31.5.08

O Cravo e a Rosa

(Parte IX - 2008)

Após aquele primeiro jantar, Fábio e Rosinha se encontraram diversas vezes. Vários encontros e presentes depois, a proximidade deles chegou a tal ponto que fez a filha mais velha de Rosinha, Janaína, ficar com ciúmes da mãe. A caçula adorava e aprovava o namoro já que gostava de ouvir o "padrasto" contando sobre o passado que tem em comum com Rosinha.

Passaram então a ficar o tempo todo juntos. Durante a semana, saíam quando a rotina pesada de trabalho permitia. Nos finais de semana, Rosinha quase não via as filhas. O que só fazia crescer o ciúme de Janaína, que nunca se mostrou fã do namorado da mãe. Ao menos ela nunca chegou a se tornar uma pedra no caminho dos antigos amantes.

Fábio sabia que voltaria à Espanha no começo de 2008. Portanto, tratou de aproveitar todo os momentos possíveis ao lado de Rosa. Iam à praia, jantavam fora, viajavam juntos. Foram a Panaquatira, Fortaleza, Carolina, Imperatriz. No fim de 2007, o casal não se separava instante algum e, para alívio de Janaína e Andréia, a mãe delas parou em casa quando Fábio foi para a Europa em fevereiro de 2008.

Então outra fase começou na vida de Rosinha: ela aprendeu a usar o messenger e não desgrudava do computador nas tardes dos finais de semana/feriados. Comprou um microfone e desenterrou a web cam que tinham em casa. Quando não usavam a internet, se falavam por telefone. Logo descobriram que chamadas internacionais são realmente caras e ficaram só com a internet mesmo.

Depois de cerca de quatro meses de espera, Rosinha viaja amanhã para a Espanha. Vai passar mais ou menos 20 dias na Europa e vai passar também pela Itália, França e por Portugal. Sim, eu conheço Rosinha. Mas é claro que não a chamo assim. Chamo-a de mãe.

p.s.: No blogger, alguém comentou anonimamente na parte XVIII de O Cravo e a Rosa, dizendo que eu devia revelar que a história era da minha mãe e do meu padrasto. Quase que estragam o meu final!

28.5.08

Meus últimos sonhos

1. Meu padrasto era o Diogo Mainardi (colunista da Veja que escreveu o livro Lula é Minha Anta) e ele tinha uma fábrica de cuecas além de ser jornalista. Em um belo dia, eu resolvi usar uma dessas cuecas que ele produzia, descobriram e o prenderam por pedofilia. (?)

2. Eu estava em um shopping de São Paulo com minha mãe e de repente olhamos o Evaristo Costa (!!!). Corri até ele e pedi para que ela tirasse uma foto nossa. Depois da foto, ficamos conversando um pouquinho e ele ficou suuper interessado em mamãe. Perguntava se ela era realmente minha mãe porque ela parecia ser muito jovem e era muito bonita. Peense numa pessoa que ficou revoltada no sonho.

Sei que esses sonhos são estranhos, mas eu nunca tive interesse por nenhum padrasto meu, tá?

p.s.: A minha conta no blogger começou a dar problema e, por isso, mudei pra cá. Mas eu nem vou deletar o andmakemesmile.blogger porque eu não consigo me desfazer dos arquivos assim tão fácil.
p.p.s.: Até pensei em mudar o nome, mas disseram que gostavam dele e eu também nem consegui pensar em algo que fosse bonitinho e combinasse comigo.
p.p.p.s: Acho o Diogo Mainardi tãão lindo. Na foto dele na Veja ele tá bem feio, mas quando o vi no Programa do Jô...

25.5.08

Havaianas Slim

Com toda minha paixão por roxo, sempre sonhei em ter aquela havaiana slim que é listrada branca e roxa (claro). E minha irmã queria a versão cor-de-rosa. Hoje ela e mamãe saíram para comprar o nosso almoço e voltaram com várias compras felizes: churrasco, lixa de unha colorida, halls e... a minha tão sonhada havaiana!

São nessas horas que percebo as diferenças de comportamento entre eu e minha irmã. Enquanto ela estreia sua havaiana em casa, a minha está em cima da mesinha do meu quarto. Afinal, não sou louca de deixá-la no chão, onde meu cachorro pode facilmente mordê-la.

Franjão

Uma das meninas lá da sala tem o cabelo imenso e horrível. Ele nem devia ser feio, mas ela resolveu pintá-lo com aquelas tintas pretas que ficam ridículas, super falsas. Além disso, ela teve franjinha tipo Alinne Moraes e agora ela tá crescida e, ainda assim, a garota usa aquela coisa reta meio que pra frente no rosto.

