31.10.10

Dilma presidenta

Ainda não entendi toda aquele vai-e-volta sobre o termo presidenta. Erro de marketing? Desencontro de opiniões? Divulgaram isso e depois a própria Dilma afirmou que não queria ser chamada assim caso fosse eleita.

Não votei na Dilma (tenho meus motivos), mas também não fico puta por ela ter ganhado a eleição. Não que eu não soubesse que isso ia acontecer, né. Ela ganhou e eu meio que a admiro, mas não consigo ter aquele sentimento "uau-temos-uma-presidente!". Roseana Sarney foi eleita a primeira governadora mulher do Brasil. Voltou agora pro Palácio dos Leões por causa de mais ou menos 4 mil votos (eu quase poderia ter feito a diferença). Sendo que fraudou algumas urnas eletrônicas, comprou outros votos, tudo uma beleza. Hoje deveria ter tido segundo turno lá em casa. A notícia boa? Capiberibe ganhou no Amapá. Pra onde o vô Sarney vai agora?

O mito da oficina de texto

Tudo o que eu não queria era entitular um post com "mito" depois de passar umas três noites dessa semana com um texto sobre mitologia do Roland Barthes pra teoria da comunicação. Ok...
Quando você entra na faculdade de jornalismo e percebe que existe uma disciplina de redação para cada semestre, você acha que vai aprender a escrever direito. O professor do primeiro semestre tinha acabado de voltar do doutorado e se espantou como os alunos estavam mais burros (a metáfora das orelhas é famosa: somos tão burros que as orelhas arrastam no chão) e acabou pegando leve com a gente. O segundo só queria saber de um jornalzinho-laboratório. Foi aí que comecei a aprender a diagramar. O terceiro ficava falando sobre como brasileiro não lê manual de instrução (mas eu - na verdade, ele falava em terceira pessoa -, eu leio, tchê). O atual era a nossa promessa e última chance de aprender pelo menos o básico já que a partir da quinta fase a gente já começa a ver jornalismo pra revista e nada. O semestre passou voando e já estamos planejando o jornal-laboratório Quatro.

Por esses dias caiu a imagem que eu tinha da faculdade como oficina de texto. A utopia de escrever vários notícias por semana e lapidar a escrita é só utopia mesmo. Já entendi que vou sempre aprender como melhorar meu texto, mas rola aquele medo de achar que estou fazendo tudo muito errado. Anyway, continuo tentando.

24.10.10

Blá blá blá experiência perfeita

Esse tal de Felipe Memória (who?) só pode se achar o maior engraçadinho dessa vida. Era o que eu pensava no começo do livro Design para internet: projetando a experiência perfeita (2006). O autor soltava umas piadinhas infames a cada parágrafo e eu morrendo de medo de ser mais uma leitura inútil. Felizmente não foi e, quando comecei a me envolver com o conteúdo, ele disse que ia parar com as brincadeiras. Ufa!

É preciso ser sincera. Os capítulos realmente interessantes são o segundo e o terceiro, quando ele fala do conceito e da prática de usabilidade, navegação, convenções de formatação de conteúdo e testes de usabilidade. A leitura é muito rápida já que o livro é didático e tem vários exemplos com fotos - principalmente do Globo.com, onde ele trabalhava. 

O resto do livro fala sobre as fases da criação de um projeto, uma experiência fluida e a tal experiência perfeita - que ele praticamente ignora até chegar ao último capítulo. Resumindo, ele se apóia nos argumentos de um pesquisador em psicologia para falar de uma experiência ideal, na qual o usuário fica feliz porque tem controle sobre o que está fazendo para alcançar a felicidade. Oi? Prefiro guardar o que Memória fala sobre as tabs de navegação, menus horizontais e verticais, breadcrumb trail (todo mundo conhece, mas não sabe o nome. É aquele caminho do orkut Início < Fulano de Tal < Scrapbook) e todas aquelas questões sobre teste de usabilidade. Vou fazer um com vocês, ok? Mentira.

