27.9.10

Quero ser frila

A foto do prof. Pimentel no currículo lattes já assusta. Atrás do rosto dele, podemos ler "Mercosul" e, descendo um pouco mais a página, descrubro que ele é um árbitro do Tribunal arbitral ad Hoc, seja lá o que isso signifique. Ele trabalha num escritório em casa, único cômodo do segundo andar. Obviamente planejado, é branquinho, com as paredes preenchidas com todo tipo de livro, janelas largas e um aparelho de som potente como nunca vi antes. O que ele escuta? Consigo imaginar o professor quebrando aquele silêncio dos passarinhos com música clássica, mas nem sei. E o silêncio é um dos motivos que ele prefere trabalhar em casa. Ele também foge daquelas salas apertadas da UFSC todas trabalhadas em divisórias de compensado.

Don Quixote de Pablo Picasso
E olha que reclamei um monte de ter que sair da universidade e andar até onde ele mora, ou seja, quase ao lado da minha casa. Pior foi que cheguei ao mesmo tempo de uma provável aluna dele de pós-doutorado, mas o tempo em que eles conversavam serviu para eu perder o nervoso que sempre me ataca e reconhecer o local. O único livro da estante que reconheci era O povo brasileiro.

A entrevista foi ótima, o cara é super inteligente e não fala do mesmo jeito que os formados em direito geralmente falam. No final, ele fez questão de mostrar o andar de uma das estantes apenas com livros escritos por ele. Perguntou se eu conhecia alguns professores do Jor, entre eles minha chefa (orientadora de um tcc avaliado por ele). Desceu as escadas comigo e ainda contou a história do Don Quixote que tem na parede.

Home offices para se inspirar


Queria Lucky embolado nessa cesta pra cachorro

Queria ser designer / ilustradora / talentosa, mas né

Para os casais que não se desgrudam

Quem se estressaria num lugar desses?

Colocaria alguma cor aí, mas esse janelão me conquista

26.9.10

What's happening?

Na falta de um twitteiro oficial, assumi o arroba @semanadojor para fazer a cobertura das mesas de discussão e palestras. E eu me perguntava: quem não ia até o auditório ou não assistia à transmissão online queria mesmo saber o que eu twittava?

Mas relatei às respostas dinâmicas e objetivas da ombudsman da Folha, o discurso mais ou menos ensaiado do Palmério Dória e as opiniões dos convidados da mesa de discussão que mais gostei, sobre jornalismo popular. Teve um dia que recebi elogios (sem tais pessoas saberem que era eu por trás do arroba) pela objetividade e informação, mas logo no outro dia fui criticada pela repetição de palavras. Hum. Só ficava pensando que deveríamos aprender a twittar em alguma aula. Daí na aula seguinte de redação IV, o professor passou um exercício para reduzirmos notícias em 110 caracteres e eu... faltei.

Suzana Singer, ombudsman da Folha
 

Palmério Dória, o papai noel
 


Mesa de discussão sobre jornalismo popular


 Mesa de discussão sobre jornalismo segmentado

E fica a discussão: quando devemos fazer essa cobertura pelo twitter? A Semana tem gente que acompanha pelo microblog porque às vezes até é aluno do curso, mas tem que trabalhar, por exemplo. Mas e as coberturas de eventos pelos veículos de comunicação, como ficam? Agora acontece o penúltimo debate entre os presidenciáveis e eu gosto de acompanhar os tweets do Noblat, por exemplo, com a opinião dele. Se ainda tivesse sem tevê, a cobertura objetiva do Congresso em Foco também seria útil. Não sei. Uma vez a minha chefa e professora comentou sobre a possibilidade de se criar uma conta para cada cobertura. Realmente nem sei o que pensar, ainda mais agora que o Manuel Castells (grande teórico de jornalismo online que eu deveria ler) tá dando uma de Lula e falando que o twitter é uma marola.

! Luisa adverte: sim, isso foi uma tentativa de lutar contra a instantaneidade do twitter e guardar algumas lembranças dessas coberturas.

23.9.10

Foca de cabeça branca

O Centro de Comunicação e Expressão (letras, cênicas, jornalismo, teatro, cinema e secretariado) tem uma nova Mari Moon. Particularmente, não vou com a cara de pessoas que pintam o cabelo inteiro de cores aleatórias depois dos 15 anos. E pra pintar aquela parte de baixo do cabelo, tem que ter um baita estilo pra sustentar a "atitude". Não quero falar mal de ninguém, a questão é que eu morro só de pensar em alguém pintando o cabelo com tanta frequência por vontade. É inveja da minha parte. Isso porque já tenho mais cabelos brancos que o Bonner e ainda estou no segundo ano da faculdade de jornalismo. Sem contar que meus fios albinos nem formam uma mecha sexy, estão em toda parte.

Os cabelos brancos começaram tímidos do lado direito do couro cabeludo, era fácil escondê-los. Claro que não ouvi minha mãe, as amigas e receitas de internet, ia arrancando todos. Agora estão espalhados, é impossível não exibí-los por aí e nem minha franja é completamente castanha agora. Desculpa, mas não consigo argumentar que cabelos brancos são meu charme ou demonstram minha experiência (qual?). Vivo em crise porque não quero ser obrigada a pintar o cabelo tão nova, sugestão das pessoas mais metidas e do namorado. Minha mãe começou a virar loira aos trinta anos e não quero mesmo ficar refém de químicas e salões de beleza aos dezenove anos.

