10.7.11

Todo jornalismo é investigativo?

O 6ª Congresso da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) foi, como já esperava, bem diferente das minhas experiências acadêmicas no campus da Trindade. Viagem de ônibus, quarto triplo e a desvantagem de ficar carregando minha mala cor-de-rosa e florida em alguns momentos. Valeu a pena para entrar em contato com profissionais muito competentes e assistir a palestras com jornalistas já formados, alguns que foram de Manaus, Salvador ou de Fortaleza. Desisti de falar de cada palestra, não ficaria muito produtivo.



Recebi dicas de como trabalhar em equipe para produzir grandes reportagens de uma jornalista d'O Globo que cobre administração pública. Interessante pensar que, para tocar projetos como o acompanhamento da evolução salarial de deputados do Rio de Janeiro, os jornalistas tiveram que trabalhar fora do expediente e fazer uma baita pré-apuração antes de vender a pauta aos editores. 

Ouvi um pouco sobre o impacto do vazamento de documentos pela Wikileaks no jornalismo pelo islandês que é o número dois da organização. Ele também falou o nome daquele vulcão impronunciável para estrangeiros: Eyjafjallajökull. Mas a melhor parte foi quando Natália Viana, da Agência Pública, falou dos  documentos sobre o Brasil e contou das parcerias com a Folha e O Globo.

O debate sobre rádio e TV foi caloroso. Boechat e Heródoto Barbeiro (pai dos manuais que eu li quando caloura) têm uma presença muito forte e opiniões pertinentes, às vezes contrárias, sobre os dois veículos. Algo muito interessante que o Heródoto falou foi que jornalistas têm o hábito de confundir suporte com novo veículo de comunicação. A transmissão de sons através da internet continua sendo rádio. E, olha, se eu fosse homem e não tivesse um vozeirão desses ficaria um tanto frustrado.

O evento oferecia várias palestras ao mesmo tempo e acabei optando por uma sobre jornalismo e tablets em vez de assistir ao João Moreira Salles. Continuo interessada pelo assunto, o problema foi que nenhum dos participantes sabe o que será do jornalismo para tablets. Fiquei com a sensação de que ninguém do jornalismo brasileiro sabe, sei lá.

No último dia, tive palestra com o Marcelo Tas que mostrou, novamente, que tem muita coisa interessante para passar para gente. E percebi também que os outros estudantes de jornalismo só queriam saber sobre o "Proteste já!" e eu queria saber sobre jornalismo de humor, o tema da conversa. No comecinho, foi tão legal ouvir sobre os limites do humor no jornalismo, que às vezes a precisão jornalística é abandonada e depois o assunto desandou.

Tive contato também com um programador e jornalista do NY Times que falou sobre jornalismo de base de dados. Muito interessante, mas a plateia, eu inclusive, não soube fazer boas perguntas para que ele desse boas pistas de como a gente pode fazer o que eles já fazem muito bem.

Assisti a outras palestras que não comentei aqui, experimentei usar iPads que o Estadão disponibilizou e recebi jornais de graça. Nós 600 participantes do congresso conseguimos acabar o café da lanchonete da Anhembi Morumbi, anotamos muito nos nossos bloquinhos personalizados e perseguimos muitos jornalistas depois das palestras. Nós da Semana do Jornalismo da UFSC aproveitamos para fazer contatos, conseguimos fechar a mesa sobre jornalismo no Oriente Médio, fizemos o Moreira Salles finalmente confirmar presença na palestra de encerramento e tivemos ideias de trazer pessoas que estavam faltando na nossa programação.

Ano que vem estarei lá de novo e não perdoo os futuros focas de Sampa que não forem (Sim, estou falando de você, Lu). Só tomarei cuidado para pegar palestras mais práticas e aprender coisas de verdade.

Mais: Cobertura completa do evento.

5 comentários:

Luiza disse...

:X
ai, eu dei bobeira mesmo. estava mega animada pra ir, vi que teria aquela promoção, me iludi achando que ela duraria pra sempre - ou que pelo menos eu não esqueceria do prazo - e perdi minha vaga. quer dizer, a vaga menos cara hahaha.
ano que vem eu prometo ir! pelo que vc comentou o congresso foi bem interessante. não tinha como não ser, né? eu certamente teria escolhido as palestras sobre wikileaks e a do jornalista do NYT tbm. Bom, fica pra próxima. :(

Anna Vitória disse...

Como a Jana já disse nos e-mails, muito chique essa coisa de congresso! hahaha
Bem bacana o tema, me interessei pelo debate com o Boechat e o Heródoto (amo esse nome, hahaha) e com o cara do NY Times. Até mesmo a do Tas pareceu-me interessante, apesar de eu sempre ter tido uma antipatia meio sem motivo por ele. Na verdade eu tenho antipatia dos outros CQC e ele acabou entrando no bolo, coitado.
Beijos, Luh!

Vanessa disse...

Deve ter sido um evento incrível! E olha, não sou da área nem nada, mas também gostaria muito de saber o que será do jornalismo para tablets...

Carlos disse...

o heródoto barbeiro, nome mais estranho da história do mundo, é tio de uma amigona minha da faculdade, uma das maiores companheiras de bar existentes, hahaha.

e acho o marcelo tas um dos maiores imbecis do planeta. odeio, completamente. como toda a galera do cqc junto.

Lucas Pasqual disse...

O que importa é: quem é o mato-grossense da foto?