***
Essa é uma tentativa de aprender algo sobre webdesign já que a disciplina da faculdade não ajuda em nada e no final vamos ter que construir um site. Voltei a frequentar essa aula depois de um combo de feriadão (amo aulas na segunda-feira), Semana do Jornalismo, duas faltas que eu tinha direito, mais feriado e tal. 

15.10.10

BBB no BK

Resolvi dar uma segunda chance ao Burger King brasileiro - sinto falta do bacon que New York me apresentou - e fui jantar lá hoje antes da aula de inglês. Completamente vazio. E estranho. Porque a outra vez que eu tinha ido foi na semana de inauguração e Floripa não conhecia BK antes disso.

Uma moça registrou meu pedido num iPhone versão fast-food. Só tinha uma pessoa no caixa e logo fui atendida. Recebi uma senha, fui esperar meu lanche ou a eternidade desfilar na Sapucaí. Todo o conceito de comida rápida que eu conheço desde a época que Mc Lanche Feliz era vendido a quatro reais desmoronou na minha frente. Só uma pessoa colocava os lanches na bandeja. Isso com a mesma velocidade que eu subo escada, ou seja, melhor nem comentar.

O namorado da mulher na minha frente já estava com a sua bandeja recheada e ela bafejando. A funcionária passava horas olhando para os sanduíches prontos e... não fazia mais nada. Logo identifiquei uma fiscal do trabalho. Provavelmente eram todos trainees. Nós clientes éramos cobaias e a fiscal de roupa social e rede no cabelo era um Pedro Bial silencioso. Não dizia que talvez íamos casar ou talvez não, olhava tudo e ia decidir quem seria eliminado. Porque se dependesse dos clientes na fila não restaria um empregado sequer. Quando a loira montada no salto recebeu seu lanche, experimentou a batata e descobriu que ela não estava frita. Sensacional. Fritaram novas batatas, a loira foi embora e ainda demorei uns minutos para receber meu pedido. Tanta demora e eles sequer servem nosso refrigerante. Enquanto isso, a Bial caminhava lentamente e apenas levantou a sobrancelha com o episódio das batatas.

De bizarro ainda vi uma trainee escovando os dentes no banheiro de todo mundo logo depois de tê-lo limpado. E, sinceramente, tenho um medo de conhecer - de verdade - alguém que trabalhe numa dessas redes. Não sei o que pensar.

11.10.10

Ufscães também podem, então

Fui com o namorado hoje ao Iguatemi tomar sorvete e ficamos olhando algumas vitrines. Assim que subimos ao segundo andar e passamos pela Kopenhagen, eu vi um poodle. Pretinho assim, um poodle. No colo de uma madame com idade para ser a minha mãe.

- Amor, pode cachorro no shopping?
- Acho que não. Por que?
- Oi? Tinha um na nossa frente?
- Ih, vamos falar para o segurança?

Andamos por vários corredores do segundo andar, descemos de volta e os únicos seguranças que encontramos foi de lojas tipo Renner e do supermercado. A questão é: ONDE foram parar os seguranças que corriam atrás de moleques que aprontavam no shopping? Não deveriam estar de olho nessa geração Restart? Não dá pra confiar neles só porque trocaram camiseta de banda de metal por tênis coloridos. E o triste é que perdi a chance de chegar como quem não quer nada e...

- Moço, cachorro pode entrar no shopping?

Decadência com glamour e universidade bêbada

Na aula de Redação dessa semana, em algum momento aleatório o professor falou que os americanos têm o hábito de dizer que as cidades e os habitantes possuem um certo clima, enquanto no Brasil a gente se preocupa em descrever os fatores geográficos. Como tudo o que eu não conheço de Floripa é a geografia - afinal, nunca fui a uma praia sequer -, me limito a dizer que são dois mundos diferentes. E pelas pessoas.

