17.5.08

Vinícius

Descobri que tenho um amigo intelectualóide. Daqueles incompreendidos pelo mundo que escrevem poesias e que nunca são vistos com a barba feita. Quando o conheci, ele era um pirralho feliz menor que eu, que tirava fotos alegres e que usava aquelas blusas que imitam sobreposição (uma camisa com outra de manga comprida por baixo). Agora ele (além de ser maior que eu) usa roupas escuras e raramente demonstra felicidade.

Hoje, quando o vi, ele nem olhou para o lado e eu tive que chamá-lo pelo nome. Ele me olhou, esboçou um sorriso quase imperceptível e veio falar comigo. Quando o abracei, senti cheiro de cigarro. Ele me fez perguntas esperando receber respostas melancólicas. Sinto muito, mas é difícil me ouvir falando de tristeza. Quando perguntei se ele estava bem, respondeu que sofrera desilusões. Então fez uma cara de quem havia por passado por tanta coisa que era impossível falar sobre tudo em um pequeno encontro no curso de inglês. Nada mais contrastante que eu com minha rasteira cor-de-rosa com paetês, sorrindo o tempo todo e ele com sua blusa listrada, morta, e aquela expressão séria.

É um disperdício tão grande viver não sendo otimista, não sorrindo dos problemas que surgem... Sendo mais alegre, as pessoas gostam mais de você, você gosta mais de si. Mas é melhor deixar meu amigo do jeito que ele é. Talvez ele se torne um escritor renomado e escreva sobre uma menina que só sabia sorrir.

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