2.3.08

O Cravo e a Rosa

(Parte IV - 1984)

Apesar do fim do namoro, Fábio e Rosinha não se distanciaram completamente porque ainda moravam na Rua Raimundo Correia. Mas no ano em que completaram dezoito anos, quase não se viram, pois Fábio acabava de começar a estudar Direito e Rosinha, Ciências Contábeis. Ambos na universidade federal. Além de que Rosinha estava muito envolvida em seu namoro com Maninho e Fábio, com o handball, esporte que praticou até os vinte e três anos.

Em um dia que parecia normal, esbarraram-se na rua pela manhã e, após conversarem um pouco, anotaram o telefone um do outro. Rosinha logo esqueceu do encontro porque, naquele dia, completava um ano de namoro com Maninho, enquanto Fábio não parou de pensar na antiga namorada.

Pelo aniversário de namoro, Rosinha planejou um jantar a luz de velas no apartamento que o namorado dividia com amigos. Inclusive combinou com os mesmos para que deixassem Maninho sozinho. Ao chegar a casa, abriu a porta com a chave que conseguiu com um dos amigos dele, deixou os ingredientes para o jantar na mesa da cozinha e foi procurá-lo em seu quarto. Assim que abriu a porta do cômodo, lembrou de todos os amigos que tentaram lhe avisar de que seu namorado não era boa pessoa. Lembrou disso porque encontrou o agora ex-namorado na cama com outra.

Antes de Rosinha sair correndo, Maninho pôde ver a raiva estampada naqueles olhos verdes que antes só o olhavam com doçura. Foi a última vez que seus olhares se cruzaram.

Quando saiu do prédio, a jovem pensou em chorar, mas se controlou, sempre foi uma mulher forte. Dirigiu-se ao ponto de ônibus e, ao chegar em casa, discou o número que não saiu da sua cabeça durante todo o trajeto até lá.

- Alô, posso falar com o Fábio?

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