Em São Luís, nunca convivi com as jovens Sarney, Murad, Duailibe. Não era das escolas mais caras e muito menos ia a baladas. As pessoas que conheço, os amigos da minha irmã, os novos amigos que meus amigos fizeram depois que vim embora, todos poderiam ser classificados em duas palavras: glamour decadente. Essa expressão surgiu um dia na minha cabeça e nunca mais foi embora. E fica ecoando, reverberando, martelando no meu cérebro quando minhas amigas me levam para os lugares típicos das pessoas que curtem rock, insistem em formar bandas que eles próprios não levam à frente e que usam roupas na maioria das vezes impróprias para o nosso calor.

O glamour decadente encontraria sua chance aqui em Floripa no Ufstock, evento anual organizado pelo Diretório Central dos Estudantes. Ainda assim, a maioria das nossas festas são: Trote Integrado do CTC (Centro Tecnológico), Tourada da Mecânica, Linguição da Automação, Insanitária, Cervejada da Saúde e Happy Hours infinitos, com predominância dos realizados no Centro Sócio-Econômico. Nos arredores da UFSC, vivem os universitários bêbados que aproveitam qualquer festa com Sol barata, colecionam canecas de cervejadas e vivem o auge da bebedeira nas festas com 3 Heineken por 5 pila - essas só acontecem duas vezes ao ano. Convenhamos que as pessoas se vestem um tanto melhor por aqui, mas temos que conviver com os engenheiros que sempre fazem xixi na parede do CA do Jornalismo - um dos primeiros do corredor de centro acadêmico -, além de ter que aceitar o banho de cerveja. Esse sim é inevitável.

2.10.10

Ping-pong

Escolhi o livro para o meu jornal-mural (trabalho para a disciplina de Edição) ainda no semestre passado. E como Palmério Dória, autor de Honoráveis Bandidos, foi convidado para a Semana do Jornalismo fiquei ainda mais empolgada porque poderia entrevistá-lo pessoalmente. Entrei em contato com Palmério previamente por e-mail e marcamos nossa entrevista para a quinta (16) no caminho para o aeroporto.

Conheci o jornalista e escritor antes da palestra dele começar na quarta à noite. A baby-sitter (chamamos assim quem acompanha os convidados da Semana) nos apresentou e conversamos um pouco. Quase explodi de timidez. A palestra foi boa, mas nem tanto porque ele repete em todo lugar coisas do tipo "todo jornalismo é jornalismo investigativo", as vezes que ele viu Sarney na vida, sobre a candidatura que virou picolé - quando Roseana foi candidata a presidente.

No dia seguinte, acordei cedo e me meti no carro de quem o levaria para o aeroporto. Fomos conversando sobre assuntos banais até que, ops, a entrevista começou sem eu perceber, liguei o gravador e fiz mais umas tantas perguntas. Só não fiquei tão nervosa na hora porque já tinha falado com ele outras vezes e porque ele é simpáticos demais, demais.

Gostei de duas perguntas que fiz a ele. Uma foi ainda na palestra. "Na hora de reclamar do Sarney, você fala  mal de São Luís, do Vale Festejar, do estado inteiro... O que tem de bom no Maranhão?". O auditório inteiro riu porque, por mais que a pergunta nem fosse assinada, não havia dúvidas de quem tinha feito. E obviamente ele falou dos lençóis maranhenses e do povo. E no carro, na minha entrevista, ele falava sobre a velha história de Sarney ter "expulsado" os maranhenses do estado pela vida precária e falta de oportunidade. Rebati: "E eu, sou vítima do Sarney?". Essa resposta você pode escutar:

Isso tudo porque o Palmério me segue e aparentemente leu alguns tweets meus. No livro, ele escreve "O Maranhão se tornou o maior exportador de gente do país. Você encontraria maranhenses nos lugares mais improváveis... até em Florianópolis - que jamais havia visto um maranhense ao vivo, salvo turista". Eu completei: vai dizer que Honoráveis Bandidos não foi escrito pra mim?

Só hoje eu consegui transcrever a entrevista completa. O trabalho é pro começo de novembro, medo!