30.12.07

Macapá

Amanhã deixo esta terra que não tem Mc Donald´s e muito menos avenidas com meio-fio. Sabe, a viagem não foi nem um pouco ruim. Fazer nada é sempre bom e, aqui, pude perceber que eu reclamo de boca cheia quando falo da minha cidade.

Gostei das pessoas daqui, a maioria se mostrou simpática e tudo mais. Eu gosto de sotaques. Acho muito bonitinho os macapaenses puxando o S e falando "galhinha" e "lhindo".

Um dia passei pelo Amazonas e perguntei "Esse é o Amazonas, né?". Sabe, eu tava tão acostumada com a litorânea de São Luís.

Descobri que a minha tia, antes considerada a mais sem graça, é uma das que mais tem a ver comigo e compartilha comigo o gosto pela leitura.

Li cinco livros aqui. Os melhores foram O Menino do Pijama Listrado e O Perfume.

Ah, descobri uma coisa boa. Aqui, ao contrário de São Luís, tem mais homens bonitos que mulheres bonitas.

Aqui tem umas coisinhas boas. Um dos três remanescentes de quilombolas e a fortaleza mais preservada do Brasil. É só pra quem pode, benhê.

Nunca mais voltarei aqui na minha vida. Minha família não morará mais aqui daqui a uns anos. Então é realmente provável que eu não venha mais aqui. E digo. É muito estranho conhecer pessoas e conviver com algumas delas sabendo que (talvez) você nunca mais as verá na vida. Estranho, muito estranho. E essas frases aleatórias? Mais estranhas ainda.

26.12.07

Conversa fora de hora

Hoje fui acordada por duas amigas conversando por cima de mim que estava dormindo na rede. Tantos outros lugares na casa.... Enfim, uma estava dando escândalo porque estava indo ao dentista pra tratar uma cárie que se formou num buraco de obturação (não faço questão disso estar escrito certo). Essa menina tá dando pití, na verdade, desde segunda-feira quando ela começou o tal tratamento. Tudo bem que essas coisas no dente doem pra caramba e que ela é traumatizada porque já fez quinhentas mil cirurgias por causa do aparelho que usava, mas precisa de tudo isso?

Ela começou o seu discurso de como o aparelho era ruim. A outra menina, que usa aparelho há séculos, estava ouvindo. Ela começou a dizer que achava o cúmulo quando alguém queria usar aparelho por questão de estética. No mesmo instante, me meti na conversa e disse que eu vou usar (um dia) por questão de estética sim. Aí pronto, ela quase me bateu. Disse que meus dentes eram perfeitos (não são) e quase me bateu, ela ficou alterada mesmo.

Gente, se alguém quiser enriquecer um dentista e colocar mil coisas na boca, deixa esse alguém. Pelo amor de Deus, ela não passa horas no salão arrumando o cabelo? Por que alguém não pode passar horas na cadeira do dentista? Isso tudo foi só pra dizer que se as pessoas aceitassem as vontades das outras, a vida seria muito mais feliz. Cada um faz suas escolhas e pronto. Se aquela minha prima quer mesmo ser Miss Amapá, que seja. Que faça tudo para se tornar Miss que eu assisto a competição de Miss Brasil só pra vê-la na TV.

24.12.07

Dia de Natal

Sim, estou em Macapá. Ou como o povo daqui costuma dizer, estou no meio do mundo. (Acho que tem a ver com o fato da cidade ser cortada pela Linha do Equador e tudo mais). A viagem tá sendo boa, por mais que eu nâo tenha feito nada de tâo interessante assim. O aeroporto daqui é lastimável e agora eu entendo porque meus familiares acham São Luís uma cidade tão bonita.

Ontem eu tive o desprazer de assistir a uma apresentação de um cantor que foi criado lá no Maranhão. Sabe quando você sente vergonha pelos outros? Imagina quando esse outro tá em cima do palco do Teatro das Bacabeiras (oh, oh, aprendi o nome!). E quando eu fui na confraternização do trabalho do meu tio, tocou reagge e, bom, o cantor (que é conhecido da minha família) elogiou o jeito que eu dançava. Também, com sangue maranhanse se eu não fizesse bonito ia até pegar mal.

Agora vou correr daqui que é NATAL, minha gente. E eu ainda nem fiz meu cabelo...

16.12.07

Recado para o bom menino

- Quando penso em despedidas, logo me vem à cabeça um aeroporto no qual uma garota entrega sua passagem e, depois, sobe a escada rolante em direção à sala de embarque dando um tchauzinho acompanhado de um sorriso. Eu não vou te levar ao aeroporto. Não te acompanharei enquanto fizeres o check-in e não te olharei dando aquele sorrisinho meio bobo antes de me dar as costas para sempre. Afinal, você não me dará as costas. Não literalmente.

- Felizmente, minha memória seletiva me permite lembrar com detalhes da manhã na qual você me disse que ia partir. Você chegou dizendo que tinha algo para nos contar. Alguém leu a sua mente e disse que você ia embora. Eu, incrédula, soltei um ''Até parece!''.

- Quando você explicava os seus motivos, enxerguei quase que os meus próprios motivos para querer ir embora daqui. A insatisfação com a cidade, o mercado de trabalho, tudo. Outros também ficaram surpresos, claro. Só que éramos os únicos com os olhos marejados. Sua voz fraquejava e ainda bem que eu não precisei dizer algo. Minha voz não teria saído.

- Sei que me acostumarei rápido a viver sem ti. Eu sempre me acostumo rápido, é verdade. Mas sempre lembrarei das suas breguices, meu bom menino.

14.12.07

Correria

-É, eu andei sumida mesmo, né? Às vezes (sempre) os estudos sobem à minha cabeça e não deixam este computador atrativo. Além de que sempre há correria nos finais de ano. Dessa vez, meu tempo foi consumido pelos conteúdos de escola atrasados, uma reforma na casa e ida a muitos médicos quando fiquei de férias do colégio. Falar em médicos, fiquei super encantada com meu dermatologista... Eeeenfim, aproveitei pra descobrir que eu realmente tenho uma perna maior que a outra.

- Agora que estou de férias de verdade, começarei a aprontar minhas malas e viajarei nesta segunda para a floresta amazônica. Sim! Estou indo para o Amapá. Saindo de uma cidade com menos de um milhão de pessoas para ir a outra com uns 200 mil (fonte não muito segura). Lá, arranjarei assuntos para escrever aqui. Nem que o rio Amazonas se torne minha fonte inspiradora.

-Se eu não postar antes da viagem, desejem-me boa sorte. Torçam para que eu não vire uma índia (nada contra as pessoas do norte, tá? XD)!