20.3.08

O Cravo e a Rosa

(Parte V - 1984)

- Fábio, aqui é Rosinha.
- Ahn, ... oi! - o jovem respondeu, surpreso.
- É... tô te ligando porque tô morrendo de vontade de sair hoje e lembrei de ti.
- Então o que tu acha da gente dar uma volta pela praia? - sugeriu Fábio.
- Pode ser - concordou Rosinha.
- Daqui a uma hora, passo aí na tua casa pra te pegar.

[...]

Assim que Rosinha entrou no carro e cumprimentou Fábio com dois beijinhos, eles começaram a conversar sobre assuntos sem muita importância como a UFMA e suas famílias, que eram conhecidas. Quando chegaram a um barzinho qualquer na litorânea, pediram duas bebidas e Fábio perguntou:

- Rosinha, tu vais me contar o que aconteceu? Não que eu não tenha gostado, mas tu me ligou assim do nada. Aconteceu alguma coisa com Maninho?

Foi a primeira e única vez que Rosinha comentou sobre a traição do ex-namorado. Tal confissão a fez derrubar apenas duas lágrimas. De raiva, não de tristeza. Depois que terminou de contar, encerrou o assunto que nunca mais foi tocado.

Ficaram no barzinho até de madrugada, quando saíram. Mas não foram para casa. Passaram a noite juntos pela primeira vez. No outro dia, Rosinha acordou em casa desnorteada, sem saber o porquê de ter feito tudo aquilo. Não era seu hábito. Apesar de passarem o dia pensando o dia um no outro, não se ligaram. Passou um dia, uma semana, um mês. Rosinha já havia deletado o episódio de sua memória. Fábio se arrependia de não ter ligado no dia seguinte.

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