16.10.09

Aeroporto de Brasília, 15/10 às 23h10

Fico me perguntando por que viagens de avião não conseguem dar certo comigo. Depois dos voos conturbados tanto na ida quanto na volta da Jamaica, cheguei no horário para a viagem à São Luís. Sim, depois de sete meses, voltei à Ilha do Amor para ver alguns familiares e comer farinha de verdade com Guaraná Jesus, sabe como é. Estava tudo lindo até que sentei no avião que me levaria à Florianópolis. Comecei a ler o livro (Vida de Gato, Clarah Averbuck) que comprei numa promoção da Laselva por 7,90 e achei estranho o tanto de tempo que passamos parados no solo.
Até que o comandante começou um aviso falando que estava tudo pronto para a decolagem e o computador deu uma mensagem de erro... Falha na comunicação do comandante. Olhei para o computador que os comissários usam e ele mostrava uma mensagem estranha. E todas as luzes, de atar cintos, de proibido fumar, do banheiro, as que chamam as aeromoças, todas elas começaram a piscar como dando pane. “É hoje que morro voando”, pensei.
Toda vez que entro num meio de transporte penso que vou morrer lá dentro, mas dessa vez tinha mais certeza. Daí o aviso do comandante voltou e ele estava se despedindo “Obrigada pela atenção, blábláblá”. Uma das comissárias disse a ele que não havíamos escutado a melhor parte. E ele repetiu, é claro. Parece que houve uma falha no computador que grava os dados do voo e a legislação (?) diz que aviões não podem decolar sem isso funcionando. Só sei que teríamos que trocar de aeronave e, antes disso, esperar o nosso “despachante” que nos guiaria de volta ao salão de embarque.
Durante cinqüenta minutos pensei no que fazer. Estava sem créditos no celular. Como avisar quem iria me buscar no aeroporto que eu iria trocar de avião? Meu assento era o da janela. No meio não tinha ninguém, o que foi bom já que pude colocar meu fardo de Jesus nos pés da cadeira ao lado. Já no corredor, tinha um senhor que parecia ter uns 50 anos. Tomei coragem e pedi uma mensagem de texto para que pudesse avisar meus parentes. Demorei tanto pra tomar essa coragem que no meio da mensagem (digitei super lenta porque nunca tinha mexido num Blackberry) as pessoas começaram a sair do avião.
Quase corri para a livraria para comprar crédito para o celular. Sistema da TIM fora do ar. Cartão telefônico? Foi o jeito. Avisei que teria que trocar de aeronave. E informaram pelos alto-falantes que o avião que me levaria à Floripa chegaria aqui às 23 horas e o embarque estava previsto para às 23h30. Liguei mais. Fali comprando três cartões. As unidades parecem fugir de mim. Acabaram de dizer que meu avião se encontra em solo e que devemos aguardar acomodados perto do portão 12 até que o embarque tenha início.
Não tinha cadeira vaga, sentei no chão. Cena clássica. Pelo menos não estou mais com calor. E tenho meu notebook para digitar isso e escutar Sutilmente do Skank. Sabe, acho que o Protógenes Queiroz está no meu voo. Já assisti a uma palestra dele na Ufsc e tenho certeza de que é ele. Também acho que senadores voarão comigo. Vi um, bem velho, cabeça toda branca, batendo um papo esperto com uma aeromoça que reclamava ter sido remanejada pra esse voo à Floripa. Antes, ela iria para casa – Campo Grande – e ficaria por lá durante cinco dias. Me chamaram para o embarque, devo enfrentar uma baita fila. E nem aguento mais carregar o fardo de Jesus. Meus dedos estão vermelhos e um pouco inchados.  São sete quilos, caramba! Isso na mão... Sem contar a mochila nas costas. Só meu note queriido pesa 2,4 kg.

p.s.: Hoje eu penso que foi melhor ter me atrasado por duas horas do que o avião ter dado pane no ar, peeense!

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