4.10.11

Saudade, rap e UFSCTOCK

Imagine um festival organizado pelo DCE, alunos de uma universidade e coletivos independentes da cidade numa vibe woodstockiana. Assim é o UFSCTOCK (não resistiram ao trocadilho), que acontece no campus desde 2009. Ampliando o leque cultural da edição 2011, teve teatro, artes visuais, exposições e picnic. Entre as atrações, algumas bandas catarinenses, o rapper-mais-hype-de-Sampa Criolo Doido e até um grupo da Paraíba.

Criolo Doido lotou a tenda do UFSCTOCK com público que fugia da chuva chata

Foi uma semana de experimentação. Assisti a duas apresentações teatrais na Udesc (uma não vinculada ao festival, mas tudo bem) e vale lembrar que nem conheço os teatros de São Luís. A primeira era, na verdade, uma apresentação do ex-estudante de cênicas que mora comigo sobre como o corpo sente saudades. A outra, uma peça fruto das disciplinas de montagem desse ano e inspirada no texto de Brecht: O homem ajuda o homem?

Dançar rap e forró esferográfico ("uma caneta bic transforma o violão em um misto de rabeca, cello e violino, num tom mais grave") também não era algo que estava nos meus planos. O rap foi com o já citado Criolo Doido, com mais de 20 anos de carreira na música e arte-educador. A história dele é muito bacana, mas prefiro que você leia na entrevista das páginas negras da Trip sobre educação. O importante é que as músicas dele são poesia, dançantes e "nem parecem rap". Como escreveu um conhecido meu na cobertura do show, quem torceu o nariz quando soube que teria rap no UFSCTOCK acabou balançando esse mesmo nariz de cima pra baixo enquanto acompanhava as letras do Criolo. A verdade é que ele me conquistou com esse trecho da música Sucrilhos: "Cientista social, Casas Bahia e tragédia / Gosta mais de favela do que Nutella".

"São Paulo é um buquê. Buquê são flores mortas."

O tal forró esferográfico veio com a banda paraibana Cabruêra. Dizem que o começo do show foi um tédio só, eu perdi. Cheguei a tempo de ouvir solos de guitarra com referências nordestinas ao fundo, mas logo o vocalista sacou a caneta bic azul e ensinou a pegada esferográfica aos catarinenses & simpatizantes. Foi aí que a apresentação deslanchou. Teve trenzinho (não me atrevi), túnel de quadrilha e integrantes da banda se jogando no mar de universitários. O grand finale foi uma ciranda de cantigas de roda que tomou conta da tenda de 600m² da estrutura do festival. Largamos a mão para pular ouvindo Escravos de Jó num domingo à noite sóbrio. Eu estava ali no meio.

A última experimentação da semana é que eu cobri música pela primeira vez. A banda era a manézinha Felixfônica, que abriu o último dia de festival (ontem). Passei a semana ouvindo o cd cheio das referências nordestinas com rock progressivo e escrevi Baião, samba, maracatu e todas as referências pela cobertura colaborativa do site ufsctock.com. O outro texto que me fez ganhar pulseirinha de organização e crachá de imprensa foi sobre um piquenique inusitado, organizado pelo Coletivo Sem Fronteiras, que promove a utilização de lugares antes inexplorados da ilha.

Um comentário:

Mayra disse...

Adorei essa música do Criolo Doido! Nunca tinha ouvido falar dele, mas é bem interessante! Gostei :)
O festival deve ser bem legal! Na UFPR não acontece nada de útil... triste.
Esse tal forró esferográfico deve ser muito legal também! Super amei as atrações do festival, deve ter sido ótimo!
Beijos