Florianópolis
Depois do meu check-in conturbado para a viagem à Brasília, resolvi não me atrasar para o voo e cheguei com atencedência no aeroporto. Entreguei minha identidade, disse que ia para o Rio de Janeiro para pegar um voo com destino a Miami. A mulher perguntou se eu tenho dezoito anos completos e eu neguei. Ela perguntou sobre a autorização dos meus pais. "Está com minha irmã que mora em São Luís, vou encontrá-la no aeroporto do Rio". Descobri na hora que sem a autorização em mãos não poderia embarcar, a viagem já era considerada internacional desde Floripa. Não fazia sentido algum para mim, mas era o que os atendentes diziam. Comecei a chorar desesperadamente. Afinal, tudo o que não choro em filmes/livros, choro quando estou nervosa ou com raiva. Tentei ligar desesperadamente para mamãe, papai, minha irmã, qualquer pessoa que pudesse estar na internet para mandar e-mail para mamãe. Durante meia hora ligando, ninguém me atendeu. NINGUÉM. Chorava 1000 litros/seg e não sabia o que fazer. Depois de lutar para conseguir os documentos e aquela autorização para a viagem... não podia perder assim minhas férias no Caribe! Os atendentes foram muito amor e gentis comigo e me aconselharam a comprar uma passagem para o Rio. Assim, eu poderia embarcar por ser uma viagem nacional e, chegando lá antes do voo para Miami, tava tudo beleza. Felizmente, meu cartão de crédito (que tem um limite mínimo) passou e eu pude comprar uma passagem caríssima em seis vezes. Depois dessa, fico até com peso na consciência de pedir um presente bom de aniversário. É, eu faço dezoito anos daqui a onze dias. Vivi tudo isso porque mamãe não quis me parir um mês antes.
Rio de Janeiro
Cheguei no aeroporto Galeão e logo descobri que não poderia nem iniciar o check-in sem a autorização que estava com minha irmã. Pisei em solo carioca às 17 horas. Minha irmã chegaria às 21h. Meu voo para Miami decolaria às 10:35. Tive que ficar zanzando pelo aeroporto com minha mala gigante. Era bastante incômodo porque só podia andar de elevador e apenas um funcionava. O voo da minha irmã atrasou uns quarenta minutos e quando chegamos no check-in com autorização e tudo em mãos: "O check-in desse voo já foi encerrado". Oi? Não pude fazer o check-in antes porque um avião da SUA companhia aérea atrasou com minha irmã e a autorização dentro? Eles tiveram que levar isso em conta e me colocaram no voo. Estou começando a achar que tenho muita sorte ou que atendentes de aeroportos me amam, enfim. A mulher fez tudo muito rápido, super apressou minha irmã para embarcar logo (ela já tinha feito o check-in dela desde São Luís) e acabamos pegando uma fila enorme na parte onde pessoas marocam nossas bolsas e nos mandam tirar o sapato. Acabou que nem fui ao banheiro antes de embarcar, sou super noiada com isso. Para piorar, não fiquei numa cadeira de corredor e o avião ficou parado durante UMA HORA sem nem sair do lugar. Foram nove horas naquela cadeira apertada. A mulher que fez as reservas das passagens me deixou separada da minha irmã e ainda me colocou naquela fileira do meio, com quatro cadeiras. Apertado demais, jesus! Foram quatro horas pensando nas minhas necessidades básicas até que surgiu uma oportunidade para que eu fosse ao banheiro. Depois, a viagem foi mais tranquila, dormi, assisti filme, dormi, dormi, dormi...
Miami
Foi só quando desembarquei nos EUA que pude falar direito com minha irmã, antes mal tínhamos dito "Oi". Pegamos uma fila enorme na imigração e pudemos conversar sobre todos os meses que passamos separadas. Foi tudo bem com o homenzinho americano, ele nem pediu nossas carteiras internacionais de vacinação! Logo fomos procurar o lugar para fazer o check-in para o voo com destino a Kingston. Atravessamos o aeroporto, que é gigante, e demoramos horrores para encontrar o lugar certo. Demorou tanto que logo depois do check-in, embarcamos. Não pude nem conhecer o Starbucks. Nunca tomei café de lá. Vim do mato, lembra? O pior foi que não pudemos nem lanchar no aeroporto e depois descobrimos que não servem nem aperitivo no voo para Kingston, só uma bebida! A gente não comia desde antes de 6 da manhã, quando tomamos café no avião que ia para Miami, e já eram umas 11h.
Kingston
Mais uma fila enorme na imigração. Só que não tínhamos mais assunto e estávamos mortas de fome e de cansaço. Passamos mais de uma hora em pé com muita fome meesmo e carregando bolsas e mochilas com notebook. Maravilhoso. Quando finalmente pegamos nossas malas (que não foram extraviadas, ainda bem!) e saímos daquela área de desembarque, vi mamãe antes mesmo de sentir aquele vento quente, fazendo Kingston parecer o inferno. Sim, achei aqui mais quente que Teresina-PI. Como se já não bastasse a fome e o cansaço, o calor só me fazia sentir pior. Só depois de comer e dormir, voltei a me sentir Luisa.
Quatro cidades, três países, as três Américas... em menos de 24 horas.
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