18.10.09

Vida de Gato, Clarah Averbuck

Quando meu namorado me perguntou sobre o que era o livro, pensei por um tempinho e respondi "História de uma mulher que levou um pé na bunda". Falei pouco, talvez na onda do twitter. Só sei que ele perguntou por que pessoas escrevem livros sobre isso e meio que riu.
Pensei melhor e vi que não dá pra resumir a história de Camila, a protagonista, como um simples pé na bunda. Quis ler pra ver se entendia o que leva uma mulher a passar tanto tempo sofrendo por um cara, a definhar por um amor que ela sabia que nunca tinha sido correspondido e, mesmo assim, se deixou iludir.
Acho engraçado alguém viver assim sem muita perspectivas, se deixando levar pelo dia-a-dia, acumulando dívidas no bar preferido... Porque acho engraçado tudo que me parece estranho. Como sentir frio nas mãos. Mas, por outro lado, gostava da Camila porque ela conquistava as amizades mais interessantes e inusitadas. Como o caixa do bar predileto que guardava os cartazes de filmes para ela.
No começo, você acha a protagonista uma louca. Como alguém vive sem dinheiro e ainda viaja por aí? Como gasta 100 reais numa bota e guarda 50 pra se sustentar por um bom tempo? Como alguém ocupa o apartamento de uma velhinha sem pagar aluguel há séculos? E a família dela, cadê?
Mas aí você se envolve com a história e com os pensamentos da Camila, já que o livro é narrado em primeira pessoa. Você começa a enxergar que nem todo mundo precisa do que você precisa pra viver. E que, dane-se, deixa a Camila viver do jeito felino que ela quer.

Clarah Averbuck escreve tão bem que você nem se incomoda com os palavrões. E ela têm umas frases, umas linhas de pensamento geniais. Rabisquei meu livro inteiro.

16.10.09

Aeroporto de Brasília, 15/10 às 23h10

Fico me perguntando por que viagens de avião não conseguem dar certo comigo. Depois dos voos conturbados tanto na ida quanto na volta da Jamaica, cheguei no horário para a viagem à São Luís. Sim, depois de sete meses, voltei à Ilha do Amor para ver alguns familiares e comer farinha de verdade com Guaraná Jesus, sabe como é. Estava tudo lindo até que sentei no avião que me levaria à Florianópolis. Comecei a ler o livro (Vida de Gato, Clarah Averbuck) que comprei numa promoção da Laselva por 7,90 e achei estranho o tanto de tempo que passamos parados no solo.
Até que o comandante começou um aviso falando que estava tudo pronto para a decolagem e o computador deu uma mensagem de erro... Falha na comunicação do comandante. Olhei para o computador que os comissários usam e ele mostrava uma mensagem estranha. E todas as luzes, de atar cintos, de proibido fumar, do banheiro, as que chamam as aeromoças, todas elas começaram a piscar como dando pane. “É hoje que morro voando”, pensei.
Toda vez que entro num meio de transporte penso que vou morrer lá dentro, mas dessa vez tinha mais certeza. Daí o aviso do comandante voltou e ele estava se despedindo “Obrigada pela atenção, blábláblá”. Uma das comissárias disse a ele que não havíamos escutado a melhor parte. E ele repetiu, é claro. Parece que houve uma falha no computador que grava os dados do voo e a legislação (?) diz que aviões não podem decolar sem isso funcionando. Só sei que teríamos que trocar de aeronave e, antes disso, esperar o nosso “despachante” que nos guiaria de volta ao salão de embarque.
Durante cinqüenta minutos pensei no que fazer. Estava sem créditos no celular. Como avisar quem iria me buscar no aeroporto que eu iria trocar de avião? Meu assento era o da janela. No meio não tinha ninguém, o que foi bom já que pude colocar meu fardo de Jesus nos pés da cadeira ao lado. Já no corredor, tinha um senhor que parecia ter uns 50 anos. Tomei coragem e pedi uma mensagem de texto para que pudesse avisar meus parentes. Demorei tanto pra tomar essa coragem que no meio da mensagem (digitei super lenta porque nunca tinha mexido num Blackberry) as pessoas começaram a sair do avião.
Quase corri para a livraria para comprar crédito para o celular. Sistema da TIM fora do ar. Cartão telefônico? Foi o jeito. Avisei que teria que trocar de aeronave. E informaram pelos alto-falantes que o avião que me levaria à Floripa chegaria aqui às 23 horas e o embarque estava previsto para às 23h30. Liguei mais. Fali comprando três cartões. As unidades parecem fugir de mim. Acabaram de dizer que meu avião se encontra em solo e que devemos aguardar acomodados perto do portão 12 até que o embarque tenha início.
Não tinha cadeira vaga, sentei no chão. Cena clássica. Pelo menos não estou mais com calor. E tenho meu notebook para digitar isso e escutar Sutilmente do Skank. Sabe, acho que o Protógenes Queiroz está no meu voo. Já assisti a uma palestra dele na Ufsc e tenho certeza de que é ele. Também acho que senadores voarão comigo. Vi um, bem velho, cabeça toda branca, batendo um papo esperto com uma aeromoça que reclamava ter sido remanejada pra esse voo à Floripa. Antes, ela iria para casa – Campo Grande – e ficaria por lá durante cinco dias. Me chamaram para o embarque, devo enfrentar uma baita fila. E nem aguento mais carregar o fardo de Jesus. Meus dedos estão vermelhos e um pouco inchados.  São sete quilos, caramba! Isso na mão... Sem contar a mochila nas costas. Só meu note queriido pesa 2,4 kg.