Enfim, logo essa menina resolveu me falar hoje:

- Tá na hora de cortar essa franja, hein.

Sendo que eu fui ao salão semana passada (eu acho). E, meu bem, eu uso franjão, não franjinha.

21.5.08

Estudos, meu único assunto

Tenho que parar de me importar com a vida estudandil dos outros. Sério. Não vou mais ligar se a Márcia (ver post do dia 7) falta às aulas particulares que faz comigo por preguiça ou para assistir a um filme, se ela falta aula da escola para dormir, se ela não estuda para passar na UFMA ou qualquer coisa do tipo. Sei que me preocupo não só com a Márcia, mas com todas as minhas amigas, queria que todas nós passássemos na federal. Mas é difícil acreditar no potencial delas quando a que quer medicina fica saindo o tempo todo ou até mesmo a outra que também quer medicina fica desmerecendo aulas de redações sendo que a produção textual desclassifica alguém rapidinho. Se já é difícil acreditar na minha própria aprovação no vestibular, sabendo as horas que durmo a menos, os esforços que faço a mais...

Saiu o ranking do primeiro bimestre:
1. Amiga minha que prova que garotas bonitas podem ser inteligentes/boas dançarinas/ etc.
2. Nerd magrelo que fica sozinho no recreio.
2. Nerd gordinho que também fica sozinho no recreio. (Sim, as médias deles foram iguais)
3. Amiga minha filha do melhor professor de história do MA (o meu, tá.)
4. Fred (alguém lembra desse nome?)
5. Garota inteligente normal.
6. Eu, oi.

Tá vendo! Nem sou tão nerd quanto aparento. (Se bem que as médias variam em poucos décimos) Faço mais o tipo que acerta questões que ninguém acerta, mas que se confunde nas provas de biologia e que não estudava para filosofia porque não vai cair no meu vestibular, enfim.

p.s.: Márcia acabou de dizer que nem foi assistir ao filme. E também não foi à aula. Ai, ai.

17.5.08

Vinícius

Descobri que tenho um amigo intelectualóide. Daqueles incompreendidos pelo mundo que escrevem poesias e que nunca são vistos com a barba feita. Quando o conheci, ele era um pirralho feliz menor que eu, que tirava fotos alegres e que usava aquelas blusas que imitam sobreposição (uma camisa com outra de manga comprida por baixo). Agora ele (além de ser maior que eu) usa roupas escuras e raramente demonstra felicidade.

Hoje, quando o vi, ele nem olhou para o lado e eu tive que chamá-lo pelo nome. Ele me olhou, esboçou um sorriso quase imperceptível e veio falar comigo. Quando o abracei, senti cheiro de cigarro. Ele me fez perguntas esperando receber respostas melancólicas. Sinto muito, mas é difícil me ouvir falando de tristeza. Quando perguntei se ele estava bem, respondeu que sofrera desilusões. Então fez uma cara de quem havia por passado por tanta coisa que era impossível falar sobre tudo em um pequeno encontro no curso de inglês. Nada mais contrastante que eu com minha rasteira cor-de-rosa com paetês, sorrindo o tempo todo e ele com sua blusa listrada, morta, e aquela expressão séria.

É um disperdício tão grande viver não sendo otimista, não sorrindo dos problemas que surgem... Sendo mais alegre, as pessoas gostam mais de você, você gosta mais de si. Mas é melhor deixar meu amigo do jeito que ele é. Talvez ele se torne um escritor renomado e escreva sobre uma menina que só sabia sorrir.

11.5.08

Dois olhos verdes

Loira (cofcof) dos olhos verdes e um pouco egoísta: assim posso caracterizar minha mãe. Quis ficar com os olhos bonitos só para ela e deixou tanto eu quanto minha irmã com olhos castanhos médio. Deixando os traumas de lado, ela conquista todos meus amigos pela beleza (claro), pela simpatia e pelo jeito ‘mãe’ com que fala com as pessoas.

Mãe que não pára em casa durante a semana por causa do trabalho e que devia receber presentes tanto no dia das mães quanto no dia dos pais. A mesma mãe que sai na sexta-feira e reclama quando a acordo para me levar a escola. Falando em escola, ela é a pessoa que mais se importa com nota de todas. E, não sei se vocês sabem, eu sou do tipo que quer mudar o sistema. Ao menos o sistema escolar. Depois disso tudo, ela ainda briga comigo quando eu estudo no fim de semana.

