29.4.10

Pequeno dilema existencial

Esses dias tava vivendo o dilema de ter que analisar num filme (Terra de Ninguém) a cobertura da imprensa e ainda falar um pouco sobre jornalismo de guerra pra um trabalho da disciplina de Jornalismo Internacional. Sendo que estou na terceira fase apenas e, bem, nunca escrevi nem uma reportagem (só notícias). Acho que a gente entra na faculdade de Jornalismo esperando aprender a escrever ainda no primeiro ano e só ir aperfeiçoando o texto no resto do curso. Bem, não é isso o que acontece. Ao menos não na UFSC. Talvez a partir do semestre que vem eu comece a perceber que estou de fato aprendendo a escrever textos jornalísticos nas aulas de Redação (temos uma para cada semestre da faculdade).

O que importa é que no fim do dia eu apresentei o tal trabalho e nem achei tão forçado assim. Principalmente porque tentei compensar minha inexperiência correndo atrás de alguma bibliografia. 

28.4.10

Boa noite, Cid

Na segunda, fui assistir a uma conversa com o octogenário Cid Moreira e a mulher dele, Fátima Sampaio Moreira, no Iguatemi. E eu me pergunto o que São Pedro tem contra os eventos organizados pela Saraiva pra sempre mandar cair um pequeno dilúvio aqui em Florianópolis nos dias que eles acontecem.

A conversa foi levada muito bem pelo jornalista Mário Motta e gostei de ter ido. Apesar da mulher dele não calar a boca. Tudo bem que foi ela quem escreveu a biografia do Cid, mas queríamos ouvir o ex-apresentador do Jornal Nacional. Ela o interrompia, contava de uma forma sobre ele ser mulherengo que eu ficava com vergonha alheia e ainda o fez mudar uma resposta no meio da sua fala.

Sinto um pouco de pena dele, porque, de uma maneira ou de outra, o Cid Moreira de hoje em dia tem um lado macaco de circo. Abriu e fechou o evento falando "Boa noite a todos" e deu outros vários "Boa noite" durante a conversa com o jornalista e o público.

Prefiro nem comentar sobre ele ter gravado em 6 anos a locução de toda a bíblia e nem sobre o salmo que ele leu pra gente, mas vi o Cid assim de perto e fiquei impressionada como a sua voz não dá nenhum sinal da idade que ele tem (82 anos). Boa noite.

19.4.10

( )

Seria mentira dizer que moro longe da minha família. Meus pais, meus irmãos, minha vó, estão de fato a milhares de quilômetros de mim. Mas não considerar as pessoas que convivem aqui comigo como família é heresia, muita heresia. Num final de semana, que eu tava sem saco pra ir numa festa onde ia ver as pessoas que já vejo todo dia, acontece um desastre pra deixar todo mundo bem unido.

Hoje tava escovando meus dentes no banheiro do curso depois de almoçar quando meu namorado me chama pra dizer que achavam que uma colega nossa de turma sofreu um acidente de carro voltando pra Florianópolis e faleceu. Terminei de escovar os dentes tremendo, fui onde meus amigos e li o nome dela numa notícia do Estadão. Sério, não dava pra acreditar. Todo mundo torcia pra que não fosse ela, que fosse uma coincidência maluca. Não era. Perdemos uma colega que dividia a sala de aula com a gente desde março do ano passado, que tinha sonhos similares aos nossos, que tinha tanta coisa pra viver, como a gente...

Ela sempre foi uma menina muito reservada, mas a turma toda entrou em choque. Até quem não a conhecia, ficou assim também. Os professores, coordenadores... Conseguimos marcar um culto ecumênico amanhã às 16 horas, vamos homenageá-la. No fim do dia, ninguém conseguia pensar em outra coisa, ninguém fez o que tinha que fazer. Estamos exaustos ainda. Quando cheguei em casa, fui ler as notícias que eu já tinha lido mil vezes durante o dia e as novas, com mais detalhes sobre o acidente. Fico lendo o mesmo texto muitas vezes e torço pra que todos aqueles fatos virem mentira. É revoltante que isso tenha acontecido com ela. Parte de mim ainda se recusa a acreditar. Triste...

