13.6.11

Mais da semana tibetana

O monge Tenzin Thutop trabalhando pacientemente na mandala

No início do ritual de desmantelamento, eu já estava posicionada com a câmera.
Claustrofobia define, olha o tanto de gente.

A areia da mandala foi varrida com uma vassourinha como se ela fosse um nada.
Triste, não nasci pra ser budista.

Essa mandala de areia construída e desmantelada no hall da reitoria me marcou bastante porque foi meu único contato com a cultura tibetana e a religião budista. Sem contar o significado desse ritual, que purifica o local onde é realizado. E sabe por que a mandala é destruída? Para preservar a aura da arte (ela sempre será lembrada como naquele momento, quando estava perfeita) e para simbolizar a impermanência das coisas. Além de praticar o desapego, o budismo é pós-moderno, líquido e "tudo que é sólido desmancha no ar". Vejam só!

O encerramento da Semana Tibetana teve uma mesa de discussão sobre mídia e Tibete. Foi o único evento acadêmico que eu paguei na minha vida ufisquiana e lá se foram vinte pilas. Valeu a pena. Arthur Verissimo, o gonzo da revista Trip, faltou e não fez falta. Haroldo de Castro, da Época, Luis Pelegrini, da Revista Planeta, e Airton Ortiz, escritor solto na vida, foram os participantes. Todas as experiências compartilhadas eram muito interessantes. Mas a melhor história foi a do Airson Ortiz, reacendendo o desejo de mudar o mundo que todo projeto de jornalista tem. Já tinha deixado isso de lado, pra falar a verdade, nunca tinha pensado muito no lado super-herói dos jornalistas, mas aí veio o Ortiz com seu chapéu de Indiana Jones....

Na época que foi ao Tibete, em 2000, não estavam deixando entrar jornalistas. Na Índia, recebeu a proposta de entrar lá com identidade, visto e passaporte falsos. Aceitou e foi como assistente de um professor da Unicamp que nem sabia da história. Em contrapartida, deveria entregar uma carta para um tal tibetano. Aceitou, entregou a carta, fez suas reportagens. Tempos depois, a terceira pessoa na hierarquia budista e sucessor do próprio Dalai Lama conseguiu fugir do Tibete dominado pela China através do Himalaia e foi buscado por um avião clandestino no Nepal. A carta que Ortiz entregou informava o local e horário de partida desse avião. Agora minha referência de jornalista de qualidade é ajudar a salvar um futuro Dalai Lama. Simples assim.

Mais informações
Haroldo de Castro postou no blog da Época sobre a mandala e a Semana Tibetana
Fotos que o pessoal do Cotidiano.ufsc tirou

5 comentários:

Ana Luísa disse...

Nossa Lu, eu também não serviria para ser budista, sou péssima com essa questão de desapego.. Não tenho coragem nem de desmontar um quebra cabeça de 1000 peças, quando monto. Acabo mandando emoldurar, hahaha.
Mas gostei da filosofia deles que os fazem destruir a arte. Realmente, ela durou enquanto estava perfeita, e isso protege sua aura. É com certeza um fato a ser pensado, hehe.
Beijos!

Amanda disse...

NÃO ACREDITO QUE ELES VARRERAM. TAVA TÃO BONITINHO, DEVE TER DADO TANTO TRABALHO! :~~~~~~
Não dou pr'essa vida pós moderna!

Anônimo disse...

Que bacana você estar participando de uma experiência como essa. O budismo é uma das religiões que mais aprecio e gosto de estudar (embora não siga).
Adorei o teu blog. E voltarei.

Larissa disse...

Realmente, Luisa, o budismo é uma filosofia linda! Mas acho que pra mudar tudo de uma hora pra outra na minha vida e seguir realmente essa religião teria que ir pra um retiro e ficar meses e meses... nessa vida atual é muito complicado seguir essa filosofia de vida...!
Adorei as reportagens, e vc dizendo sua experiência foi muito inspirador!
Beijo grande!

carlos massari disse...

é verdade sim, esse episódio bizarro da prisão na itália aconteceu. mas enfim, coisas da vida.