18.12.10

Fugir pra Vila Madalena

Além de viver inúmeras experiências antropológicas aqui, Sampa está me deixando uma mulher independente e autossuficiente. Anteontem conversava com a Anna, pedindo sugestões do que fazer aqui para complementar meu itinerário já imaginado. Papo vai, papo vem, é claro que o assunto acabou caindo no nosso estimado Antonio Prata. Já que ficar aleatória em Perdizes esperando um nerd de óculos aparecer é stalker demais até pra mim, resolvi conhecer a Mercearia São Pedro, bar, restaurante, locadora, sebo e loja de conveniência, frequentada por caras meio intelectuais, meio de esquerda e que inspirou uma crônica antiga do Antonio que não é Bar ruim é lindo. Se duvidar é da época que a Capricho tinha aquele projeto gráfico super colorido, com frases de efeito (algumas delas) e colunas do Marcon Mion e Dinho Ouro Preto.

Santo google maps. Saí do Parque Ibirapuera (Qual meu problema com parques? Sempre me perco neles) de ônibus, peguei metrô e caí na Vila Madalena. Direita na Heitor Penteado, passar pela praça Baronesa Bocaína, direita na João Moura, direita na Luminárias, esquerda na Paulistânia, direita na Iperó (baita ladeira), passar peça praça Haroldo Valadão e, tcharãm, Mercearia. Considerando que não sou um meio intelectual meio de esquerda, nem uma universitária gostosa e nem pobre que usa chinelo de couro, era uma estranha naquele lugar. Vestido florido, meia-calça preta num calor que não deveria ter me afetado tanto e guarda-chuva na bolsa (trauma de Floripa fica pra sempre). Na estante/locadora, só reparei em Guerra em Paz e Closer. Todos os livros do sebo eram caros. Vi um Chabadabadá, um Vida de Gato, vários Gay Talese, nenhum Antonio Prata. Sentei, tirei o moleskine da bolsa e descrevia o lugar enquanto tomava uma Bohemia e ouvia a conversa da mesa ao lado. 

A Mercearia é o bar ruim autêntico do Antonio. Depois de ficar famosinho por causa do público intelectual esquerdinha e das universitárias gostosas (não que eu tenha visto alguma por lá), deve ter aumentado preços e as melhorias de estrutura foram mínimas. A loja de conveniência é uma bagunça, praticamente só vi uns miojos jogados ao lado dos livros. Mas aposto que os tampos das mesas de antigamente não eram inspirados na pop arte e faziam referências a Pulp Fiction, O Iluminado, Darth Vader, Bombril, papel higiênio Neve. 

Depois da Bohemia (mesmo sendo apenas uma long neck), paguei minha conta (uau) e tive coragem de perguntar sobre o livro com crônicas inspiradas na Mercearia. Tem texto do Antonio, do Xico, da Clarah e de aleatórios, mas não tem mais nenhum exemplar à venda lá. Que vergonha. A pessoa sai do Maranhão disposta a pagar 20 pila num livro sobre um bar que visitou apenas uma vez e nem consegue. 

2 comentários:

Mel Sliominas disse...

Vergonha é uma pessoa morar nesta cidade (Sampa) e não conhecer lugares legais como este e a Livraria da Vila, por exemplo (não sei pq, lembrei dela agora).
beijos!

Lusinha disse...

Concordo com a Mel. Vergonha é morar aqui há anos e não conhecer vários lugares de Sampa.
Bjitos!