Mãe que não me acorda quando me atraso e me faz perder aulas que eu realmente precisava assistir. E essas são as melhores maneiras de tirar as lições de vida das quais ela tanto fala. Mãe que arranja confusão em todos os lugares possíveis. No hospital quando eu nem ia me consultar mais já que estava passando mal, por exemplo.

Mãe que assiste o Jornal Nacional comigo, que não me deixa falar na hora das novelas, que parece com o Lenine e odeia a comparação, que me cutuca e pede que eu não vá embora, fingindo que o pedido é brincadeira.

p.s.: Eu nem ia escrever sobre mães, mas tem como pensar em outra coisa hoje?! Ainda mais porque minha irmã-louca-por-trabalhos-manuais está ornamentando um café da manhã para mamãe.
p.p.s.: Sei que ninguém percebeu, mas o título é uma adaptação da música Dois Olhos Negros do Lenine.

7.5.08

Propaganda Enganosa

Quando conheci a Márcia* há cinco anos, ela era uma garota gordinha, baixinha e que não sabia combinar roupa. Nós tínhamos onze/doze anos e era o primeiro dia de aula da 6ª série. O que me chamou atenção nessa menina foi o jeito extrovertido, alegre, espontâneo. Ela falava alto, não tinha papas na língua e, ainda por cima, se apaixonava fácil, fácil. Tinha como não gostar dela? Além disso tudo, ela tinha muita força de vontade. Lembro que, na sétima série, suas duas primeiras notas em matemática foram 3. Em compensação, disse que recuperaria os pontos e tirou 10 nos outros dois testes.

O tempo passou e, hoje em dia, ela continua baixa e até um pouco gordinha. Mas aconteceram mudanças. Algumas boas (agora ela se veste bem) e outras ruins. Márcia ainda é extrovertida, mas já não tem aquele brilho que percebi nela quando nos conhecemos. Ela adquiriu uma das piores manias: a de se lamentar. Quando tira nota baixa em uma prova, não tenta se recuperar com a avidez de antigamente. Sim, ela perdeu a admirada força de vontade. Não se move a estudar o bastante para passar nem na federal daqui e muito menos na federal de um interior de São Paulo, para onde poderia se mudar com a mãe no ano que vem.

A minha ficha caiu quando nos atrasamos para a aula de um professor que é nosso amigo e que não reclamaria do nosso atraso. Ela se recusou a abrir a porta, falou que não tinha coragem. Para onde foi a Márcia atrevida que conhecia? Sem acreditar que ela tinha dito aquilo, abri a porta e pedi licença. "Não te conheci assim", falei para ela quando chegamos aos nossos lugares.

*Nome modificado. Vai que alguém por aqui a conhece.

p.s.: Fizeram um mapeamento para a minha sala. Deixaram-me no meu lugar mas tiraram todas as minhas amigas de perto de mim! Inclusive a Márcia. Agora, do meu lado senta uma louca que não entendia porque 10² era 100 e atrás de mim, uma garota que não pára de falar.

1.5.08

O Cravo e a Rosa

(Parte VIII – 2007)

- Dona Rosângela, a senhora recebeu flores – falou a empregada, entregando o buquê à patroa.
Rosinha sorriu para aquelas rosas cor-de-rosa e foi logo abordada pelas filhas:
- Mãe, quem te mandou essas flores?
- Vocês se lembram que eu falei que eu reencontrei aquele meu amigo, o Fábio? ...

Poucos dias antes, Rosinha começou um pequeno curso sobre legislação no trânsito, pois havia completado quarenta e um anos e precisava renovar sua carteira de motorista. O que ela não imaginava é que reencontraria naquelas aulas sua amiga, e ex-cunhada, da Rua Raimundo Correia. Melissa contou para a amiga que Fábio, seu irmão, estava na cidade e os antigos namorados se reencontraram no dia em que ele foi buscar a irmã no curso.

Na mesma noite, saíram para jantar. Foram a um bar na avenida litorânea. Fábio estava se separando de Lucimar e precisava de um ombro amigo. Rosinha estava numa fase de aproveitar a vida, saía para dançar toda sexta-feira e ainda se recuperava do fim de um relacionamento longo que não acabou de maneira amigável. O reencontro não poderia ter acontecido em melhor hora. E, para melhorar ainda mais a ocasião, uma das primeiras coisas que ele fez ao chegarem ao bar foi recitar:

- De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento (...).

Sim, era o Soneto da Fidelidade de Vinícius de Moraes. Aquele soneto que estava no cartão que Rosinha deu a Fábio no primeiro dia dos namorados que passaram juntos.