p.s.: Hoje eu penso que foi melhor ter me atrasado por duas horas do que o avião ter dado pane no ar, peeense!

2.10.09

Um dia de gasparzinho

Não sei se eu iria realizar vários desejos pequenos se ficasse invisível durante 24 horas. Não poderia ficar lendo na livraria, porque um livro flutuando seria estranho. Nem poderia comer no Restaurante Universitário de graça porque um prato flutuante seria mais bizarro ainda. Para andar de ônibus sem passar pela catraca, teria que ser bem rápida e subir antes do motorista fechar as portas. O legal seria poder assistir a todos os filmes do cinema sem pagar. E ninguém ia reparar que eu estava sozinha, nem que eu estava ali. Mas acho que passar o dia vendo filmes me deixaria entediada. O ideal seria guardar essas 24 horas invisíveis para aqueles dias mal-humorados que me fazem pensar que eu nem deveria ter levantado da cama. Como seria bom não precisar dar bom dia para ninguém na faculdade, nem conversar quando conversassem comigo, nem fazer a social sem estar afim e assistir a aula que eu precisasse. Ruim seria levar falta, mas tudo bem.

Pauta para o Tudo de Blog

1.10.09

Uma dica

Pouco depois de terminar os desenhos do layout, que me ocuparam a madrugada inteira, ia fechar o notebook para ler/dormir. Como quem não quer nada, resolvi dar uma olhada no G1. Bem desculpa de quem quer adiar a saída da internet. O importante é que dei de cara com a manchete que noticiava o adiamento do ENEM. Suspeita de fraude. Jornal O Estado de São Paulo. Provas do final de semana canceladas. A nova data da avaliação deve ser em novembro. Universidades como a USP vão estudar a possibilidade de ainda usar o resultado do Enem no vestibular desse ano. Já a UFMA, que adotou o sistema integralmente, terá o calendário atrasado, acredito.

Só consigo pensar como eu ficaria abalada se ainda fosse vestibulanda. Então eu dou um pequeno conselho: em 45 dias você não vai conseguir aprender aquilo tudo que não estudou nos últimos meses ou todo o conteúdo novo que ainda falta (porque sempre falta alguma coisa). Melhor fazer uma revisão caprichada do que você já estudou e aprender alguns assuntos-chave que são recorrentes em vestibulares. Não vá com tanta sede ao pote, esses dias vão passar voando. Sério.

Rosas (sem cravos)

"As rosas não falam, simplesmente exalam o perfume que roubam de ti."
As Rosas não Falam, Vanessa da Mata.