21.12.10

Faltou O amor que choveu

Ler meu primeiro Antonio Prata não foi algo assim espetacular porque, afinal, são várias crônicas reunidas e o que muda é que estão reunidas no papel. Hoje em dia só leio os textos dele no blog, mas já conhecia a maioria dos que foram publicados em Meio intelectual, meio de esquerda. Crônicas espetaculares, me acostumei com o estilo da escrita dele enquando lia embalada na rede na varanda do apartamento, recebendo o vento forte que indica uma chuva forte daqui a pouco e observando as nuvens não-diagramadas passando pelo céu. Fico só me perguntando se a crônica surge com a ideia ou depois de ter as conexões que surgem com a ideia inicial, como a relação da morte com ornitorrincos. Grifos feitos na Starbucks de São Paulo, todos no começo do livro:

"São sete bilhões de narradores em primeira pessoa, soltos por aí, crentes de que, se Deus existe, é conosco que virá puxar papo, qualquer dia desses. Sete bilhões de mundinhos." (Os outros)

"Eu estava calmo. O amor é calmo."
"Nós inflacionamos a felicidade."
"A única felicidade possível, acredito, é a promessa de felicidade." (Promessa)

"Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo americano e, se tiver porção de carne de sol, uma lágrima imediatamente desponta em nossos olhos, meio de canto, meio escondida."
"A cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobres estão todos de chinelo Rider e a Vejinha sempre alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e difundir o petit gateau pelos quatro cantos do globo." (Bar ruim é lindo, bicho)

"Tudo o que sabemos agora é que eu te quero, você me quer e temos todo o tempo e o espaço diante de nossos narizes para fazer disso o melhor que pudermos."
"Não temos como saber se vai dar certo - o verdadeiro encontro só se dá ao tirarmos os pés do chão -, mas a vida não tem nenhum sentido se não for para dar o salto." (O salto)

"[...] nossa visão de cidadania não é a de Rousseau - obedecer as leis que nós mesmos ajudamos a criar -, mas a de Scooby-Doo: se fizermos tudo direitinho, ganhamos um biscoito no final." (All Disney)

Um comentário:

Anna Vitória disse...

Isso significa que só faltou uma das minhas favoritas. Ainda bem que ainda tenho aqui o recorte direto da Capricho em que foi publicada.
Eu AMO a Os Outros, até já fiz um post inspirado nela, e também o Salto (que está presente em Adulterado!).
Quero esse livro. E daí se já li 90%?