento de um bufê de cachorro-quente perto de uma sorveteria. O site Estante Virtual foi pensado por um candidato a mestrado em Psicologia Social que precisava de livros aleatórios. O delivery de pizza surgiu com a Domino's Pizza nos dormitórios da Universidade de Michigan. O Buscapé foi uma baita sacada de uns brasileiros.

Vou largar o jornalismo, fazer uma viagem criativa e ter uma ideal genial de um negócio. Depois eu conto a experiência na Pequenas Empresas & Grandes Negócios.

p.s.: Teve nota sobre a invenção da receita da Coca-Cola, mas faltou a do Guaraná Jesus, criado por acidentalmente quando o farmacêutico Jesus tentava imitar um xarope pra não sei o que.

17.8.10

Google assassino

A imagem que o Google me passa é que ele quer matar todos os sites e ferramentas da internet que não sejam dele ou não possam ser comprados. O Wave queria matar o e-mail, o twitter, todos os outros sites do mundo e acabou enterrado. A notícia sobre o fim da onda (ou marola) ficou no final das páginas de portais de notícias, poucas pessoas twittaram sobre.

O que o Google não sabe é que ele acabou de por fim à vida da minha agenda de papel. Nunca tinha dado bola pro link "Tarefas" que tinha surgido no Gmail. Até hoje quando estava ficando louca de pensar em tantos compromissos, em tanto e-mail que tinha que mandar e todo o resto. Era um neurônio brigando com o outro pra  decidir qual pendência era mais importante. Antes que eles cometessem suicídio com overdose de sinapses, cliquei em "Tarefas" e comecei a escrever. Achei divertido. No final do dia, 17 ítens na minha lista sendo cinco deles já riscados. Ufa.

15.8.10

Cestinha de compras

Hoje fui ao shopping procurar uma bota e saí de lá com uma saia e uma sapatilha de promoções. Passei no mercado na saída e achei minhas compras bem aleatórias.

Tapete cor-de-rosa para o banheiro: porque estou nessa vibe de comprar coisas para casa aos pouquinhos.
Acetona: fiz as unhas antes de voltar à Floripa e não sei onde deixei a minha nessa loucura de mudanças.
Sabonete para o rosto: minha pele ainda não se acostumou com o frio e esse prometeu que ela não vai ficar ressecada, aham.
Bisnaguinhas: melhores amigas de uma estudante que tem que comer todo o pão que compra.
Pão de queijo: para assar na casa do namorado antes de ir pra minha própria casa.
Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios: fui conquistada pela capa. Quero saber de onde surgiu a ideia de negócios como o Twitter, Spoleto, Starbucks, entre outros. Adorava assistir esse programa da globo nos domingos de manhã, depois de assistir Siga Bem Caminhoneiro no SBT. Era uma criança um pouco perturbada.