16.4.10

535 para Twilight

Na página inicial do Skoob, aquela rede social para leitores, você encontra os últimos livros adicionados pelos usuários e também os mais lidos. Harry Potter e O Código da Vinci sempre estiveram na lista de mais lidos, mas Crepúsculo (e derivados) só foi aparecer com a explosão do movimento vampiresco na vida pré-adolescente. 
Quem me conhece, sabe que eu sempre quis ler a obra de Stephenie Meyer pra falar mal. Claro que eu já teria preconceito suficiente contra esse livro por ele ter fãs tão chatas e ser tão oportunista. Mas a autora precisava copiar  uma referência da coleção O Diário da Princesa? Vocês sabem que eu sou apaixonada pela coleção e que foi por meio dela que conheci Wuthering Heights (O Morro dos Ventos Uivantes). Meyer precisava citar em Crepúsculo justamente Heathcliff e Cathy? Soube dessa referência quando minha amiga, na época do terceirão, tava lendo e me mostrou. Espumo de raiva só de pensar.
Desde que Crepúsculo apareceu na tal lista de mais lidos do Skoob, fiquei acompanhando o avanço gradual do livro, de posição em posição. Foi com muita tristeza que eu vi Lua Nova também entrar na lista e é com uma depressão profunda que eu anuncio que Crepúsculo atingiu a segunda posição. Faltam apenas 535 adolescentes carentes lerem o best-seller e adicionarem em seus perfis para que Harry Potter e a Pedra Filosofal saia do primeiro lugar. Já li HP1 mais de sete vezes, comecei a reler outras milhares e o que eu gosto nele é que você pode devorar em uma tarde e pode também comparar com os títulos mais recentes pra perceber como o estilo da J.K. Rowling evoluiu. Tudo bem que nem foi esse livro que me iniciou na coleção, mas não tem como ignorar a importância dele. Triste. 
Deixo a promessa de que quando meu mundo cair Crepúsculo for o livro mais lido do Skoob, vou criar vergonha, pedir emprestado e ler para poder ter argumentos válidos na hora de falar mal da obra. Vai ser minha comemoração e vingança.

15.4.10

Blindely obvious

Pra mim, algo que caracteriza muito a "faculdade" é a oportunidade de assistir todas as palestras aleatórias que a gente quiser. Só que eu sempre acabo perdendo muito disso porque ou esqueço do evento ou vou nos que são chatos ou acabo dormindo porque sempre sinto sono. Mas numa semana que eu comecei odiando ter que usar um jeans preto já na segunda-feira, assisti a uma palestra chamada "Why blue jeans" com um antropólogo de uma universidade londrina.

Isso foi numa sexta à noite e eu tinha uma festa depois pra ir, mas valeu à pena mesmo tendo começado muito errada. A palestra foi divulgada pra toda a UFSC e, ainda assim, ela foi feita numa sala de aula normal chamada de "mini-auditório" (sendo que o auditório do prédio nem estava sendo usado). Sem contar que a tradução simultânea consistia numa doutoranda que sintetizava a fala dele em duas ou três frases em português. Mas nem posso reclamar disso, porque era o tempo que eu usava pra fazer anotações. Compreender em inglês e anotar ao mesmo tempo já é exigir demais de mim.

O Miller começou a palestra dizendo que, ao chegar num lugar novo, ele tem o hábito de ir a uma rua movimentada e contar quantas pessoas estão usando jeans entre as 100 primeiras que passarem. A média do porcentagem que ele encontra é de 50%. Aqui em Floripa, deu 60.

Primeiro ele comentou que o jeans azul ficou clássico porque o indigo era um corante natural que não precisava de fixador e, por isso, por largamente usado nos primórdios do surgimento da peça. E depois, começou a falar que o sucesso do jeans era "blindely obvious", tão natural que não chamava a atenção de ninguém. Mas que esse sucesso era um mistério a ser dissolvido e que o assunto precisa ser estudado.

Contou toda a história do surgimento do jeans no contexto da corrida do ouro nos Estados Unidos, da Levi-Strauss, dos jovens rebeldes que começaram a usar o jeans, da popularização... até chegar aos dias de hoje. Falou da relação da peça de vestuário com o comércio e o capitalismo, mostrou como determinadas culturas enxergam de maneiras diferentes o jeans e falou de diversas pesquisas que estão sendo feitas sobre o assunto.

Não vou falar aqui tudo que ele disse na palestra, é mais fácil ler sobre as pesquisas que ele já desenvolveu e se informar sobre o "Global denim", projeto que ele lançou para que vários antropólogos façam pesquisas que girem em torno do universo jeans. O incrível foi perceber como a gente realmente encara o jeans como uma zona de conforto. É uma peça confortável não só no sentido físico de ser bom de usar no dia-a-dia, mas também num sentido social. Da gente se sentir bem usando essa roupa porque ela meio que uniformiza, não chama atenção e não causa ansiedade na hora de escolher o que usar. Se for parar pra pensar, é incrível como temos a ideia de que o blue jeans (clássico) combina com tudo. Essa nossa ideia é tão forte que eu me recuso a aceitar que ela só surgiu porque fomos nos acostumando a achar o jeans mais que normal ao longo do tempo.

Sabe, eu tenho um jeans preto que eu odeio usar. Só visto quando é o jeito mesmo. Por que o azul é normal e o preto não? Caneta bic eu tenho o hábito de usar dessas duas cores, vai entender. Sei que agora vou lembrar dessa palestra, dessas pesquisas, do global denim e do antropólogo toda vez que usar jeans. (Sempre?). Mas... só eu fiquei com vontade de contar 100 pessoas e ver quantas estão usando o blue jeans?

