12.1.11

Un país es como un marido

"Siempre susceptible de ser mejorado", nas palavras da própria Isabel Allende. E é isso o que a escritora chilena faz em Mi país inventado. A sobrinha de Salvador Allende (na verdade, ele era primo do pai dela) mergulha nas suas memórias e tenta lembrar do cotidiano daquele país espremido no final da América Latina. Acaba maquiando algumas partes da historia que conta e deixa isso bem claro durante o livro. Isabel se diz forasteira, reclama que não se vê em casa em lugar nenhum. O país que ela inventa é o Chile, não por considerá-lo um lar, mas por ser o lugar que a deixa nostálgica. Costumes, culinária, geografia, vegetação, o perfil do cidadão chileno, história, política, tudo isso aparece misturado com histórias peculiares da família Llona Barros, uma auto-biografia resumida e o contexto de algumas obras como A casa dos espíritos, Paula, Contos de Eva Luna e O plano infinito.

Mi país inventado é um livro de memórias mais leve que Paula. No livro que iniciou quando a filha estava em coma, Isabel se detém na história da família inteira e a narrativa é pesada, dá pra sentir a dor de uma mãe que tem a filha muito doente. Mi país inventado é leve, descontraído, chega a ter algumas tiradas e basicamente conta as impressões que o Chile deixou na escritora. E, por tabela, também mostra a influência da Venezuela, exílio durante a ditadura de Pinochet,e da Califórnia, onde mora atualmente com o marido americano. Vale a pena e eu sublinhei metade do livro!

"Chile es un país machista: es tanta la testosterona flotando en el aire, que es un milagro que a las mujeres no les salgan pelos en la cara."

"[...] somos un pueblo con alma de poeta. No es culpa nuestra, sino del paisaje. Nadie que hace y vive en una naturaleza como la nuestra puede abstenerse de hacer versos. En Chile usted levanta una piedra y en vez de una lagartija sale un poeta o un cantautor popular."

"[...] si yo hubiera crecido protegida y feliz, ¿de qué diablos escribiría ahora? Por eso he procurado hacerles la infancia lo más difícil posible a mis nietos, para que lleguen a ser adultos creativos. Sus padres no aprecian para nada mis esfuerzos."

"Casi todas las vidas se parecen y pueden contarse en el tono con que se lee la guía de teléfonos, a menos que uno decida ponerle énfasis y color. En mi caso he procurado pulir los detalles para ir creando mi leyenda privada, de manera que, cuando esté en una residencia geriátrica esperando la muerte, tendré material para entretener a outros viejitos seniles."

"Tanto me he incorporado a la cultura californiana, que practico meditación y voy a terapia, aunque siempre hago trampa: durante la meditación invento cuentos para no aburrirme y en terapia invento otros para no aburrir al psicólogo."

6 comentários:

Luiza disse...

Luh, vc me deixou com tanta vontade de ler Isabel Allende que acabei de voltar da Livraria da Vila com um exemplar de Paula! Depois de conto o que achei! :)

Anna disse...

Sempre me interesso pela Isabel Allende quando você escreve sobre ela, e quem entende que estou com Paula e Casa dos Espíritos parados em casa há quase um ano e ainda não me aventurei por nenhum deles?
beijo

Laís disse...

Esse livro parece ser bom. Vi que vc faz Jornalismo, é o que quero fazer também. Mas não consegui passar para as faculdades públicas daqui do Rio, pelo menos é o que diz os listões não-oficiais =/
Beijos :*

Camila disse...

Não conheço muito sobre Isabel Alende, mas pelo que você comentou parece ser livros muito interessantes.

The Graduate. Adoro *-*
Beijokas ;*

Kamilla Barcelos disse...

Eu nunca li nada da Isabel Allende. Mas de tantos elogios que eu já acompanhei você fazendo a ela, confesso que tenho vontade de conhecer. Aliás, temos gostos literários parecidos, né?
Gostei de como ela explica como no Chile tem tantos poetas.

P.S.: O meu texto favorito que eu já li seu foi o "Éguas, doido". Muito bom!!! A propósito, aqui em Minas a gente também fala aziado. hahaha

Joana disse...

Adoro Isabelle, mas esse ainda não li.

Gosto muito de A Casa dos Espíritos (o filme é bom também) e Retrato em Sépia.