A pior parte é que o dermatologista, minha última saída, disse que não tinha o que fazer. Não era falta de vitaminas, como uma amiga de ensino médio alardeou, estresse (culpado de tudo nessa vida) e não existem remédios. É sentar, esperar e chorar. Ou torcer para que meu organismo dê um tempo de descolorir meus fios castanhos escuros nos próximos dez anos para que eu comece a pintar as madeixas numa idade aceitável.

p.s.: Isso foi uma tentativa de texto sobre o universo feminino. Talvez o blog me acostumou a escrever só sobre mim. A gente vai continuar tentando.

22.9.10

E Nina Lemos me odeia


Xico Sá veio aqui em Florianópolis, deu uma volta na lagoa, a 9ª Semana do Jornalismo acabou, ele voou de volta para São Paulo e eu nem vim postar nada. Foi uma semana inteira de correria, resolvendo questões do evento, e alguns professores ainda queriam dar aula e cobrar exercícios. Resultado: falei às aulas e entreguei com mais de 24h de atraso o meu texto sobre a mesa de discussão de sexta-feira (sobre jornalismo segmentado). Acabei desestimulada com a vida porque o professor não aceitou o texto fora do prazo. Acontece.

A Semana começou com a loucura que é o credenciamento para os minicursos (na hora, muitas muitas vagas sobraram. Se eu pudesse, teria participado de todos, mas não tive tempo nem de fazer o que eu queria: Produção de perfis) e com nosso saldo mais que negativo. Muitos convidados quiseram mudar o horário de voo e estávamos devendo quem nos emprestou dinheiro. Já conseguíamos enxergar a falência quando lucramos muito com um Happy Hour pós-lançamento do documentário Impasse, sobre as manifestações contra o aumento da tarifa do ônibus, e na festa de encerramento no 1007 Boite Chik que acabou bombando. Quem sabe até perdemos a fama de curso com festas ruins. Quanto aos minicursos, acabaram bem na quinta-feira, mas ainda não sei como os participantes vão receber os certificados. Vamos ver se alguém resolve esse pepino.

6.9.10

First time I saw you

Quando eu fui à Macapá (AP) em 2006, a minha prima mais parecida comigo – que na época estava na sua fase mais indie - me viciou numa banda completamente desconhecida pra mim. Passava a madrugada na internet (à rádio, porque lá não tinha banda larga normal e nem sei se já tem) ouvindo a mesma música com ela. Pouco tempo depois vi outra música virar single na MTV. Uma música pra quem acredita, como o próprio Hélio Flandres descreveu no show que eu fui na semana passada. A música era Semáforo e a banda, Vanguart.

Soube desse show com dois dias de antecedência apenas pelo meu amigo de Cuiabá, cidade natal da própria banda. Apesar de estar no meio da mudança e sem dormir direito há alguns dias, lá fui eu pra Lagoa da Conceição. Da série: um show que eu nunca assistiria caso continuasse morando em São Luís.


Nem lembro mais qual foi a primeira música que o Flandres, mas minha intuição sussurra que foi Para abrir os olhos. O que é a dor? Eu não entendo, mas sinto apertar de leve o meu peito nas madrugadas quando estou a navegar. Dancei, cantarolei, errei metade das letras – é triste nunca decorar músicas inteiras, mas não consigo. Triste mesmo é que o sabor da Cachaça não é o mesmo ao vivo, ainda prefiro na madrugada ouvindo no repeat por no mínimo quatro horas e com o coração bem apertado. Você sorri movendo quase nada e antecipa a velha longa estrada e os teus galhos vão me arborizando nu. Essa música é meu toque de celular e foi a que minha prima de Macapá usou pra me apresentar a banda.

A notícia boa é que a energia de Semáforo aumenta exponencialmente no show, todo mundo se diverte. Só acredito no semáforo, só acredito no avião, eu acredito no relógio, acredito no coração. Não, não, não... Em Cosmonautas, lembrei da Anna, que me falou pouco antes que adorava essa música. Como um Rio sem Janeiro, meu fevereiro sem carnaval... Eles ainda tocaram Just to see your blue eyes see, Miss Universe, Los Chicos de Ayer, Enquanto isso na lanchonete, Antes que eu me esqueça, Beloved, uma música nova em espanhol e alguns coves.


Um dos pontos bons do show foi ficar reparando no quanto o Hélio Flandres (vocal), o guitarrista David Dafré e o baixista Reginaldo Lincoln são diferentes. O Flandres bem indie, vibrando com seu violão como se estivesse fazendo um solo na guitarra e insistindo em conversar com o público mesmo com pedidos pra ele voltar a cantar logo. Foi numa dessas que ele falou “Não vale à pena não, viu” sobre trabalhar na Mc Donald’s. O guitarrista era meio Wagner Moura, só que mais sujo e com cara de abusado, mas não daqueles podres. Ele tem uma voz bem legal, descobri que ele que canta músicas aleatórias tipo Miss Universe. O baixista é na dele, o Flandres ficou enchendo dizendo que ele era muito tímido, mas ele se revelou cantando um couver de Beatles.

Não fiquei tão triste quanto o resto dos fãs por não terem cantado The last time I saw you. Mas engraçado que o Flandres justificou a recusa do pedido do público falando que naquela altura do campeonato era difícil lembrar a letra. Eu que nunca consegui decorar nem Cachaça, só posso perdoar.