13.4.10

Rest in peace

Foram duas as vezes que eu quebrei algum objeto meu por raiva e que não deveria ter feito isso.

A primeira foi em 2008, meu ano de vestibulanda, quando eu era o estresse em pessoa e vivia descontrolada. Afinal, prefiro nem pensar em quantas horas de sono eu tinha por noite. Foi numa sexta-feira, voltando da aula de Redação. Minha irmã já atrasou pra me buscar, pegamos engarrafamento na Avenida dos Holandeses (lembrando aos desavisados que eu ainda morava em São Luís) e ela inventou de irmos na casa antiga buscar umas coisas que ela queria levar pra uma festa. Lá fomos nós desviar nosso caminho sendo que eu precisava chegar em casa, estudar pras provas do dia seguinte e dormir, né? Ela foi estacionar o carro ao lado da ex-casa e é claro que um pneu tinha que bater na calçada e furar. Enquanto ela ligava pro nosso padrasto pedindo ajuda, todo meu desespero subiu à cabeça e joguei meu celular no chão. Não quebrou direito? Peguei da rua e joguei no chão de novo. Ele era de flip, quebrou completamente. E tinha sudoku, uma pena.

Hoje eu me despedi do óculos que eu ganhei pouco antes de completar 15 anos. Ele tinha uma armação fina e preta e era da linha de óculos da Ana Hickmann. Discreto e charmosinho, mas já não acompanhava meu grau de miopia e nem tinha o de astigmatismo. Costumava usá-lo só para ficar em casa até que perdi o óculos atual em Miami e quando achei de volta, tava todo torto. Chamemos o óculos mais novo de Roxo. Quando levei o Roxo pra consertar, acabei levando o Preto junto porque ele andava muito molengo. Mesmo arrumado, o Roxo continuou estranho e eu já estava desacostumada a usá-lo. Optava por usar o Preto na maioria das vezes. Até hoje... quando olhei pra minha mão e vi que ele já estava partido ao meio, onde costumava ficar apoiado no meu nariz.

11.4.10

Vilã de filme mexicano

Se tem um lugar num mundo onde eu me sinto bem caminhando é Floripa. Primeiro porque eu faço tudo à pé. Faculdade está a 12 minutos de mim e o shopping é meu vizinho. Lugar melhor pra andar só NYC mesmo. Não que Floripa tenha calçadas perfeitas, estamos longe disso, mas é como se cada poste no meio do piso tátil e cada árvore que atrapalha o caminho fosse minha casa também.
Sempre ando com pressa por aqui. Pressa pra chegar na aula já que estou sempre atrasada, sempre. Pressa pra voltar pra casa porque já perdi tempo demais na fila da xérox ou batendo papo com o pessoal no banco do Jornalismo.
E hoje eu voltei bem devagar. Reparando em cada esquina que eu passava. Eram 6 ou 7 horas da manhã, nem lembro. O sol já tinha nascido, mas estava escondido atrás de um dos morros da cidade. Só conseguia ver os raios solares se espalhando por trás do tal morro e a neblina que tinha praqueles lados. Meus passos lentos me fizeram demorar bem mais que o normal. Parava em cada esquina e olhava pra trás, talvez pra me despedir.
Cheguei aqui perto e começou a chover não muito forte. Continuei devagar, deixando a chuva decidir se eu ia chegar muito molhada ou não.

8.4.10

2º encontro dos maranhenses da UFSC

Quase esqueci e já ia marcando outro almoço quando recebi uma mensagem lembrando do almoço dos maranhenses. Foi em maio do ano passado nosso primeiro e único encontro nesse mesmo restaurante. Não que sejamos grandes amigos - como mostra a frequência dos nossos encontros - e nem temos grandes amigos em comum também. Três pessoas unidas pelo lugar onde nasceram contando sobre as novidades dos respectivos cursos e matando a saudade de comentar sobre os lençóis, a lagoa, os bairros...

Detalhe que a engenheira civil já está confundindo Lagoa da Jansen (São Luís) com Lagoa da Conceição (Floripa). E não conseguiu acertar um nome sequer de algum bar da Litorânea ou da própria Lagoa. Estamos perdidos, viramos turistas em todo lugar.

El fin

Cheguei no limite. No limite onde eu sei que não posso mais fazer nada, nem tenho mais o que fazer. Saio da história com a consciência limpa, de que fiz mais parte. E prefiro não pensar na parte triste de que não valeu à pena todo o meu esforço, todas as iniciativas. Repito que estou sussa, estou sussa mesmo, até que esteja sussa. Fico esperando parar de esperar. Enquanto isso, nem tenho o que ficar remoendo. Só fico reclamando desse outono que não se decide pelo frio ou pelo calor. E desse maldito vento sul que impede minha franja de ser feliz. Ainda não tinha cansado de usar short por aí. Mesmo.

(Editado alguns minutos depois)
Quem disse que não tinha o que ficar remoendo? ...